Cristina Simões, 46 anos, professora de Educação Especial, de Tondela, encontra-se na corrida para melhor do Mundo.
A mudança pedagógica desejada por Cristina Simões, 46 anos, é que professores e pais deixem de "infantilizar" e decidir pelos alunos com deficiência.
"Eles têm de ser olhados como iguais e não serem superprotegidos" para que um dia tenham o seu projeto de vida. A professora de Educação Especial, de Tondela, é uma das 50 finalistas do Global Teacher Prize mundial, equiparado ao Nobel da Educação, cujo vencedor é divulgado a 12 de outubro. Não é a primeira vez que há um finalista português.
"Eu já venci. Estou muito feliz. É tão bom estar no "top 50" que não penso em mais nada", responde quando interpelada sobre o que faria se vencesse o prémio de melhor professor do mundo. "Nunca trabalhei para prémios, apesar de já ter ganho alguns", responde, sublinhando que a nomeação é o prémio que dá reconhecimento ao projeto a que se dedica há 12 anos.
Começou a dar aulas em 1994 e, dois anos depois, terminou a especialização em Educação Especial. Sempre foi o seu objetivo. Em 2012, na tese de doutoramento, analisou o Modelo de Qualidade de Vida Internacional, baseado em oito domínios: desenvolvimento pessoal, autodeterminação, relações interpessoais, inclusão social, direitos, bem-estar emocional, bem-estar físico e bem-estar material. E validou a primeira escala para adultos com multideficiência.
Desde então está a validar a escala para crianças e jovens com multideficiência que frequentam o ensino obrigatório. Uma estratégia que permite ouvir as opiniões e expectativas dos alunos e conhecê-los melhor, conseguindo resultados não só ao nível das aprendizagens pessoais, como ao nível da avaliação das medidas mais eficazes aplicadas pelas escolas.
Aulas fora da sala
O que mais gosta é de ensinar fora da sala de aula, conta (...). Programa as atividades em função das necessidades de cada aluno. É um planeamento personalizado em que cada um é agente da sua própria aprendizagem.
Cria materiais como dominós, cartões de memória ou livros personalizados para que os alunos aprendam vocabulário em função dos seus interesses.
A vida não se cinge ao programa académico e, por isso, no domínio da inclusão social, Cristina Simões sai com os alunos o mais que pode. Vão ao supermercado, aos correios, à florista ou à padaria. A escola, defende, não tem apenas de desenvolver os conhecimentos e competências destes alunos, mas também de ajudar a criar "os seus projetos de vida".
O seu principal objetivo, garante, é conseguir tornar estes alunos "independentes para que um dia possam fazer as suas escolhas pessoais desde o que gostam mais de comer, ao trabalho que querem fazer ou com quem querem casar". Ou seja, resume, que aprendam os seus direitos e sejam pessoas ativas.
"O que mais me move é dignificar estes alunos e as aprendizagens que fazem ao longo da escolaridade obrigatória. Para que deixem de ser os professores e os pais a decidir por eles" - é o princípio em que mais insiste quando dá formação a outros docentes, revela. (...)
Fonte: JN
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