O Hospital de S. João, no Porto, vai implementar, a partir do próximo dia 6, um código gráfico que vai permitir aos daltónicos identificar as cores utilizadas no sistema de triagem de Manchester, usado no serviço de urgências, e de orientação dentro daquela unidade de saúde. O ColorAdd, que terá custos quase nulos, poderá vir a ser adoptado por outros hospitais do distrito do Porto.
Mas afinal o que é o ColorAdd? Consiste na substituição das cores por um símbolo gráfico. "A cada uma das três cores primárias é atribuído um símbolo gráfico. Conhecendo esses três símbolos, um daltónico consegue identificar todas as cores", explicou Miguel Veiga, criador de um sistema que começou, há dez anos, com uma tese de licenciatura e foi divulgado em 2008.
Desde então, o ColorAdd já foi adoptado por empresas como a CIN e outras ligadas aos sectores da cerâmica e de materiais escolares. Segundo Miguel Veiga, até já terá sido procurado pelos metros de Londres (Inglaterra) e de S. Paulo (Brasil).
Na área da saúde, o S. João é o primeiro hospital a associar a cor a símbolos gráficos. Segue-se outra unidade de saúde, em Lisboa, onde, em Janeiro, arranca um projecto piloto de inclusão do ColorAdd nos fármacos administrados no serviço operatório.
O protocolo com o Hospital de S. João vai ser assinado no próximo dia 6. A governadora civil do Porto, que apadrinha o projecto, acredita que outros virão. "Convoquei para uma reunião diversos hospitais do distrito e só tive reacções favoráveis", adiantou Isabel Santos, esperançosa de que o sistema venha a ser adoptado por outro tipo de entidades. "É um problema que afecta 10% da população masculina do distrito", constatou, em jeito de argumento.
Ainda por cima, para Isabel Santos, o ColorAdd é uma espécie de "ovo de Colombo" para os daltónicos. "É uma solução muito simples. Quase não tem custos", enalteceu ainda a governadora, revelando regozijo por um projecto ter partido de um criador portuense. "É uma forma de afirmarmos também a marca Porto", concluiu isabel Santos.
"No caso do S. João, o investimento é mesmo nulo", reforçou Miguel Neiva, convencido de que o ColorAdd "está para o daltónico como o braille para o cego". "É sobretudo um código que permite a inclusão", rematou.
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