A origem socioeconómica dos alunos continua a determinar, em grande medida, o sucesso escolar. As desigualdades de partida, que a escola não está a conseguir reverter, veem-se na pauta: os mais pobres são os que mais chumbam. Em todas as disciplinas do 2º ciclo, a taxa de reprovação dos estudantes mais carenciados é, pelo menos, o dobro da dos colegas que não precisam de apoio económico.
De acordo com um estudo inédito do Ministério da Educação sobre as classificações obtidas pelos alunos no 5º e 6º anos de escolaridade, divulgado esta segunda-feira, os efeitos do contexto económico dos alunos são muito marcados, sobretudo, a Matemática, Inglês, História, Geografia, Português e Ciências Naturais.
No caso da Matemática, cerca de metade dos alunos (48%) que beneficiam do escalão mais alto de Ação Social Escolar (ASE) têm negativa à disciplina, o mesmo acontecendo com 32% dos que recebem o segundo escalão. Entre os que não precisam de apoio, "só" 20% tiveram negativa.
A Inglês, a segunda disciplina em que os alunos mais chumbam, a taxa de reprovação dos mais carenciados é de 26%, quase o triplo dos alunos sem carência económica (9%). Entre os que beneficiam do segundo escalão de ASE (que têm dificuldades económicas reconhecidas mas não tão graves como os que recebem o primeiro escalão), 17% chumbaram à disciplina.
Já a Português, por exemplo, a taxa de reprovação chegou aos 16% no caso dos alunos com dificuldades económicas mais severas, atingiu os 10% no caso dos estudantes com carência económica moderada e não foi além dos 6% entre os que não precisam de apoio.
"Olhando para os gráficos, não deixa de impressionar a regularidade e a intensidade da correlação entre as classificações dos alunos nas disciplinas e o seu contexto económico. As diferenças de desempenho escolar entre os três grupos de alunos são extremamente vincadas e surgem, de forma transversal em todas as disciplinas", conclui o estudo realizado pela Direção-Geral de Estatísticas da Educação e Ciência.
Perante estes dados, o Ministério da Educação reconhece que "o trabalho específico sobre os grupos de alunos em risco aparenta não estar a ser suficientemente eficaz para reequilibrar a balança, especialmente a Matemática".
"Parece assim ser inegável que, em Portugal, o sistema educativo terá de continuar a trabalhar para que a escola pública cumpra o seu papel nivelador de oportunidades entre alunos oriundos de diferentes" estratos socioeconómicos, conclui o documento.
Fonte: Expresso
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