Era um modelo muito requisitado a nível internacional mas, em Julho de 2009, um acidente de viação deixou-o paraplégico. O brasileiro Fernando Fernandes não se "rendeu" à cadeira de rodas. Com atitude positiva e "com muito trabalho" sagrou-se campeão do Mundo de canoagem adaptada.
Fernando Fernandes sagrou-se campeão mundial de canoagem adaptada na prova K1 a 200 metros, na passada sexta-feira, na Polónia. "Estou feliz, mas já sinto que para o ano tenho de fazer ainda mais e melhor", assume o atleta paulista.
"Não dá para baixar a cabeça. Assumi a minha actual realidade e reinventei a minha vida. No hospital onde comecei a fazer reabilitação soube da canoagem adaptada, fui ao Youtube e vi vários vídeos da Carla Ferreira (atleta portuguesa com deficiência). Confesso que foi uma verdadeira inspiração para mim", disse Fernando Fernandes.
"Apesar do meu problema, tenho tudo. Família, amigos, uma situação financeira estável. Vou realizando os meus sonhos. A Carla tem uma vida muito mais difícil, sofre de paralisia cerebral e, mesmo assim, faz mil e uma coisas, tem uma energia ímpar, experimenta desportos radicais e nunca abandona aquele sorriso lindo. É um exemplo para mim e para todos", acrescentou.
Fernando Fernandes já tinha sido jogador de futebol e, em Julho de 2009, quando sofreu o grave acidente de automóvel, no qual seguia "sem cinto de segurança", também jogava boxe. "Quando me sentei num kayak e comecei a treinar e competir, senti-me novamente 'eu', capaz", confessa.
"Soube da Nelo (empresa portuguesa líder mundial na construção de kayaks de competição) e contactei-os, explicando o meu problema. Foram fantásticos e pouco tempo depois estava em Vila do Conde. Montaram um barco para mim, deram-me todo o apoio e, juntos, conseguimos agora esse título mundial, na categoria de atletas que apenas conseguem usar a força motora dos braços", congratulou-se.
O atleta vai ser o protagonista de um programa de televisão dedicado aos cidadãos com deficiência, "em que a ideia é fazer um montão de coisas ousadas e impensáveis, só para provar que há imensas coisas que podemos fazer de espírito e coração abertos, pois temos a obrigação de viver em plenitude".
"Há ainda muitos preconceitos para com o cidadão com deficiência. É um coitadinho. Mas essa imagem vai e está a mudar. Não devemos ficar fechados em casa, mas ter uma vida plena, com objectivos. Reinventar-nos é essencial", defende.
Comentário:
Por vezes, são os exemplos reais que alertam para as potencialidades e para a vida em si, apesar das limitações e dos obstáculos!
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