Os alunos que trabalharam, durante o 2.º e 3.º períodos do último ano lectivo com os mentores de um programa lançado pela Fundação Calouste Gulbenkian melhoraram significativamente os seus resultados. O impacto deste acompanhamento das crianças por jovens com formação superior, mas que não são professores, foi sobretudo sentido no 2.º e 3.º ciclo, permitindo a cerca de um terço dos estudantes transformar as negativas com que tinham terminado o 1.º ciclo em notas positivas no final do ano.
De acordo com o relatório final do projecto GAP, os impactos mais significativos do trabalho dos alunos com os seus mentores foram conseguidos a Inglês. Nesta disciplina, 38,5% dos estudantes que tinham tido negativa no 1.º período (nota inferior a 2), concluíram o ano com nota positiva.
A progressão dos alunos envolvidos no programa da Fundação Gulbenkian foi também evidente às outras duas disciplinas que integram o projecto, Português (33,4% das negativas passaram a positivas) e Matemática (redução de 30% nas notas inferiores a 2).
A avaliação feita por um grupo de especialistas que inclui investigadores da Universidade do Minho e da Universidade do Porto, que acompanhou a implementação do programa, permitiu também avaliar a “progressão do desempenho médio” dos beneficiários do GAP – uma avaliação quantitativa das notas das várias disciplinas. Esse resultado foi depois comparado com o que foi conseguido pelos restantes alunos do mesmo agrupamento escolar.
A Português, os resultados dos estudantes que passaram pelo programa de mentoria melhoraram 45%, bem acima (19%) dos restantes colegas. As diferenças são menos expressivas nas restantes disciplinas, mas sempre favoráveis a quem esteve envolvido no programa: um ponto percentual na Matemática, onde o desempenho médio dos alunos aumentou 37% do 1.º para o 3.º período; e dois pontos percentuais a Inglês, onde os resultados evoluíram positivamente em 42%.
O impacto positivo do projecto surpreendeu até quem o coordena. “Não estávamos à espera de resultados tão bons”, confessa Pedro Cunha, director do programa Gulbenkian Conhecimento. Desde logo porque as experiências anteriores – tanto a nível nacional como internacional – em que o GAP bebeu influências, “não tinham conseguido diferenças tão grandes” nos resultados dos alunos num período tão curto, explica o mesmo responsável. Mas também porque o programa foi atingido pela pandemia logo na sua fase de lançamento.
O GAP iniciou-se em Janeiro, no arranque do 2.º período lectivo e, semanas depois, as escolas encerraram novamente, dando início ao segundo período de confinamento a que a covid-19 obrigou o país. O projecto foi pensado para ajudar na recuperação das matérias perdidas no ano lectivo anterior, devido aos impactos do primeiro período de ensino à distância. Foi desenhado para ser implementado em modo presencial.
No entanto, as novas circunstâncias levaram a que tivessem que ser redesenhado para que o contacto entre alunos e mentores fosse possível em formato digital. “Nessa altura, baixámos as expectativas”, revela Pedro Cunha, da Gulbenkian. Das 9700 horas de mentoria, cerca de um terço aconteceu à distância. Mas, dos 1300 alunos directamente envolvidos no GAP, cerca de 50 receberam apoio permanente de modo presencial, em escolas de acolhimento.
Fonte e continuação da notícia em Público
Sem comentários:
Enviar um comentário