segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Escrita finta deficiência

Escreveu duas peças teatrais escolares, vários poemas e participou em concursos. Após a estreia nos livros com o conto infantil "O Dálmata Sem Pintas", que tem apresentado pelas escolas do Minho, prepara já a autobiografia, que deve chamar-se "Uma Estrela Especial Chamada Adriana".


Adriana Ferreira, com 16 anos e de raízes humildes, dribla assim através das letras no computador a sua paralisia cerebral, ajuda economicamente a família e promove a inclusão.
"Não me imaginava como escritora, foi de repente, na escola apoiaram-me muito. Oxalá o livro sirva de exemplo aos que têm dificuldades idênticas às minhas, pois quando era pequena a aceitação social foi bastante difícil", diz a aluna de Comunicação, Marketing, Relações Públicas e Publicidade, na Escola Secundária de Barcelos.
O seu livro de estreia fala de um cão rejeitado pelo irmão, que quer sair de casa por recusar viver com o dálmata sem pintas. Foi co-escrito com a docente de ensino especial Eugénia Carvalho, do Agrupamento Braga Oeste, ilustrado pela educadora Anabela Marta e com grafismo da docente de TIC Hélia Lima. A edição de autor de mil unidades foi paga com receitas de uma festa dos escuteiros de Martim, terra da autora.
Face à procura foi lançada a segunda edição da obra, que culmina três anos do projecto Superar Barreiras. Aí, os estudantes abordaram por exemplo as barreiras humanas e arquitectónicas, enviando até a lista de falhas à DREN, Câmara e Estradas de Portugal, que agiram de imediato. Percebeu-se ainda que a mochila no chão prejudica o colega invisual, o surdo tem de pedir no bar por escrito ou, na biblioteca, a falta de volumes em braille e prateleiras altas atrapalham invisuais e deficientes motores.
"A comunidade sensibilizou-se e a Adriana, antes incomodadíssima com a diferença, viu que a cadeira de rodas é um detalhe; tem forte auto-estima, talento, boas ideias e desbravou mentalidades e barreiras, sobretudo sociais", anuiu Eugénia Carvalho. "Estou orgulhosa, nunca pensei que a minha filha fosse tão longe", reagiu Esmeralda Cardoso.

2 comentários:

Atena disse...

Isto é que é ter coragem e força... (Porque quem nasce à partida sem condicionalismos tem as portas mais abertas, não me parecendo ser nenhum feito, alcançar algum "sucesso").
A verdade é que uma limitação á partida, torna o caminho mais pesado... Sei bem disso, e não desprezo a realidade... Mas continuo a acreditar que por vezes as dificuldades dão outra força ao ser humano e por isso é possivel, pelo menos sonhar.
Quando leio estas histórias de vida, fico feliz, radiante, porque são exemplos extraordinários de coragem e persistencia, para onde todos deviamos olhar quando estamos desmotivados.

João Adelino Santos disse...

Olá!
Penso que as boas práticas devem ser divulgadas! Podem servir de exemplo mas, também, motivar para o desenvolvimento de novos projectos e para mostrar que "tudo é possível"!
Abraço
João Adelino