Quase metade dos alunos das escolas portuguesas estão envolvidos em práticas de bullying, seja como agressores ou como vítimas. Mas os peritos alertam para a falta de preparação das escolas para lidar com o fenómeno. Estas questões vão ser debatidas, hoje, no Congresso sobre Violência Escolar e Bullying, no Centro Cultural de Moscavide, em Lisboa. onde será apresentado um documentário com casos de cinco jovens.
Uma das oradoras do congresso é Sónia Seixas, professora universitária, que realizou um estudo sobre violência escolar em cinco estabelecimentos públicos do 3º ciclo, na Grande Lisboa, tendo concluído que 42,2% dos alunos são agressores ou vítimas de bullying. "Os professores não estão preparados para lidar com o problema. Resolvem as situações pelo bom senso, mas sentem falta de formação", avisa Sónia Seixas, explicando que percebeu a ausência de preparação nas visitas que faz aos vários estabelecimentos de ensino para falar de fenómeno. "O bullying é um comportamento agressivo, intencional e repetido, que acontece na escola para causar dano" explica a professora, acrescentando que no seu estudo verificou que 17,9% são agressores, 17,2% vítimas e 7,1% alternam entre os dois papéis. E, diz, a maioria dos episódio acontece nos locais privilegiados do aluno: no recreio, nos corredores, nos balneário ou nas casas de banho .
Por isso, além dos professores, também as auxiliares de acção educativa, responsáveis pela vigilância destes espaços, têm de lidar com os casos de bullying. "Mas os auxiliares de educação são poucos, e grande parte deles tem apenas o nono ano, sem formação para lidarem com conflitos" alerta, por seu vez Graça Tavares, formadora na área das relações interpessoais que estará também amanha presente no congresso.
Opinião semelhante tem Fernanda Asseiceira, ex-deputada que coordenou a elaboração de dois relatórios sobre violência escolar na Comissão de Educação e Ciência da Assembleia da República e, tendo sido professora, conhece bem a realidade das escolas. "A violência escolar é uma área descurada. E os professores não têm formação para lidar com ela ", garante.
Já Mário Cordeiro, pediatra, considera que as escolas não apenas não sabem como lidar com os conflitos, como ignoram a dimensão do problema. "As escolas são tolerantes demais com o bullying", diz o médico, defendendo: "Tem de haver tolerância zero". As situações de violência escolar tendem a ser resolvidas com a mudança de escola da vítima de bullying ou com a suspensão do agressor. Mas, a opinião generalizada entre os especialistas, é que estas opções não são solução.
"A escola falha quando uma criança é obrigada a mudar" defende Fernanda Asseiceira, acrescentando que os alunos têm de ser acompanhados para que não fiquem traumatizados.
O trauma revela-se em sintomas psicosomáticos (dores de cabeça, insónias, vómitos), psicológicos (tristeza, desamparo ou até pensamentos suicidas) e nos resultados escolares (desmotivação, insegurança e notas baixas).
Se a solução usada na maioria das vezes com as vitimas de bullying está errada, o mesmo se pode dizer com as sanções aplicadas aos agressores. "Não se pode optar pela suspensão, porque é um reforço do estatuto social do agressor", explica Sónia Seixas.
Para os especialistas, não há receitas mágicas, mas é preciso apostar na prevenção. E, apesar do bullying ter o seu pico quando os alunos entram na adolescência, aos 13 anos, as práticas agressivas começam cada vez mais cedo, logo no jardim-de-infância. É preciso ensinar as crianças a resolver os problemas através da mediação. Para além disso, é preciso trabalhar a auto-estima, para aprenderem a ser assertivos. "Temos de ensinar as crianças que, em vez de chorarem, devem reclamar que o colega tirou o brinquedo" explica Graça Tavares.
Uma das oradoras do congresso é Sónia Seixas, professora universitária, que realizou um estudo sobre violência escolar em cinco estabelecimentos públicos do 3º ciclo, na Grande Lisboa, tendo concluído que 42,2% dos alunos são agressores ou vítimas de bullying. "Os professores não estão preparados para lidar com o problema. Resolvem as situações pelo bom senso, mas sentem falta de formação", avisa Sónia Seixas, explicando que percebeu a ausência de preparação nas visitas que faz aos vários estabelecimentos de ensino para falar de fenómeno. "O bullying é um comportamento agressivo, intencional e repetido, que acontece na escola para causar dano" explica a professora, acrescentando que no seu estudo verificou que 17,9% são agressores, 17,2% vítimas e 7,1% alternam entre os dois papéis. E, diz, a maioria dos episódio acontece nos locais privilegiados do aluno: no recreio, nos corredores, nos balneário ou nas casas de banho .
