Rob Summers é um jovem americano de 25 anos que foi atropelado por um carro em 2006, tendo ficado preso a uma cadeira de rodas. Os médicos disseram-lhe que nunca mais andaria. Mas Rob Summers provou o contrário, transformando-se na primeira pessoa paraplégica a conseguir levantar-se e andar.
As pernas de Summers conseguem movimentar-se por causa da estimulação feita por 16 eléctrodos implantados ao fundo das suas costas, por debaixo da pele.
Após dois anos de treino intensivo, suspenso numa espécie de arnês colocado por cima de uma passadeira rolante e contando com a ajuda de fisioterapeutas e de neurologistas, o jovem conseguiu finalmente levantar-se sozinho e andar, graças aos impulsos eléctricos que iam sendo enviados para a sua espinha dorsal. Para além de ter recuperado o movimento das pernas, o jovem recuperou a sua função sexual e o controlo da bexiga.
“É um sentimento assombroso. Ser capaz de dar um passo é incrível. É uma injecção de optimismo”, descreveu Summers.
Graças a esta extraordinária combinação de esforços o sistema neuronal da espinha dorsal de Rob conseguiu ser reactivado. A grande descoberta científica a partir deste caso, segundo o “The Guardian”, é que o cérebro não tem o papel decisivo na locomoção que, até agora, se pensava ter. É antes nas próprias pernas e na espinha dorsal que recai o grande trabalho no esforço de locomoção.
“O cérebro não está a controlar tanto o movimento como nós pensávamos”, indicou ao “The Guardian” Susan Harkema, do centro de pesquisas Kentucky sobre a medula espinal, da Universidade de Louisville, e uma das duas neurologistas que acompanhou o tratamento de Rob Summers. A informação sensorial relacionada com o caminhar vem das próprias pernas, indicou a perita.
“Isto é um grande avanço. Abre um precedente enorme na melhoria das funções diárias destes indivíduos... Mas temos à nossa frente uma longa caminhada”, indicou ainda Susan Harkema.
Na verdade, o facto de Summers ter alguma sensibilidade residual e estar em óptima forma física aquando do acidente fizeram dele um excelente candidato para este estudo. Escassas seis semanas antes do acidente, o jovem tinha ajudado a sua equipa de basebol universitário a vencer um importante título nacional e por isso estava em excelentes condições físicas.
Os cientistas e os médicos frisam que este avanço poderá simplesmente não ser replicável em todos as pessoas paralisadas da cintura para baixo.
Melissa Andrews, do Cambridge Centre for Brain Repair, indicou à BBC que, apesar de este estudo ser “incrível”, as pessoas não deverão dizer que isto é a cura. “Acho que as pessoas precisam de ler isto e dizer que a possibilidade [de uma cura] está aí, mas poderá não chegar amanhã. Isto é o que de mais aproximado temos e a nossa melhor hipótese neste momento”.
De qualquer maneira, depois desta conquista médica, mais quatro pessoas estão já em vias de ser sujeitas ao mesmo tratamento.
O tratamento de Rob Summers é o culminar de vários anos de muito trabalho e de intensos estudos científicos patrocinados pela Christopher and Dana Reeve Foundation, criada após o actor Christopher Reeve - mais conhecido pelo seu papel em “Super Homem” - ter ficado paraplégico em 1995, em consequência de uma queda de um cavalo. O actor acabou por morrer em Outubro de 2004 e a sua mulher, Dana, morreu pouco depois, em Março de 2006, vítima de cancro do pulmão.
Os detalhes deste caso estão explicados na revista médica “The Lancet”.
In: Público online
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