Os visitantes de uma exposição nos Países Baixos, intitulada Blind Spot, podem achar o nome pouco original – mas é suposto ser um elogio. O Museu Central de Utrecht lançou o projecto este mês, numa tentativa de tornar as suas ofertas mais acessíveis e agradáveis para pessoas com deficiências visuais.
A exposição recria pinturas existentes, mas com dimensões extra, como som e olfacto – o que inclui o cheiro a queijo apodrecido. E, pela primeira vez, os visitantes do museu podem tocar nas obras. Pessoas com visão também são incentivadas a participar, utilizando uma venda enquanto experimentam os trabalhos, incluindo uma versão de 1610 de Natureza Morta com Frutas, Nozes e Queijo, de Floris van Dyck.
“A primeira coisa que me surpreendeu foi o cheiro”, disse Farid el Manssouri, que é cego, sorrindo depois de passar as mãos sobre queijo, uvas e um rolo de pão que foram transformados em objectos reais a partir da obra original de Van Dyck. “Eu consegui sentir o cheiro do queijo e também toquei nele”, diz o visitante. El Manssouri questionou-se como a mesa estava inclinada, mas a comida não caiu: “Foi realmente surpreendente de sentir... Suponho que tenha sido muito bem colado.”
O artista Jasper Udink ten Cate e o designer Jeroen Prins explicam que a ideia surgiu quando serviam comida para acompanhar uma obra de arte e uma mulher cega que visitou a exposição ficou muito comovida. “Aquele momento foi o ponto de partida”, diz Ten Cate. Steffie Maas, responsável do museu para a inclusão, revela que Blind Spot foi uma experiência no caminho para a melhoria, com mais acessibilidade e instalações tão importantes quanto a exposição.
“Acho que é uma experiência incrível e é, a meu ver, bastante única nos Países Baixos”, disse Bas Suurland, outro visitante do museu. “(A experiência) activa outros sentidos, para além do visual.”
Fonte: Público
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