O paraciclista Telmo Pinão vai participar nos Jogos Paralímpicos de Tóquio, que decorrem até 5 de Setembro, com uma prótese desenvolvida pelo Instituto Superior de Engenharia de Coimbra (ISEC). “Se não fosse esta prótese, provavelmente deixaria de ser atleta de alta competição”, afirma Telmo Pinão, citado num comunicado daquela instituição de ensino enviado à agência Lusa.
O atleta, que em Junho se sagrou vice-campeão europeu de fundo em paraciclismo, na Áustria, vai participar na prova de pista, nos três mil metros de perseguição e no contra-relógio de estrada. “Como tenho confiança neste novo dispositivo, o meu objectivo é, no mínimo, trazer o diploma que me assegurará a ida ao Paris 2024”, salienta.
Segundo o ISEC, Telmo Pinão é um dos pioneiros do paraciclismo em Portugal. Foi amputado de parte da perna esquerda em 2002 e, em 2008, comprou uma bicicleta mesmo sem ter a certeza de que conseguiria pedalar. “A sua dedicação e o gosto pela modalidade levaram-no depois a apostar no ciclismo”, refere o comunicado.
O presidente do ISEC realça a importância de colocar a engenharia ao serviço da sociedade: “Queremos demonstrar a mais-valia de interagir com a comunidade desportiva neste projecto em concreto, mas desejamos também estender mais parcerias a outros domínios, desportivos ou não”. “Estamos a valorizar o ensino e a capacidade técnica de produzir componentes para uma actuação real. Estamos motivados para desenvolver soluções inovadoras com a indústria portuguesa e para colocá-las no mercado”, refere Mário Velindro.
Para os Jogos Paralímpicos, o ISEC desenvolveu e produziu nos seus laboratórios todos os componentes metálicos, em liga de alumínio de alta resistência, com a precisão a que este tipo de elementos obriga. “Maquinámos algumas novas peças para a sua ida a Tóquio porque queríamos dar-lhe garantias pessoais e de equipamento de que nada iria falhar”, explica Pedro Ferreira, professor de Engenharia Mecânica. Em Tóquio, Telmo “não terá de se preocupar com os dispositivos, que estão afinados, optimizados e enquadrados em termos de esforço”, afirma o docente.
A empresa RC Fibre Components, em articulação com o atleta e com a equipa de investigação, tem sido responsável pelo fabrico dos componentes em material compósito, “essenciais para garantir a leveza do dispositivo”. “É, por isso, um trabalho em parceria”, enfatiza Luís Roseiro, docente e coordenador do Laboratório de Biomecânica Aplicada do ISEC, salientando que os alunos também se envolveram no processo e “adquiriram competências em contextos e situações reais”.
Fonte: Público
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