Por isso, além dos professores, também as auxiliares de acção educativa, responsáveis pela vigilância destes espaços, têm de lidar com os casos de bullying. "Mas os auxiliares de educação são poucos, e grande parte deles tem apenas o nono ano, sem formação para lidarem com conflitos" alerta, por seu vez Graça Tavares, formadora na área das relações interpessoais que estará também amanha presente no congresso.
Opinião semelhante tem Fernanda Asseiceira, ex-deputada que coordenou a elaboração de dois relatórios sobre violência escolar na Comissão de Educação e Ciência da Assembleia da República e, tendo sido professora, conhece bem a realidade das escolas. "A violência escolar é uma área descurada. E os professores não têm formação para lidar com ela ", garante.
Já Mário Cordeiro, pediatra, considera que as escolas não apenas não sabem como lidar com os conflitos, como ignoram a dimensão do problema. "As escolas são tolerantes demais com o bullying", diz o médico, defendendo: "Tem de haver tolerância zero". As situações de violência escolar tendem a ser resolvidas com a mudança de escola da vítima de bullying ou com a suspensão do agressor. Mas, a opinião generalizada entre os especialistas, é que estas opções não são solução.
"A escola falha quando uma criança é obrigada a mudar" defende Fernanda Asseiceira, acrescentando que os alunos têm de ser acompanhados para que não fiquem traumatizados.
O trauma revela-se em sintomas psicosomáticos (dores de cabeça, insónias, vómitos), psicológicos (tristeza, desamparo ou até pensamentos suicidas) e nos resultados escolares (desmotivação, insegurança e notas baixas).
Se a solução usada na maioria das vezes com as vitimas de bullying está errada, o mesmo se pode dizer com as sanções aplicadas aos agressores. "Não se pode optar pela suspensão, porque é um reforço do estatuto social do agressor", explica Sónia Seixas.
Para os especialistas, não há receitas mágicas, mas é preciso apostar na prevenção. E, apesar do bullying ter o seu pico quando os alunos entram na adolescência, aos 13 anos, as práticas agressivas começam cada vez mais cedo, logo no jardim-de-infância. É preciso ensinar as crianças a resolver os problemas através da mediação. Para além disso, é preciso trabalhar a auto-estima, para aprenderem a ser assertivos. "Temos de ensinar as crianças que, em vez de chorarem, devem reclamar que o colega tirou o brinquedo" explica Graça Tavares.
3 comentários:
Como mãe de uma criança com NEE, este tema horroriza-me, porquanto muitas das vítimas deste fenómeno, são crianças com especiais particularidades, mas não só. Efectivamente este tipo de agressão tem tido um crescimento. Por vezes a escola quer confundi-lo com as "bulhas" de outros tempos entre rapazes que num processo de aprendizagem de vida, deveríam saber responder, defendendo-se, mas o Bullying normalmente é um fenómeno muito específico que não deixa margem de defesa às vítimas e nada tem que ver com os simples conflitos pontuais entre "parceiros". E a escola sabe-o bem porque sabem bem queixar-se quando a violencia é dirigida aos professores. Efectivamente a escola não tem sabido responder - por isso a coisa cresce e toma proporções muito negativas, que começa com a agressão aos colegas para ir crescendo até chegar aos adultos (professores e auxiliares)... a escola não tem sabido responder e minimiza, relativiza quando a violencia tem como alvo as crianças... A escola não tem sabido responder e obriga os pais das vítimas a levar os filhos à escola, onde são submetidos repetidamente a tal tratamento, sob pena de processar estes pais quando em desespero assumem que assim a escola é um local de crime, retirando seus filhos de lá. A escola também não crê na solução de suspender os agressores como outrora de fazia por muito muito menos. E o bullying prossegue a sua escalada impunemente... e como sempre ninguém vê, ninguém viu, os professores estão na escola para ensinar e as auxiliares que estão para vigiar, são poucas... Provavelmente aguarda-se por casos realmente chocantes para aceitar o fenómeno, dando-lhe a importância que tem e tomar medidas... é isso, provavelmente está-se à espera.
"Antena", concordo com a análise que faz deste problema, que eu considero, acima de tudo, social! Penso que as escolas, sobretudo as dos meios menos urbanos, do interior, ainda não estão mentalizadas para este tipo de situações, pois são casos "raros"! Talvez não o sejam assim tão "raros", atendendo às manifestações que o bullying pode assumir. Também concordo que os alunos com necessidades educativas especiais, devido às suas características intrínsecas, são um alvo fácil! Gostei do seu comentário! Muito realista! Parabéns! Penso que não se importaria de o colocar na página principal do blog!
Boa tarde... Sigo o seu blog há algum tempo e no mesmo encontro sempre muita informação util. Fico muito feliz de existirem professores de educação especial como o Senhor mostra ser, a sua dedicação deve ser enorme.
Esteja à vontade para publicar a minha ideia sobre o assunto, no seu blog... fico até muito satisfeita que mereça da sua parte essa atenção.
Vou estando por aqui...
Saudações,
Cristina Franco
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