Esta é uma das conclusões do projeto RESL.eu - Reducing Early School Leaving in Europe, que incide sobre os fatores que influenciam os jovens entre os 18 e os 24 anos na decisão de abandonar a escola e sobre as medidas de intervenção que os fazem regressar, aplicadas nos nove países europeus envolvidos no estudo.
“Apesar de a maioria das escolas analisadas serem caracterizadas pelo alto risco de abandono escolar precoce (AEP), devido às variáveis sociodemográficas e educacionais, os professores devem investir na melhoria das relações com o aluno, proporcionando um ambiente escolar seguro e coeso”, explicou a professora da FPCEUP Helena Costa Araújo, coordenadora do estudo a nível nacional.
A docente falava (...) à margem do VI Colóquio Internacional “Outros Sentidos para Novas Cidadanias”, que decorre entre ontem e hoje na FPCEUP, no qual estão a ser apresentados os resultados do RESL.eu.
A nível nacional, o estudo, financiado pelo 7.º Programa-Quadro da União Europeia, envolveu 2200 jovens de escolas regulares e de segunda oportunidade, do Porto e da Amadora, os pais e os diretores dos estabelecimentos de ensino.
Participaram ainda no projeto a Bélgica (que coordena o projeto), o Reino Unido, a Suécia, a Holanda, a Polónia, a Espanha, a Hungria e a Áustria, países escolhidos por representarem uma ampla gama de taxas de abandono escolar precoce.
Enquanto Portugal e Espanha têm “as taxas mais elevadas na UE”, a Polónia e a Áustria já apresentavam, em 2009, o objetivo previsto pela Europa para 2020, que passa por ter a taxa de abandono abaixo dos 10%.
Helena Costa Araújo contou que, apesar de se encontrar entre os países com uma das taxas mais elevadas, Portugal registou “uma diminuição significativa nesta área, graças a reformas abrangentes, de longo prazo, levadas a cabo no setor da educação”.
Exemplo disso, continuou, são a escolaridade obrigatória até aos 18 anos ou até ao 12.º ano, as vias de ensino alternativas e a implementação de tutores nas escolas.
A nível nacional, as taxas de abandono escolar precoce estão relacionadas com a repetição de ano, o insucesso escolar e com a necessidade de medidas organizacionais que incluam sistemas de alerta precoce e a sensibilização docente para medidas de intervenção.
De acordo com a coordenadora, reduzir o abandono precoce “está no topo da agenda política da UE”, uma vez que os baixos níveis de educação estão associados a elevados custos sociais e económicos.
Nas recomendações resultantes do projeto constam a criação de incentivos para aumentar o envolvimento dos pais, o desenvolvimento de medidas para apoiar aqueles que têm origens desfavorecidas e a promoção de políticas sociais que combatam a segregação e a desvantagem socioeconómica nas áreas urbanas.
Outras das medidas revelam a necessidade de um apoio educacional e de orientação profissional individualizado, em particular antes, durante e após os principais pontos de transição, como é o caso da passagem para o ensino secundário.
É também preciso apostar no reforço das vias de aprendizagem alternativas e criar uma estratégia nacional para reduzir o abandono escolar, que vá além de elevar a idade obrigatória da escolaridade, acrescentou.
Os responsáveis consideram igualmente importante promover o sentimento de pertença e a voz dos alunos, bem como garantir o acesso à formação profissional de alta qualidade, de forma a combater a estigmatização deste sistema, que auxilia os jovens a conciliar o trabalho e os estudos.
Para apoiar estas medidas, criaram uma ferramenta para os docentes e as direções de escolas avaliarem as situações de risco, encontrando medidas que podem ser tomadas para evitar o abandono precoce e os custos associados às mesmas.
Fonte: Educare por indicação de Livresco
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