Pierre Morel, jornalista francês, esteve em Portugal durante quase duas semanas a gravar um documentário sobre Paulinho, o atleta de 36 anos, de Ílhavo, campeão e recordista do mundo em Síndrome de Down.
Esteve em sua casa, filmou vários treinos, na escola que Paulinho frequenta, com a treinadora Joana Agostinho, nas ruas da praia da barra, numa clínica de medicina desportiva durante um teste de esforço, durante os campeonatos europeus em Vila Nova de Gaia, onde o atleta conquistou, há dias, o título de campeão europeu nos 1500 metros.
Rosa Mota também entrou no filme, que será exibido a 29 de outubro, num domingo, no Canal Plus, um dos canais de televisão mais vistos em França, às 12h50. O filme, de 12 minutos, será exibido no L’ Effet Papillon, um programa sobre atualidade internacional e retratos de pessoas que mudam o mundo – ultimamente foram transmitidas reportagens sobre a crise política no Togo e de uma igreja evangélica no Brasil que está a abrir academias de luta livre dentro das igrejas para atrair novos fiéis.
«O documentário tentará explicar a vida de uma pessoa com deficiência que muitas pessoas “normais” fingem não ver – por medo, por falta de tempo, por ignorância, por falta de interesse nas diferenças, por mil outras desculpas – e também focar as performances do Paulo que quase ninguém imagina», diz Pierre Morel.
Tudo começou com a reportagem publicada pela Notícias Magazine, no final de agosto.
Pierre Morel, que durante quatro anos foi correspondente da televisão francesa no Brasil, andava com vontade de fazer uma reportagem em Portugal, país onde a mãe nasceu.
«Pesquisei alguns sites de rádios e de televisões portuguesas, jornais, e assim cheguei à reportagem da Notícias Magazine. Lendo apenas as primeiras linhas, pensei que seria uma boa história para televisão. Liguei a um dos canais para quem trabalho regularmente e compraram a reportagem», conta.
Quando leu a peça da NM, perguntou-se a si mesmo: «Como assim? Uma pessoa com deficiência mental e física correndo meia maratona?».
Meteu-se num avião e acompanhou o dia a dia do Paulinho, de 36 anos, um caso que a ciência não consegue explicar pela resistência física que demonstra nas corridas em que participa. E que este ano teve direito a uma praça com o seu nome na praia da Barra, em Ílhavo, por iniciativa da população que se reuniu num abaixo-assinado a pedir à câmara a concretização dessa vontade popular.
José Manuel Henriques, irmão do Paulinho, conta que as filmagens correram bem e que «terminaram com a chave de ouro», ou seja, o título de campeão europeu.
A família aguarda pela exibição do documentário. «Estamos mais ansiosos do que o Paulinho, ele tem uma forma muito característica de reagir às coisas». Ele é um homem-atleta de abraços e de afetos.
E que, segundo contou à Notícias Magazine, tem vários sonhos: dar um abraço a Marcelo Rebelo de Sousa, conhecer Marco Paulo, e ter a braçadeira de capitão de Cristiano Ronaldo ao serviço da seleção portuguesa.
Fonte: Notícias Magazine
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