São involuntários e surgem em regra entre os 4 e os 12 anos. Mas é entre os 7 ou 8 anos que os tiques mais se manifestam, garante a Sociedade Portuguesa de Neuropediatria, explicando que, entre os mais novos, a prevalência de tiques transitórios (que duram menos de um um ano) é de 3% e a de tiques crónicos (que se prolongam por mais de um ano) é de 1,6 por cento. A neuropediatra Susana Rocha, da Clínica de Santo António, explica com detalhe este problema.
Quais os tiques mais comuns?
São os tiques motores com envolvimento de partes da cabeça. Há alguns exemplos: piscar os olhos, coçar ou torcer o nariz, levantar as sobrancelhas, sacudir a cabeça, fazer caretas… Também são frequentes tiques vocais: fungar, limpar a garganta.
E como se trata cada um deles?
Na maioria dos casos, os tiques não necessitam de tratamento, pois são transitórios, não incomodam muito a criança, desaparecendo espontaneamente ao fim de alguns meses. Nalguns casos, porém, quando os tiques são muito intensos e frequentes, perturbando não só quem os vê como a própria criança (originando sentimentos de vergonha, ansiedade, baixa autoestima e dificuldade em manter-se concentrada), pode ser necessário recorrer a tratamento. Este consiste, na maior parte das vezes, em psicoterapia, podendo ser necessário associar terapêutica farmacológica, habitualmente com neurolépticos.
Há uns mais difíceis do que outros?
Sim, geralmente são mais difíceis de tratar os tiques motores complexos, que envolvem várias partes do corpo de uma forma sequencial e coordenada, ou os tiques crónicos (duração superior a um ano) motores e vocais que caracterizam a síndrome de Tourette.
O que os pais devem fazer quando percebem que os filhos têm tiques?
Habitualmente, os tiques incomodam mais a quem os vê do que ao próprio. O mais importante é nunca repreender a criança, pois fá-la-á sentir-se mais ansiosa ao tentar reprimir os tiques e não é uma medida eficaz. Quando os tiques são muito intensos, devem optar por tentar distrair a criança com outra atividade diferente da que está a fazer. Deve explicar-se à criança e às outras pessoas que convivem com ela que não se trata de nenhuma doença, e que os tiques não são voluntários.
Há uma idade em que se costuma ter mais tiques?
Os tiques surgem habitualmente entre os 4 e os 6 anos, podem ter um pico de gravidade no início da adolescência, com melhoria gradual posterior.
Porque surgem os tiques?
A causa dos tiques não está bem esclarecida, mas há uma forte componente genética, pois é frequente o pai ou a mãe da criança com tiques também ter tido tiques na infância. O mecanismo de produção dos tiques envolve alterações a nível de alguns neurotransmissores e dos seus circuitos cerebrais.
A que sinais devem os pais estar atentos para perceber se o filho tem um tique?
Quando a criança começa a fazer repetidamente um movimento ou a produzir um som sem um objetivo ou intenção claros.
Roer as unhas é um tique?
Não, roer as unhas é uma compulsão que está associada a estados de ansiedade. Ao contrário dos tiques, é um ato voluntário/consciente.
Fonte: Visão
Sem comentários:
Enviar um comentário