"A terapeuta disse: A Rita é claramente Asperger. E o mundo desabou. Aquela frase teve um efeito devastador." Foi há dois anos, aos 40, que Rita Nolasco descobriu que sofria de síndrome de Asperger, uma perturbação do espectro do autismo (PEA). Estava numa consulta, na qual o foco era uma das filhas, quando o marido lançou a questão que a atormentava: "A Rita acha que é Asperger." E foi assim que surgiu a tão temida confirmação.
Aquele "claramente" não lhe saía da cabeça: "Pensei que toda a gente sabia que eu era Asperger, que isso estava na minha cara." Rita Nolasco salienta que sempre se achou diferente. "Não me compreendia, não percebia porque é que agia de determinadas maneiras. E sempre me culpei", conta ao DN a editora de imagens, casada e mãe de três raparigas. Percebeu depois que havia uma explicação para o facto de ser uma pessoa muito literal, rígida no dia-a-dia, avessa a mudanças ou para o facto de se sentir pouco à vontade em situações sociais.
Depois do diagnóstico, Rita começou a assumir perante os outros que era Asperger. "Resolvi ser sincera, não me importar de errar, de dizer que não sei, que não compreendo. Comecei a assumir-me e a aceitar-me como sou." De tal maneira que criou um blogue - Claramente Asperger - onde partilha as suas histórias. Não esconde que, tal como muitas pessoas, associava a síndrome de Asperger à imagem de "um rapaz fechado no seu mundo, que não quer interagir com os outros". "Isso tem que ver com o estigma, o estereótipo que existe", frisa. Mas "existem várias formas de autismo".
A três semanas da estreia de The Good Doctor - uma série sobre um cirurgião autista - em Portugal, Rita Nolasco espera que esta "possa vir a abrir mentalidades, mostrar que existem diferentes tipos de autismo e não só aquele que as pessoas normalmente pensam". Teme, no entanto, que possa ser "reforçado o estereótipo do rapaz que vive no seu mundo". Porque, sublinha, também há mulheres, com PEA.
Fonte: DN por indicação de Livresco
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