Soubemos nesta semana que têm aumentado os pedidos de apoio psicológico em todas as faixas etárias e, em particular, entre os mais jovens. Uma tendência que já se verificava em 2020 e que continua a crescer.
A pandemia e os confinamentos, a escola em casa, o distanciamento social e as limitações que todos conhecemos têm tido um impacto particularmente significativo no bem-estar psicológico dos adolescentes, para quem a integração social e no grupo de pares se assume como uma tarefa de desenvolvimento especialmente relevante. Acrescem as situações de violência no seio da família, o aumento das separações e divórcios, o desemprego, as dificuldades económicas da família, as mortes... eventos stressores que exigem aos mais jovens um conjunto de recursos, internos e externos, nem sempre disponíveis.
Neste contexto, assistimos a um aumento de quadros depressivos e de ansiedade que, embora possam manifestar-se de formas muito diversas, apresentam alguns sinais de alerta que importa conhecer.
Quais são os sinais de alerta a que os pais ou professores devem estar especialmente atentos?
A nível físico, destacam-se as alterações nos padrões de sono (e.g., insónias, sono agitado, pesadelos) e alimentares (e.g., diminuição ou aumento do apetite), a inibição/lentidão de movimentos, náuseas, alterações gastrointestinais, tensão muscular, tremores, dores no corpo, alterações na forma de respirar, alteração no ritmo cardíaco e tonturas. A nível emocional, surgem frequentemente sentimentos de tristeza, medo, preocupação, culpa, raiva, vergonha e ansiedade. Muitos jovens evidenciam ainda alterações de humor ou ataques de pânico. Do ponto de vista cognitivo, observa-se com elevada frequência uma sensação de desesperança e confusão mental, pensamentos negativos, autocrítica e baixa perceção de controlo e eficácia, a par de dificuldades de atenção e concentração, alterações na memória e dificuldade em tomar decisões. Por fim, a nível comportamental, surgem muitas vezes crises de choro, evitamento de atividades que antes geravam prazer e também de novas atividades, incapacidade em lidar com tarefas diárias, comportamentos de maior passividade ou agressividade, isolamento social e comportamentos autolesivos.
Perante qualquer um destes sinais ou sintomas, é fundamental que o adulto consiga escutar e comunicar de forma empática, criando um clima de confiança que permita ao jovem partilhar aquilo que pensa e sente. Depois, importa pedir ajuda especializada, abrindo caminho para um processo de autoconhecimento e mudança que permita um crescimento mais saudável e harmonioso.
Rute Agulhas
Fonte: DN por indicação de Livresco
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