Introdução
A leitura constitui a chave para a aquisição de conhecimentos, o desenvolvimento da imaginação e a compreensão do que nos rodeia. Porém, o ensino da leitura não se esgota na transmissão das regras de descodificação da linguagem escrita. Implica a interacção professor-aluno para despertar a curiosidade dos alunos para a leitura. O ensino da leitura pode, neste sentido, ser caracterizado como um convite à participação activa na aprendizagem e, não menos importante, à imersão nas histórias, aventuras e conhecimentos que as palavras podem oferecer. Contudo, a investigação sugere que, apesar dos conhecimentos e competências adquiridos, os professores manifestam frequentemente necessidade de formação adicional para envolver os alunos na aprendizagem da leitura.
Que recursos e estratégias pedagógicas contribuem para o envolvimento dos alunos na aprendizagem da leitura?
Nas últimas décadas, a ciência da leitura evoluiu significativamente e aponta um conjunto de estratégias pedagógicas que podem ser facilmente integradas no ensino da leitura para promover o envolvimento dos alunos. De acordo com Lindström e Roberts (2023), algumas dessas estratégias incluem: i) desenvolvimento de um cronograma visual; ii) estabelecimento de expectativas; iii) elogio do comportamento; iv) adopção da economia de fichas; e v) desenvolvimento da auto-regulação. A aplicação das duas últimas estratégias pode ser particularmente eficaz com alunos que necessitam de apoio adicional para se envolverem na aprendizagem. Na Tabela 1, encontra-se a descrição de cada estratégia, a justificação para a sua implementação, recomendações sobre a aplicação adequada na sala de aula e algumas dicas para aumentar a sua eficácia.
Tabela 1. Estratégias para promover o envolvimento dos alunos na aprendizagem da leitura
A implementação das estratégias apresentadas não constitui uma tarefa simples. Envolve diversos desafios e complexidades. As estratégias podem precisar de adaptação constante às necessidades individuais das crianças, o que pode ser particularmente desafiador em salas de aula com um grande número de alunos. Além disso, a implementação das estratégias pode ser afectada por eventos ou situações inesperadas, como interrupções e problemas de comportamento. A gestão do tempo constitui também um aspecto crucial a considerar, uma vez que os professores têm, geralmente, um cronograma rigoroso para cumprir.
Como preparar os professores para a implementação destas estratégias na sala de aula?
Segundo Lindström e Roberts (2023), os formadores de professores podem adoptar as seguintes actividades ou práticas:
➤ Avaliar o conhecimento dos professores em relação a cada estratégia. Já viram essas estratégias serem postas em prática? Se sim, quando e onde? Como se sentem relativamente à utilização dessas práticas?;
➤ Modelar o uso de exemplos e contra-exemplos a partir da visualização de vídeos ou estratégias comparáveis. Será fundamental disponibilizar uma variedade de exemplos, que abranjam diferentes grupos etários e níveis de desenvolvimento;
➤ Incentivar os professores a simular a aplicação das estratégias. Podem fazê-lo, por exemplo, com os colegas de trabalho;
➤ Incentivar a reflexão. Os professores podem refletir sobre quaisquer resistências ou desafios que enfrentaram e sobre como podem abordá-los. A reflexão pode ser realizada individualmente, por escrito e/ou através de discussões com os colegas.
Principais ideias a reter
O ensino da leitura é mais eficaz quando os alunos se envolvem activamente na aprendizagem. No entanto, promover o envolvimento dos alunos na aprendizagem não é tarefa fácil. De acordo com Lindström e Roberts (2023), os professores podem fazê-lo através de cinco estratégias:
1. Elaboração de um cronograma visual;
2. Estabelecimento de expectativas;
3. Elogio do comportamento;
4. Promoção da auto-regulação dos alunos;
5. Adopção da economia de fichas.
Tendo em conta a relevância da implementação eficaz de estratégias de envolvimento dos alunos na aprendizagem da leitura, bem como a eficácia destas estratégias para a promoção de um ambiente de aprendizagem harmonioso e para a prevenção de comportamentos disruptivos, torna-se fundamental a promoção do respectivo conhecimento e modo de aplicação, seja na formação inicial, seja na formação contínua dos professores.
Célia Oliveira
Fonte: Iniciativa Educação
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