As crianças com baixo auto-controlo têm tendência a serem adultos mais pobres, com menos saúde e maior propensão para cometer crimes e consumirem substâncias que causam dependência. O estudo publicado hoje na edição online da revistaProceedings of the National Academy of Sciences analisou mil pessoas durante mais de 30 anos.
A equipa de Terrie Moffitt e Avshalom Caspi, da Universidade de Duke, em Durham, na Inglaterra, analisou o auto-controlo de 1037 indivíduos nascidos em 1972 e1973 em Dunedin, na Nova Zelândia quando tinham entre três e cinco anos. Os dados foram recolhidos a partir de observações junto de professores, pais e cientistas. Depois, os investigadores voltaram a verificar os comportamentos daquelas 1037 pessoas já durante a adolescência e vida adulta, quando tinham 32 anos.
“O nosso estudo, mostra pela primeira vez, que a força de vontade que se tem quando se é uma criança influencia as probabilidades de se ser saudável e rico durante a vida adulta”, disse, citada pela Reuters, Terrie Moffit, primeira autora.
Segundo o artigo, as crianças com pouco auto-controlo tinham mais tendência a ter problemas de saúde durante a vida adulta (27 por cento contra as crianças com mais auto-controlo que tinham só onze por cento), como pressão arterial elevada, obesidade, problemas de respiração ou doenças sexualmente transmitidas. Além disso, era mais provável serem dependentes de substâncias (dez por cento contra três por cento) como o tabaco, o álcool e as drogas, tornarem-se pais solteiros (58 por cento contra 26 por cento), terem dificuldade em gerir dinheiro e terem um registo criminal aos 32 anos (43 por cento contra 13 por cento).
“Conseguir ter auto-controlo e gerir os impulsos é uma das exigências que as sociedades pedem mais cedo às crianças”, explicou a cientista.
Os cientistas confirmaram ainda estes resultados com a análise de comportamento entre 500 gémeos ingleses em que compararam a evolução do irmão com menos auto-controlo. Os resultados confirmaram o que se tinha achado com o estudo neozelandês.
Em ambos os casos, os comportamentos eram independentes do nível de QI. O comportamento de cada indivíduo reflectiu-se na adolescência. As crianças com menos auto-controlo tinham uma maior tendência para cometer actos com um risco potencial maior.
“A tentativa e o erro são uma parte saudável da vida quando se é adolescente”, explicou a cientista à Time. “Mas os adolescentes com um bom auto-controlo fazem tentativas e erros estrategicamente, e apreciam a diferença entre uma experiência com uma aprendizagem útil e um perigo real. Estou convencida que os adolescentes podem ser ajudados para fazerem esta distinção.”
In: Público online
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