Às 13.00 em ponto, João, de 13 anos, aluno do 8.º ano no Agrupamento de Escolas de Canelas (Gaia), chegou à escola de mochila às costas. De manhã, foi a irmã a marcar presença. Filhos de profissionais essenciais, os irmãos vão frequentar o agrupamento destacado como acolhimento, neste período de ensino à distância. O estudante era, na segunda-feira à tarde, o único aluno presente, excluindo os estudantes sinalizados e os que beneficiam de medidas seletivas (15 ao todo).
Contudo, a "calmaria" não deverá continuar. "Dentro de uma semana, ou semana e meia, devemos ter entre 30 e 40 alunos na escola", explica (...) Artur Vieira, diretor do Agrupamento de Escolas de Canelas. Isto porque o responsável vai chamar os "alunos desligados" durante o decorrer desta primeira semana de ensino à distância. "Aqueles alunos que não aparecem nas aulas ou que estão com a câmara desligada vão regressar ao agrupamento. Já fizemos a escala e destacámos professores e pessoal não docente para ficarem com esses alunos em permanência", explica. O responsável ressalva que, nestes casos, "os alunos serão acompanhados enquanto decorrem as aulas online", mas "caberá ao professor titular de cada disciplina a distribuição de tarefas e o esclarecimento de dúvidas". Ao e-mail do diretor têm chegado pedidos de encarregados de educação para o regresso presencial dos filhos. "Tenho, por exemplo, uma mãe solteira, que é de repositora, a precisar de recorrer a nós. Estas situações, de alunos cujos pais não são profissionais de saúde, não estavam abrangidos pelo decreto anterior e, acredito, que teremos cada vez mais alunos nesta situação", conclui.
Paulo Gandra, professor de Ciência do 2.º ciclo, estava ontem a acompanhar o aluno João, de forma voluntária. "Ofereci-me quando percebemos que iríamos precisar de alguns professores na escola. Faço a supervisão das aulas dadas pelo professor da disciplina, nas aulas síncronas", conta. O docente diz nunca se ter sentido em perigo, apesar de sublinhar a "existência de uma diminuição de casos decorrente do encerramento das escolas". Para João Gandra, mesmo de portas fechadas, o ensino à distância "não vai hipotecar o futuro de uma geração". "Na II Guerra Mundial, muitas crianças e jovens não frequentaram a escola e isso não os impediu de ter sucesso. A capacidade de recuperação das crianças é muito grande. Não devemos dramatizar a situação" conclui. Para além de Paulo Gandra, outros docentes estão presentes no agrupamento. "Temos quatro professores a dar as suas aulas síncronas aqui por não terem equipamento informático ou precisarem dos computadores para os filhos poderem assistir às aulas deles", adianta Artur Vieira. (...)
Fonte: DN por indicação de Livresco
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