O futuro dos 65 jovens/adultos com deficiência mental, que frequentam o Centro de Actividades Ocupacionais do Instituto Novais e Sousa, preocupa a directora técnica. Lucinda Vilaverde alertou para a urgência de se criarem lares residências para receber estas pessoas.
“O que me preocupa e me incomoda mais é que um dia que os pais desapareçam é preciso alguém cuidar destes jovens e adultos. Nenhum dos que temos cá são capazes de sobreviver sozinhos, não conseguem sequer ter noção do valor do dinheiro”, confidenciou aquela responsável. E explicou: “a maior parte dos utentes qu temos são adultos entre os 30/35 anos e os pais já têm 70 anos. A vida dos irmãos é complicada e as pessoas não podem, simplesmente, deixar de trabalhar para ajudar os irmãos”.
O problema é que, segundo Lucinda Vilaverde, “ninguém quer investir ou apostar num projecto destes, muito menos quando isso implica trabalho nocturno”. E mesmo com apoios financeiros “não se investe nesta área”, referindo que “no âmbito do Programa Operacional do Potencial Humano (POPH) havia possibilidades se apresentar candidaturas nesta área e não apareceu nenhuma”.
Mas, segundo aquela responsável, “o caminho a seguir tem que ser por aí”. Perante a realidade, “a maior riqueza que se pode dar a estes meninos é ajudá-los a serem o mais autónomos e integrados na sociedade possível”, frisou Lucinda Vilaverde, admitindo que “enquanto a sociedade não os incluir, a inclusão não funciona”.
No trabalho que é feito diariamente junto destes utentes, as actividades lúdicas e recreativas são as que permitem mais resultados. “Todos eles são muito bem comportados porque gostam desta ou daquela actividade e canalizam tudo para a tarefa que mais gostam. Assim são felizes e é muito fácil fazê-los felizes”.
E justificou: “com pequenos gestos ficam felizes. Desde que saibamos olhar para eles é muito fácil e o retorno acaba por ser imediato. Eles enchem-nos de beijos e abraços e esses momentos são os mais gratos da vida”. Para aquela responsável “não há nenhuma área tão grata como esta e quem está de fora não percebe que é tão gratificante trabalhar com eles”.Estas crianças quando nascem “são filhas de Deus menor e as expectativas dos pais são tão poucas, que muitos desistem delas”.
(Continuação do texto em Correio do Minho)
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