Há casos de alunos com deficiência que estão a abandonar os estudos do ensino superior por falta de ajuda do Estado. O problema é denunciado, em jeito de alerta, pelo Grupo de Missão para Estudantes com Necessidades Educativas Específicas do Instituto Politécnico de Viseu (IPV), criado por um conjunto de professores da instituição, que ao longo dos tempos se apercebeu das dificuldades que estes estudantes enfrentam no dia-a-dia.
"É lamentável, mas já tivemos alunos surdos que desistiram porque não tinham condições para seguir os estudos. Dois alunos que deixaram de estudar porque não tinham intérprete", explica à (...) Cristina Peixoto Matos, professora na Escola Superior de Tecnologia de Viseu.
A docente lamenta que o Estado não esteja a prestar as ajudas necessárias a estes jovens, ao contrário do que faz com os alunos do ensino obrigatório.
"Eu não posso dizer que [estes estudantes] foram abandonados pelo Estado, o Estado tem feito algumas coisas só que não chega. Eles têm um acompanhamento e sentem-se totalmente apoiados até ao ensino secundário e tudo isto cai por terra quando chegam ao ensino superior", critica, defendendo o alargamento destes apoios também para quem prossegue os estudos para as Universidades e Politécnicos.
"Não são facilidades, são direitos que estes miúdos têm e portanto nós enquanto cidadãos queremos alargar esta legislação ao ensino superior", afirma Cristina Peixoto Matos, acrescentando que as instituições não têm verbas "em termos orçamentais destinas a acompanhar estes miúdos".
"Nós se quisermos, neste momento, ter um intérprete para um aluno surdo ou um acompanhante de estudo para um aluno com dislexia profunda ou grave temos que pagar, de retirar do nosso orçamento para financiar estes técnicos que são essenciais para o percurso académico a que todos temos direito", refere.
Foi para ajudar estes jovens que no Politécnico de Viseu foi criado o Grupo de Missão para Estudantes com Necessidades Educativas Específicas. Os professores já fizeram um levantamento dos alunos que precisam de ajuda, 45, e já começaram a auxiliá-los. Entre outras medidas, começaram a ter aulas de linguagem gestual para comunicarem melhor com os estudantes surdos.
"Na maioria só nos percebemos que eles existem quando nos tocam. Todos os dias na minha escola subo o degrau e não me custa, não tenho que fazer nenhum esforço, quando me apercebi de alunos com estas necessidades específicas vi que era uma barreira muito difícil para alguns de ultrapassar", recorda Cristina Peixoto Matos.
Para alertar o Estado, mas também a comunidade em geral para o que passam estes alunos, mas também o Estado o Grupo de Missão para Estudantes com Necessidades Educativas Específicas do IPV promoveu, este sábado, uma caminhada no Parque Urbano de Viseu.
Esta iniciativa "tem por objetivo sensibilizar principalmente a comunidade em geral para estes rostos que são invisíveis, que nos passam ao lado e que necessitam muito na nossa ajuda, no sentido de lhes proporcionarem as condições necessárias para que tenham um ensino equitativo ao nível do ensino superior", conclui Cristina Peixoto Matos.
Fonte: TSF
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