As experiências vividas em família potenciam o desenvolvimento linguístico oral da criança e contribuem, a longo prazo, para a aprendizagem. É no seio familiar que devem ser oferecidas as primeiras oportunidades para que os mais novos se familiarizem com a linguagem escrita. Aquelas crianças que ouvem histórias, que participam em atividades de literacia e exploram a linguagem oral terão mais facilidade na aquisição da leitura e da escrita.
Costumo dizer, em tom de brincadeira, que a aprendizagem da leitura começa quando um bebé nasce. De facto, não está muito longe da verdade, pois o desenvolvimento da literacia inicia-se muito antes da educação formal. Sendo que o contexto familiar assume um papel fundamental no desenvolvimento das competências pré leitoras e está cientificamente comprovado de que é preditor do sucesso na aprendizagem.
Uma das estratégias que contribuem para incentivar o gosto pelas histórias é os pais lerem para os filhos desde tenra idade. Os pais devem ler histórias desde tenra idade e apontar as figuras que estão no livro, dizendo em voz alta o seu nome, depois virar as páginas de acordo com o interesse do bebé ou ajudá-lo a virar.
Ao ler uma história devemos usar diferentes vozes para representar as diferentes personagens e fazer perguntas. É importante acrescentar mais palavras sobre a imagem que estamos a apontar. Outra sugestão passa por perceber qual o tema ou tipo de história que desperta a atenção do seu filho e escolher mais livros desse género.
Por volta dos dois anos, quando lemos uma história é fundamental dar espaço para que a criança faça comentários sobre alguma personagem ou palavra escutada e valorizar todas as perguntas e comentários que faz. Os pais devem incentivar o reconto da história favorita dos mais pequenos, à sua maneira, sem interferir.
Outra das tarefas que contribui para a aquisição de conhecimentos precoces acerca da leitura e da escrita é seguir com o dedo apontando para as palavras que estamos a ler. Esta tarefa contribui, igualmente para a compreensão da direccionalidade da escrita, da fronteira de palavras e da diferença entre frase e palavra.
A partir dos três anos de idade, os pais devem estimular os filhos a contar a história que acham que está no livro a partir da sua própria interpretação das imagens.
Aos seis anos as crianças aprendem a ler formalmente e os pais devem continuar a ler histórias da mesma forma, no entanto, o que poderá acontecer é que estas, aos poucos, vão começar a pedir para serem elas a ler palavras e pequenas frases.
Nesta fase, devemos encorajar a leitura por parte das crianças, mas é preciso que tenhamos consciência de que elas precisam de ajuda e, sempre que notarmos uma dificuldade, devemos ajudar. É crucial, dar tempo para que se tornem leitores fluentes. Não se deve tentar acelerar este processo, mas apoiar e ajudar a criança a ler. Aprender a ler exige muita paciência, tempo, dedicação e persistência.
Concluindo, através da utilização das estratégias referidas o seu filho irá, com certeza, gostar de histórias. A leitura e exploração de histórias em contexto familiar permite reforçar os vínculos afetivos entre pais e filhos, desperta e estimula a imaginação, leva à descoberta do mundo da fantasia, incentiva a reflexão e cultiva a inteligência.
Inês Ferraz
Fonte: Público
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