Do "Guia prático para capacitar a comunidade ao acolhimento das pessoas com deficiência mental", retirei o preâmbulo, da autoria de Ana Maria Bénard da Costa.
A frase que sintetiza o objectivo do Guia que aqui se apresenta – Não queremos que vivam para nós mas que nos ajudem a viver convosco – exprime o factor central que deve inspirar toda a actuação que se pretenda desenvolver com as populações que se encontram em situações de vulnerabilidade, quaisquer que sejam as suas causas e os seus condicionalismos. No entanto, tratando-se de pessoas com deficiência mental, esta afirmação reveste-se de especial acuidade pois, como refere o autor David Pitonyak*, a solidão é a maior deficiência e estas pessoas são aquelas que mais carentes estão de relações de amizade. As perguntas feitas a crianças, jovens e adultos com deficiência mental sobre o que é o seu maior desejo são geralmente respondidas com frases que revelam esta imensa sede de afectividade: “queria ter amigos que brincassem comigo”; “queria sair à noite com amigos” “queria ter alguém com quem falar, para além dos meus pais e dos meus irmãos” ; “queria que me falassem para o meu telemóvel”.
Ir ao encontro destas aspirações não tem constituído uma tarefa de sucesso: nem em casa, nem nas escolas, nem nos centros especiais, nem nas comunidades, esta preocupação tem constituído uma prioridade. Garantir a aprendizagem de actividades de vida diária ou das matérias escolares, assegurar a protecção e as condições materiais indispensáveis, são as preocupações que concentram a maior atenção dos pais, educadores, técnicos e “cuidadores”.
No entanto, a função central dos serviços de apoio deve ser ajudar as pessoas a criar e manter relações humanas - para além das familiares e das que dependem de contratos profissionais pagos - que sejam resultantes de escolhas livres e se baseiem em sentimentos de proximidade. São elas, essencialmente elas, que estão na base dos momentos felizes e gratificantes que dão qualidade às nossas vidas.
O trabalho que se apresenta vem contribuir, de uma forma concreta, para que tal se verifique e constitui, por isso mesmo, um documento que deverá ser difundido e utilizado por todos os que pretendam contribuir para uma educação e uma sociedade verdadeiramente inclusivas.
Qualquer que seja a comunidade em causa, da pequena aldeia ao bairro da grande cidade, da casa à escola, do local de trabalho ao grupo recreativo, este Guia, com a sua clareza, a sua qualidade gráfica, a forma apelativa como se apresenta e, especialmente, a qualidade do seu conteúdo, irá constituir, certamente, um instrumento fundamental de consulta, de esclarecimento e de ajuda na planificação de acções a realizar para o fim que se propõe: capacitar a comunidade ao acolhimento das pessoas com deficiência mental.
Ana Maria Bénard da CostaClicar para aceder ao "Guia prático para capacitar a comunidade ao acolhimento das pessoas com deficiência mental"
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