São conhecidas as reservas que muitos professores de Educação Especial têm em relação à utilização da Classificação Internacional de Funcionalidade como instrumento de avaliação dos alunos. Há também professores que afirmam que a CIF é “o mal menor” sobretudo porque veio preencher um vazio por não existir uma alternativa credível à utilização desta classificação. Assim, muitos professores se dirigem à nossa Associação a perguntar: “Há alternativa?”
Se olharmos bem, diríamos que sim: existem procedimentos que já provaram a sua eficácia e utilidade. Os processos de avaliação que os professores de Educação Especial desenvolvem habitualmente com os seus alunos têm muitas possibilidades e potencialidades. Vamos, a mero título de exemplo, enunciar algumas destas “boas práticas”.
1. A observação efectuada através de listas de verificação (“check-lists”) é sem dúvida uma metodologia eficiente sobretudo se for usada durante o tempo suficiente para diminuir o impacto de situações pontuais que podem distorcer os resultados. Trata-se de uma avaliação baseada no desempenho do aluno em situações de aprendizagem reais e que pode fornecer muito mais informação que um teste.
2. Sabemos que esta avaliação baseada no desempenho do aluno tem mais validade do que a que se obtém através de testes dado que frequentemente os testes usados têm um forte dependência cultural que pode menosprezar alunos de diferentes etnias, classe social, género, linguísticos e outros.
3. A avaliação baseada no desempenho do aluno pode ainda incluir para além da análise dos produtos de aprendizagem, o seu desempenho em projectos, em actividades escolares e extra-escolares (exemplo as AEC’s) a sua capacidade de produzir trabalho independente.
4. Fala-se ainda da “avaliação baseada no currículo”. Muitos professores centram a sua avaliação não só no desempenho do aluno mas também sobre o grau em que estas competências se articulam e harmonizam com o currículo que a escola previu para alunos do seu nível etário ou de frequência. Este tipo de avaliação pode ser um excelente ponto de partida para o desenvolvimento de projectos de diversificação do currículo e mesmo para a construção de planos curriculares individualizados.
Claro que precisamos de melhor conhecer e de sistematizar estas formas de avaliação. O objectivo não é de que o professor de Educação Especial use testes de desempenho (seria talvez um retrocesso sobre o que hoje sabemos de psicopedagogia) mas sobretudo que o professor possa, usando a metodologia educacional que é sua, identificar de forma consistente áreas fracas (objectivos) mas também áreas fortes (estratégias). E ao mesmo tempo as modalidades de interacção com os docentes e colegas, o comportamento em situações de aprendizagem, os factores facilitadores e as barreiras à inclusão, etc. Enfim, todo um conjunto de factores que possam conduzir a que se trabalhe cada vez melhor para o sucesso de todos os alunos. Sim, de todos. Porque não?
David Rodrigues
Presidente da PIN-ANDEE
In: Editorial da Newsletter de Fevereiro de 2011 (1ª Quinzena)
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