(...) Voltando um pouco atrás, ao tema da indisciplina, diz a OCDE que, à primeira vista, o elevado nível de queixas dos professores "pode sugerir que as salas de aula estão a ficar mais indisciplinadas, pelo menos em alguns lugares". O relatório avança, contudo, com explicações que se prendem sobretudo com as características mais desafiantes das crianças e dos jovens que hoje frequentam as escolas.
"Muitos alunos têm problemas de motivação e ansiedade" e, "no mundo dos smartphones", facilmente se distraem com as redes sociais e os jogos — e "essa é uma das razões para que muitas escolas estejam a proibir o uso de telemóveis".
Mas isso não chega. "Estas mudanças exigem um novo tipo de gestão da sala de aula, que combine a supervisão dos comportamentos com a educação em literacia digital", lê-se no estudo. "Se os professores não receberem apoio eficaz para gerir as salas de aula actuais", correm o risco de ver agravar-se o mau comportamento dos alunos.
Os resultados do TALIS também reflectem "a crescente diversidade nas salas de aula em todo o mundo, o que coloca desafios adicionais". Dados: em Portugal, um em cada cinco professores trabalha em escolas onde a percentagem de alunos cuja língua materna não é a língua de ensino é superior a 10% (inferior à média da OCDE: 25%) e mais de metade (54%) ensinam em escolas com pelo menos 1% de alunos refugiados (superior à média da OCDE: 47%).
"Em comparação com 2018, a percentagem de professores em escolas onde mais de 10% dos alunos não são falantes nativos aumentou 12 pontos percentuais, e a percentagem de professores em escolas com pelo menos 1% de alunos refugiados aumentou 41 pontos percentuais."
Os portugueses consideram, contudo, que conseguem adaptar o seu ensino à diversidade cultural dos alunos "bastante" ou "muito" bem (86% versus 63% na OCDE). E os que dizem que conseguem garantir que alunos com diferentes origens culturais ou étnicas trabalham bem juntos representam 89% dos inquiridos (superior à média da OCDE de 74%).
Também o número de docentes que têm nas suas salas de aulas mais de 10% de alunos com necessidades educativas especiais tem vindo a aumentar em todo o mundo, e Portugal não é excepção: essa é uma realidade para 44% dos professores portugueses (46% é a média da OCDE), o que representa um aumento de 11 pontos percentuais face a 2018.
Uma vez mais, a percentagem de professores portugueses que consideram que conseguem conceber tarefas de aprendizagem para acomodar alunos com necessidades educativas especiais "bastante" ou "muito" bem é de 84% (acima da média da OCDE: 62%).
Fonte: Extrato de notícia do Público sobre os dados do TALIS – Teaching and Learning International Survey
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