"Os pais que não vêm à escola são os que mais precisavam de vir." É um lamento sincero que frequentemente se ouve aos professores ou até mesmo a encarregados de educação em reuniões de turma. Falam, obviamente, dos pais dos alunos malcomportados, com insucesso ou que faltam muito às aulas.
Porque não vão todos os pais à escola? As razões serão, com certeza, muitas. Pensemos em algumas:
O "professorês" ou "escolês" - Esta linguagem é frequentemente utilizada nos documentos distribuídos aos encarregados de educação e nos contactos orais ou escritos (competências transversais, áreas curriculares não disciplinares, critérios de retenção).
Abordagens negativas - Muitos pais são chamados à escola devido a ocorrências negativas: faltas às aulas, mau comportamento. Estas informações podem acabar por ser sentidas como acusações, porque nem sempre se lhes segue uma busca de estratégias de resolução do problema. Se a acusação é feita numa reunião de encarregados de educação, o vexame é maior ('O Francisco é insuportável e malcriado. Está sempre a insultar os colegas. Até no meio das aulas!') e a vontade de nova deslocação à escola desaparece.
Reuniões sem conteúdo significativo - "Senhores encarregados de educação, chamei-os cá para lhes distribuir a ficha de avaliação do 1.º período. Não tenho muito mais para dizer. Estou à disposição para responder às perguntas que queiram fazer e depois dou por terminada a reunião". Os encarregados de educação poderão sentir-se defraudados perante uma reunião com tão pouco conteúdo. Terão vontade de se esforçar por ir a outra?
O que fazer para motivar os pais a irem à escola?
As estratégias seriam, pelo menos, tantas quantos os problemas que afastam os pais da escola. Vejamos algumas, em contraponto aos problemas referidos.
A linguagem - O director de turma precisa de conhecer bem o contexto sociocultural dos encarregados de educação e utilizar uma linguagem a ele adequada. Deverá ter esse cuidado na comunicação oral e na escrita.
Abordagens positivas - Quando é preciso chamar os pais por haver problemas, há vários cuidados a ter:
1. Não culpabilizar os pais, seja de forma directa ou indirecta.
2. Respeitar a sua dignidade e a sua privacidade - Não se deve nomear alunos e respectivo mau comportamento diante de outros. Essa estratégia vexa e não motiva nem orienta para a resolução. Quando se quer falar de um aluno específico, tal deve ser feito num atendimento individual.
3. Sugerir e/ou procurar, em conjunto com eles, estratégias de resolução.
4. Reuniões com conteúdo significativo.
Há muitas coisas que podem ser transmitidas aos pais numa reunião. Podem ser dadas indicações de formas de apoio ao estudo dos filhos (organização do local de estudo, organização do tempo de estudo, eliminação de factores de distracção). Podem ser debatidos temas, como por exemplo 'A alimentação e o rendimento escolar'. O professor de Ciências da Natureza poderia colaborar na sua dinamização.
Da boa relação entre a escola e a família beneficiarão todos os envolvidos, particularmente os alunos. Há portanto que reflectir sobre ela e promovê-la.
Armanda Zenhas
In: Educare
Sem comentários:
Enviar um comentário