Abílio Guimarães começou como todos os invisuais a aprender braille, mas desenvolveu conhecimentos que o levaram ao topo da investigação mundial do software para invisuais.
Além do OpenOffice livre (o programa para invisuais custa 1300 euros), Abílio Guimarães tem participado no projecto NonVisual Desktop Access (NVDA), responsável por inúmeras adaptações informáticas que facilitam a vida a quem não vê, como por exemplo, a instalação de som nas caixas multibanco dos Estados Unidos.
A experiência de Abílio Guimarães iniciou-se em Vila Verde, na criação do fundo documental para cegos e amblíopes. Ali foi reunida documentação em braille e suporte áudio. "Fui investigando novos apoios, porque a ambição era alcançar os melhores meios. Investiguei e dei passos para a Informática. A ideia era criar software livre à escala mundial e a oportunidade abriu-se com o convite de um grupo australiano, integrando a investigação que previa instalação de software na região do Texas.
"Elaborei um projecto que envolveu todas as entidades de Dallas e Forthworth. Um cego que esteja numa paragem de autocarro fica a saber para onde vai, as páginas das entidades estão todas adaptadas para cegos. Seria interessante que houvesse esse laivo de inovação na região do Minho", lança o alerta Abílio Guimarães.
Em Vila Verde (e em Portugal), Abílio Guimarães destaca o facto de a Biblioteca Municipal local ser a "única instituição pública a disponibilizar software livre a quem procura. Este espaço vai além da biblioteca comum, preparando as pessoas e formando-as para acolher informação". Em termos práticos, com o software, qualquer invisual pode digitalizar uma carta do banco e ficar a saber o assunto. "Podem aceder e produzir informação, sem dependerem dos outros", destaca Abílio, lembrando que entre os 200 utilizadores já formados contam-se pessoas de todo o país. "Há pessoas que vivem escondidas, devido à sua deficiência. Se este software for alargado a outras instituições, certamente que haverá mais pessoas a aderir". E alerta os responsáveis: "ao nível económico, uma pessoa cega integrada custa muito menos ao erário público".
Abílio garante que quem frequenta o curso "não sai sem saber como evitar um vírus na Internet, usa todos os dedos para escrever, sabe corrigir um texto. Aqui funcionamos como uma espécie de centro consultivo, porque também indicamos que computadores ou telemóveis devem adquirir".
In: JN online
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