Os terapeutas da fala são já a segunda categoria de técnicos mais contratados pelas escolas, logo a seguir aos psicólogos. Isso mesmo foi confirmado por João Costa, o Ministro da Educação, em entrevista ao jornal Público. O motivo? As cada vez maiores dificuldades com que os alunos chegam às escolas.
Alexandrina Martins, do Departamento de Linguagem na Criança da Sociedade Portuguesa de Terapia da Fala, reconhece que "em termos de apoios terapêuticos, temos tido aumentos muito expressivos. Desde a altura da pandemia que ultrapassa mesmo os 200%. Um pedido que, logo a seguir à pandemia, foi muito marcado na faixa etária dos dois, três anos. E depois também marcado no início da escolarização".
No entanto, não foi só a pandemia a agravar o problema.
"A exposição às tecnologias pode ser também uma causa subjacente a algumas dificuldades no desenvolvimento linguístico. Aliás, há já estudos que revelam, de uma forma já muito sustentada, uma relação direta entre o período de exposição a dispositivos eletrónicos e o desempenho linguístico das crianças", sublinha Alexandrina Martins.
Os educadores de infância concordam com o facto de a pandemia ter agravado o desenvolvimento da linguagem das crianças. Luís Ribeiro, presidente da Associação de Profissionais de Educação de Infância, garante que "é através das interações, da linguagem oral e depois mais tarde da linguagem escrita, já na educação pré-escolar, quando as crianças estão num ambiente altamente estimulante, que se promove o desenvolvimento".
Ainda assim, a nível das novas tecnologias, Luís Ribeiro não as diaboliza. Para o presidente da Associação de Profissionais de Educação de Infância a linguagem evolui e é preciso acompanhar o desenvolvimento.
"A linguagem, como a vida, é dinâmica, as coisas não são estáticas. A linguagem também vai, ela própria, evoluindo, como ciência e vai-se adaptando às mudanças e transformações sociais", destaca Luís Ribeiro.
Os resultados dos alunos nas provas de aferição do ensino básico foram, na generalidade, melhores relativamente a 2019. No entanto, no segundo ano do primeiro ciclo, o desempenho a nível de oralidade, que é medido pela capacidade que os alunos têm de interpretar um texto, caiu para cerca de metade.
Fonte: TSF por indicação de Livresco
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