terça-feira, 4 de fevereiro de 2020

As TIC como apoio a uma Educação Inclusiva

A legislação que, nas escolas, regula o trabalho com as crianças e jovens especiais mudou e veio trazer uma realidade que tem sido foco de várias dificuldades. 

A lei não foi, objetivamente, acompanhada da formação necessária, nem sequer dos recursos materiais e humanos necessários para uma implementação mais tranquila dos princípios explanados. Mas a lei está aí e será importante procurar soluções para os desafios que nos coloca a diversidade de alunos nas salas.

Talvez seja importante ir um pouco atrás, à Declaração de Salamanca, que, no fim do século passado, proclamava:
  • cada criança tem o direito fundamental à educação e deve ter a oportunidade de conseguir e manter um nível aceitável de aprendizagem,
  • cada criança tem características, interesses, capacidades e necessidades de aprendizagem que lhe são próprias,
  • os sistemas de educação devem ser planeados e os programas educativos implementados tendo em vista a vasta diversidade destas características e necessidades,
  • as crianças e os jovens com necessidades educativas especiais devem ter acesso às escolas regulares, que a elas se devem adequar através duma pedagogia centrada na criança, capaz de ir ao encontro destas necessidades.

No mesmo documento, a conceção de “necessidades educativas especiais” assentava no seguinte pressuposto: todas as crianças “em algum momento do seu percurso escolar, podem experienciar, de modo temporário ou permanente, dificuldades nos processos de aprendizagem que se traduzem em ‘NEE’”.

Em algum momento da nossa vida experimentámos dificuldades pontuais, fosse porque tivemos uma lesão a praticar desporto, ou porque as coisas lá em casa não corriam muito bem. Fomos, em cada momento, procurando adaptar a nossa vida pessoal às condições que a Escola nos oferecia, mas que se caracterizava por ser uma resposta igual para todos. A Escola tem apresentado muitas dificuldades, apesar do esforço feito, em se adaptar aos desafios das crianças diferentes, sejam essas diferenças pontuais ou permanentes.

A nova legislação é clara no posicionamento: a inclusão, enquanto processo, visa responder à diversidade das necessidades e potencialidades de todos e de cada um dos alunos, através do aumento da sua participação nos processos de aprendizagem e na vida da comunidade educativa.

A gestão que cada professor poderá fazer na sua sala de aula deverá responder ao que a lei prescreve, na medida das condições disponíveis para essas opções pedagógicas.

Há ferramentas tecnológicas que, usadas de forma criativa, poderão ser úteis para fazer um trabalho mais individualizado com alunos que experimentam uma dificuldade pontual, ou com alunos com condicionantes permanentes.

No caso dos alunos com dificuldades de concentração, o recurso a um tablet (hoje disponível num grande número de escolas) poderá ser útil para “prender” a sua atenção. Algumas formas de ir ao encontro das particularidades dos alunos podem incluir a utilização do manual em formato digital, com a possibilidade de aí tomar notas usando, por exemplo, o bloco de notas, ou até de realizar exercícios específicos (que também poderão ser feitos noutras aplicações) .

As aplicações de gestão comportamental (https://www.classdojo.com/pt-pt/?redirect=true) são igualmente um recurso interessante para motivar melhorias no comportamento de alunos com maiores dificuldades a esse nível, na medida em que importamos para a sala de aula algumas características dos ambientes associados aos jogos. 

Há também ferramentas cada vez mais eficazes para a leitura de textos, isto é, que passam para som o que temos em formato escrito. Esta solução poderá ser útil para alunos com baixa visão, mas também para alunos com dificuldade em ler quantidades significativas de texto (https://www.naturalreaders.com/online).

Para os alunos com dificuldades em ouvir existem dispositivos online que permitem converter som para texto, facilitando assim o acesso à informação oral (https://speechnotes.co/pt/).

Os professores podem também fazer a gravação de som da aula (por exemplo, da fase em que se expõe um conteúdo) e disponibilizar a gravação aos alunos em formato podcast. O ficheiro de som ficará disponível para ser ouvido quando e onde o aluno quiser. (https://www.podomatic.com/)

As ideias aqui apresentadas não são soluções mágicas para resolver todas as dificuldades que as novas condições nos colocam, mas são pistas de otimismo para mais e melhores aprendizagens.


João Paulo Silva

Fonte: LeYa

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