A maioria das escolas está a mudar a forma de ensinar os seus alunos, de forma a ajudá-los a ultrapassar as dificuldades detetadas nas provas de aferição, revela um estudo do Ministério da Educação. Em junho de 2016, milhares de estudantes dos 2.º, 5.º e 8.º anos fizeram provas de aferição e, em vez de notas, a atual equipa do Ministério da Educação (ME) pediu uma avaliação qualitativa sobre os conhecimentos e dificuldades de cada um dos alunos, que depois entregou às escolas.
As escolas receberam dois tipos de relatórios: um sobre o desempenho individual de cada um dos alunos e outro sobre o trabalho realizado pelas turmas e escola.
"Estas provas de aferição são muito importantes porque não contam para nota mas permitem perceber se as matérias foram apreendidas pelos alunos e se as práticas que estão a ser utilizadas na sala de aula são as mais aconselhadas, permitindo aos professores e diretores mudar algumas práticas", explicou à Lusa Filinto Lima, presidente da Associação Nacional de Diretores de Agrupamentos e Escolas Públicas (ANDAEP).
Este facto está espelhado no inquérito realizado pelos serviços do Ministério da Educação que indica que, com os relatórios individuais dos alunos (RIPA), 40% das escolas alteraram atividades e estratégias e uma em cada quatro escolas adotou mesmo novas medidas educativas tendo em conta as dificuldades dos seus alunos.
Também os relatórios sobre o trabalho desenvolvido pelos estabelecimentos escolares (os REPA) levaram a mudanças na maioria das escolas: 53% das escolas mudaram as planificações tendo em conta os relatórios e 43% adoptaram novas medidas educativas em áreas específicas do currículo, como por exemplo, a gramática ou a leitura.
Quando começa um novo ano letivo, em especial os professores das disciplinas que tiveram prova de aferição "têm a preocupação de perceber e analisar as temáticas em que os alunos mais falharam para tentar corrigir alguns métodos de ensino", conta Filinto Lima.
Novo inquérito em curso
Reuniões individuais com os alunos para os motivar a superar as suas dificuldades ou apostar mais numa matéria específica, como os verbos, foram algumas das mudanças feitas nas escolas, segundo o relatório do Ministério a que a Lusa teve acesso.
Houve uma escola que acabou com as aulas de 90 minutos de Português e Matemática e criou dois blocos, em que num primeiro tempo os alunos do 1.º ciclo passaram a ter "Oficina de escrita e oralidade" e no 2.º tempo estavam ocupados com a "recuperação das aprendizagens a português e a matemática".
Um outro agrupamento conta que as mudanças atingiram não apenas os alunos que tinham feito as provas, mas também os mais novos. O ajustamento foi efetuado de forma reativa nos anos em que os alunos frequentam (3.º, 6.º e 9.º), "bem como de forma preventiva nos atuais 2.º, 5.º e 8.º, implementando estratégias promotoras de sucesso nas áreas mais deficitárias".
As dificuldades específicas de cada aluno ficaram espelhadas nos Relatórios Individuais das Provas de Aferição (RIPA), que foram entregues à maioria dos encarregados de educação (89%) assim como professores titulares de turma (62%), diretores de turma e outros professores.
Ao inquérito do ME responderam 408 das 700 escolas que em 2016 participaram nas provas de aferição. Por ser o primeiro ano, a realização das provas foi facultativa, tendo participado apenas 57% de todos os estabelecimentos de ensino.
Neste momento está a decorrer um novo inquérito para monitorizar o impacto nas escolas das provas de realizadas em 2017 a Português e Matemática, mas também a História e Geografia de Portugal (pelos alunos do 2.º ano) e Ciências Naturais e Físico-Química (estudantes do 3.º ciclo).
Fonte: Público
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