Vanessa Martins é Terapeuta da Fala acompanhando alunos com necessidades especiais de escolas do Cartaxo. Trabalha também numa clínica privada e sente-se realizada na profissão que escolheu.
Uma apaixonada pela sua profissão, Vanessa Martins divide-se entre o exercício da terapia da fala através da delegação de Santarém da Associação Portuguesa de Pais e Amigos do Cidadão Deficiente Mental (APPCDM), em vários estabelecimentos de ensino do Agrupamento de Escolas Marcelino Mesquita, do Cartaxo, e na clínica privada “Conforto e Elegância” na mesma cidade.
Nascida e criada no Vale de Santarém, Vanessa Martins mostrou sempre um gosto pelas crianças com necessidades especiais, de tal forma que hoje não vê a sua vida sem elas. “Não há nada mais apaixonante do que ver crianças com necessidades especiais bastante comprometidas a terem progressos”, confessa. Apoio foi o que nunca faltou à jovem de 29 anos por parte da família, tendo-se licenciado em terapia da fala em 2010 pela Universidade do Algarve.
Foi em 2010 que começou a trabalhar na clínica privada “Conforto e Elegância”. Desde aí, Vanessa Martins tem-se dedicado de corpo e alma à terapia da fala, tendo trabalhado também, durante um ano, para a Associação de Amor Para a Educação de Cidadãos Inadaptados da Lourinhã (ADAPECIL) nos estabelecimentos de ensino do Agrupamento de Escolas da Lourinhã. Seguiu-se em 2012 a entrada como terapeuta da fala nos Cuidados Continuados de Arrouquelas, Rio Maior, e, no mesmo ano, passou a integrar a equipa multidisciplinar da Unidade de Ensino Estruturado para alunos com perturbações com espectro do autismo e Unidade de Multideficiência da Escola Básica José Tagarro, do Agrupamento de Escolas Marcelino Mesquita.
Entre alegrias e tristezas, histórias é o que não falta à terapeuta que já trabalhou também com crianças autistas e com trissomia 21 e com adultos com Acidentes Vasculares Cerebrais (AVC). Quando estava nos Cuidados Continuados de Arrouquelas, revela, “estava lá uma senhora de trinta e poucos anos que tinha tido um AVC muito grave quando estava grávida do seu primeiro filho e estava totalmente imobilizada. Nunca me esqueci do sorriso que ela esboçava cada vez que o marido trazia o seu filho bebé e colocavam-no no seu peito. Era impressionante ver uma mulher tão nova naquele local maioritariamente com pessoas idosas e ainda por cima estando consciente da sua condição. Passado este tempo ainda me lembro disso”, conta.
Mas também há histórias felizes para contar. “Tenho aqui um menino na clínica que frequentou o 1.º ano todo e nunca aprendeu nem a ler nem a escrever. Entretanto, comecei a avaliá-lo e não encontrei nenhuma razão para a situação. Iniciei, então, um longo trabalho com a criança e hoje posso dizer que ela sabe escrever e ler graças a mim. É isso que me dá gozo especialmente porque nunca pensei que ele tivesse aquela evolução”.
Terapeutas da fala a menos
Vanessa Martins não tem dúvidas em afirmar que os terapeutas da fala, neste momento, são poucos, sobretudo, nas escolas levando que muita gente ainda não tenha acesso a eles a não ser que paguem particularmente. “Muitas das crianças com dificuldades ligeiras de aprendizagem são encaminhadas para técnicos particulares porque os terapeutas da fala das escolas só trabalham com crianças com necessidades especiais”. O problema, explica, “é que nem sempre os pais têm condições financeiras para pagar terapeutas da fala privados ficando, assim, as crianças desprotegidas e desacompanhadas”.
E se antigamente os pais não se preocupavam tanto que os filhos fossem acompanhados por um terapeuta da fala, hoje tudo se modificou. Para a técnica, os pais actualmente são mais informados, interessados e acessíveis. “Na clínica, os pais que trazem cá os filhos gostam bastante de tirar todas as dúvidas. Já na escola, vê-se de tudo mas a maior parte é interessada e colaborante, principalmente se os filhos têm uma patologia como o autismo”, explica.
Fonte: O MIrante por indicação de Livresco
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