sexta-feira, 27 de janeiro de 2017

Há referênciais para quase tudo, “as escolas estão a ser invadidas por diversas ‘educações’”

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Desde a educação rodoviária à educação para o risco, passando pela educação financeira e a educação para os media, não faltam temas sugeridos pelo Ministério da Educação para serem abordados no âmbito da chamada Educação para a Cidadania. Todos estes documentos foram elaborados ainda durante o Governo PSD/CDS. Como as áreas não curriculares, de que eram exemplo a Formação Cívica e a Área do Projecto, foram extintas pelo anterior ministro Nuno Crato, os temas propostos para a Educação para a Cidadania têm-se destinado a ser abordados de modo “transversal”, nas outras disciplinas.

O Ministério da Educação, em respostas (...), sugere que esta situação não irá durar por muito mais tempo. “A área da Educação para a Cidadania foi alvo de desinvestimento nos últimos anos, não ocupando um lugar claro no currículo”, indicou, para acrescentar que, por esse motivo, está em curso a preparação de uma Estratégia de Educação para a Cidadania, que potenciará o desenvolvimento de competências cidadãs nas aprendizagens dos alunos”. O secretário de Estado da Educação, João Costa, já dissera antes que, à semelhança do que acontece noutros países, onde por exemplo a experiência de voluntariado é obrigatória, algumas destas competências poderão vir a ser exigidas para a conclusão dos diferentes níveis de ensino.

Apesar de a disciplina ter sido erradicada do currículo nacional, no ensino básico, no âmbito da chamada oferta de escola, muitos dos estabelecimentos optaram por manter a Formação Cívica, o que permite resolver parte destas abordagens. O mesmo já não acontece no secundário. “Com programas tão extensos como os que existem, é impossível existir uma abordagem sistemática destas questões sem que exista uma disciplina dedicada a tal. O que fazemos é tentar aproveitar a agenda mediática ou acontecimentos pontuais para desenvolver alguns desses temas”, refere Eduardo Lemos, diretor da Escola Secundária Eça Queirós, na Póvoa do Varzim.

“Há uns anos a esta parte que estas escolas estão a ser invadidas por diversas ‘educações’”, comenta Filinto Lima, presidente da Associação Nacional de Diretores e Agrupamentos de Escolas Públicas, que também corrobora a impossibilidade das escolas responderem a tantos conteúdos. “Tudo se imputa às escolas, quando algumas destas atividades poderiam ser desenvolvidas por outras entidades”, refere, acrescentando que existe também um problema de “formação de professores para abarcar tantas áreas” como aquelas que são propostas.

Fonte: Público

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