sábado, 18 de março de 2017

Programa de recuperação EPIS pode reduzir em 14% os chumbos de alunos em risco

A intervenção do programa “Mediadores para o Sucesso Escolar” da EPIS, empresários pela inclusão social diminuiu em 14 por cento a probabilidade de retenção de alunos em risco de insucesso e abandono escolar. Esta é uma das conclusões do estudo pioneiro de avaliação dos programas da EPIS, desenvolvido por Pedro Martins, especialista em educação, do Queen Mary na University of London, NovaSBE e IZA. O programa “Mediadores” combate o insucesso escolar, em particular no 3.o ciclo do ensino básico (7.º, 8.º e 9.º anos de escolaridade) através do reforço das competências não-cognitivas dos alunos.

A investigação analisou o impacto num universo de 3 mil alunos, de três regiões/distritos (Lisboa, Setúbal e Açores), 15 concelhos, 55 escolas e 1.029 turmas, em dois anos letivos (2014/15 e 2015/16). A análise compara o desempenho escolar de 2.311 alunos selecionados para participação ativa no programa e 648 selecionados para o grupo de controlo, em ambos os casos na sequência de autorização parental. Esta metodologia, baseada em grupos de comparação (controlo) criados de forma aleatória, garante que, em termos médios, eventuais diferenças de desempenho entre os dois grupos possam ser atribuídas exclusivamente à participação no programa de recuperação.

Comparados os dois grupos, verifica-se que os jovens acompanhados pela EPIS, apresentam um desempenho escolar significativamente superior face aos alunos do grupo de controlo. Em termos concretos, o primeiro grupo exibe uma diferença de 6.2 pontos percentuais na percentagem de aprovações em ambos os anos. Esta diferença corresponde a um aumento de mais de 14% na probabilidade de não retenção, efeito esse, resultante exclusivamente da participação plena no programa dos mediadores. Estas conclusões baseiam-se nos resultados dos jovens que cumpriram o programa de mediação e traduzem-se num aumento de cerca de 80 jovens que não reprovam nos dois anos. No que se refere à análise custo-benefício, o programa revela ganhos que se traduzem na redução da despesa pública inerente às retenções - potencialmente de 400 mil euros, considerando um custo de 5.000 euros por aluno por ano, para 80 alunos, em 2 anos.

Em termos médios, os quase 3.000 jovens pré-selecionados tinham (em setembro de 2014), 14 anos, sendo 47% raparigas. As turmas tinham, em média, 22 alunos, sendo que 13.7% frequentavam os novos cursos vocacionais. Sensivelmente, metade dos alunos frequentava o 7. o ano de escolaridade, sendo que a restante metade frequentava o 8. o ano. No primeiro trimestre desse ano letivo, o número médio de notas negativas ascendia a 4.8 (num total de 12 disciplinas), sendo que 77% dos alunos tinha tido nota negativa a matemática, 59% a português e 50% a inglês. Ao longo dos dois anos letivos considerados, estes jovens foram acompanhados por um total de 57 mediadores, na sua maioria professores do Ministério da Educação. Cada aluno participou, em média, em 13 sessões individuais ou coletivas com os mediadores, durante um período total médio de cerca de 12 meses.

O programa “Mediadores” desenvolve um inovador plano de reforço das competências não-cognitivas, de modo a ajudar os jovens a estruturar uma metodologia de estudo facilitadora a aquisição e retenção dos conhecimentos. Estas competências não-cognitivas incluem aspetos como a auto-estima, a motivação, a perseverança, a organização, ou o bom relacionamento em contexto escolar. Estes aspetos, porque trabalhados especificamente com cada aluno, não são focados em contexto de sala de aula.

Vários estudos internacionais sublinham a importância destas soft skills, as quais, se refletem claramente na promoção do sucesso escolar, como também nos indicadores de qualidade de vida de indivíduos adultos, como o emprego ou o rendimento. Níveis baixos destas competências estão fortemente associados a jovens com percursos escolares associados a mau rendimento e retenções.

O trabalho de mediação é conduzido por um grupo alargado de técnicos em educação, contratados pela EPIS e pelo Ministério da Educação. É atribuído a cada mediador uma carteira de jovens, a acompanhar durante um período de pelo menos dois anos letivos. O trabalho de mediação é desenvolvido através de sessões individuais ou em pequenos grupos de dois ou três jovens com um mediador.

A EPIS - Empresários pela Inclusão Social foi criada em 2006 por empresários e gestores portugueses e escolheu a Educação como forma de concretização da sua missão principal de promoção da inclusão social em Portugal. A EPIS é, atualmente, o maior parceiro privado do Ministério da Educação e do Governo Regional dos Açores no combate ao insucesso e abandono escolar. Sendo um exemplo de cooperação intersetorial, desde a sua fundação, contou com mais de 361 empresas associadas e parceiras da sua atividade no terreno e esteve presente em mais de 101 concelhos de todo o país (Continente e Ilhas), em parceria com o Ministério da Educação, o Instituto de Emprego e Formação Profissional, os Governos Regionais da Madeira e dos Açores, 42 Autarquias parceiras e cerca de 300 escolas de todo o país.

Fonte: Recebido por correio eletrónico

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