A queda no desempenho oral dos alunos do 2.º ano de escolaridade verificada nas provas de aferição deste ano e noticiada esta semana pelo PÚBLICO é um dos resultados do “subdesenvolvimento geral” provocado pelo isolamento social a que a pandemia de covid-19 obrigou, sobretudo durante os confinamentos de 2020 e de 2021. A boa notícia é que, com a metodologia certa e os estímulos adequados, a situação é reversível, como defendem duas psicólogas ouvidas pelo PÚBLICO.
“O nosso cérebro é muito elástico, sobretudo durante a infância, e no primeiro ciclo de escolaridade ainda conseguimos reverter muita coisa. A partir daí, começamos a ter menos probabilidade de ter tanto sucesso neste tipo de reversão, mas a verdade é que o nosso cérebro é extremamente elástico e adapta-se muito facilmente”, explica Clementina Almeida, psicóloga, autora do blog For Babies Brain e colunista do PÚBLICO. “Com um aproveitamento na oralidade abaixo daquilo que seria expectável, já temos alguma ideia de que o desenvolvimento cognitivo destas crianças foi afectado.”
“A minha experiência de trabalho já me tinha mostrado que todas estas crianças e bebés que viveram o confinamento tiveram alterações no desenvolvimento global, ou seja, nota-se algum tipo de subdesenvolvimento geral, e em particular na linguagem, sim”, reflecte.
A solução para colmatar este atraso no desenvolvimento de todas as capacidades na faixa etária prevista ou adequada passa então por “medidas adequadas no sentido da estimulação das competências sensoriais e das competências linguísticas”. Medidas essas que, além dos educadores de infância, devem ser levadas a cabo por técnicos como psicólogos, terapeutas da fala e também providenciando informação aos pais “para que possam privilegiar algum tipo de actividades em casa”.
De acordo com os indicadores que o Ministério da Educação (ME) partilhou com o PÚBLICO sobre o Plano de Recuperação de Aprendizagens que está em curso, apenas 41,1% dos alunos do 2.º ano responderam correctamente ou com pequena dificuldade às questões que testavam a oralidade. Em 2019, tinham sido 83,8%, em 2018 cerca de 70% e em 2016, o pior até agora, 55% — melhor, ainda assim, do que este ano.
Os alunos do 2.º ano que agora prestaram provas foram aqueles que foram apanhados pelos confinamentos quer no pré-escolar, quer no 1.º ano, e isso deixou marcas, por exemplo, na compreensão, na oralidade, na socialização e no desenvolvimento pessoal, entre outros aspectos. (...)
Continuação da notícia em Público.
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