sexta-feira, 29 de agosto de 2025

Aprendeu a falar aos 11 e a escrever aos 18. Agora é professor em Cambridge

Jason Arday tem Transtorno do Espectro Autista e tornou-se, aos 37 anos, um dos mais jovens professores da Universidade de Cambridge e “o negro mais jovem a conseguir essa proeza em 800 anos”.

Um de quatro filhos de um casal oriundo do Gana, Jason Arday cresceu no Sul de Londres. Faz parte da administração da Runnymede Trust, o principal think tank do Reino Unido sobre igualdade racial. Está decidido a democratizar o acesso ao ensino superior. Em 2023, tornou-se um dos mais jovens professores da Universidade de Cambridge, onde ensina Sociologia da Educação. No ano passado, esteve no Porto, na 16.ª Conferência da Associação Europeia de Sociologia.

Comecemos pelo princípio de tudo: aprendeu a falar aos 11 anos e a escrever aos 18.
Nasci em 1985. Pouco antes dos três anos, foi-me diagnosticado Síndrome de Kanner, a forma mais severa de Transtorno do Espectro Autista (TEA), e um atraso global de desenvolvimento relacionado com a forma como o meu cérebro processa a informação. Não conseguia falar, ler, escrever, socializar. Também nasci meio surdo de um ouvido. Passava muito tempo na terapia da fala. Umas 30 a 40 horas por semana, às vezes 60. Disse a minha primeira palavra pouco antes do meu 12.º aniversário.

Continuação da entrevista em Público

Estratégia Nacional de Educação para a Cidadania

Pela Resolução do Conselho de Ministros n.º 127/2025, de 29 de agosto, é aprovada a Estratégia Nacional de Educação para a Cidadania (ENEC), enquanto referencial da componente curricular de Cidadania e Desenvolvimento.

A ENEC assenta numa abordagem integrada e coerente, centrada na interdependência entre Direitos Humanos, Democracia e Instituições Políticas, Desenvolvimento Sustentável, Literacia Financeira e Empreendedorismo, Saúde, Risco e Segurança Rodoviária, Media, e Pluralismo e Diversidade Cultural. Estas oito dimensões fundamentais para promover uma cidadania ativa e participativa são obrigatórias para todos os alunos, estão alinhadas com as tendências internacionais sobre o conteúdo temático das disciplinas de cidadania e dão estrutura à disciplina de Cidadania e Desenvolvimento.

Nesta ENEC, a Educação para a Cidadania, a operacionalizar através da componente curricular de Cidadania e Desenvolvimento e, de forma explícita, interdisciplinarmente nas várias disciplinas dos ensinos básico e secundário, congrega oito dimensões a implementar ao longo da escolaridade obrigatória, a saber: Direitos Humanos, Democracia e Instituições Políticas, Desenvolvimento Sustentável, Literacia Financeira e Empreendedorismo, Saúde, Risco e Segurança Rodoviária, Media e Pluralismo e Diversidade Cultural.

quinta-feira, 28 de agosto de 2025

Criação da Agência para a Gestão do Sistema Educativo (AGSE, I.P.)

O Decreto-Lei n.º 99/2025, de 28 de agosto, procede à criação da Agência para a Gestão do Sistema Educativo, I. P., e aprova a respetiva orgânica, e extingue o Instituto de Gestão Financeira da Educação, I. P., a Direção-Geral da Administração Escolar e a Direção-Geral dos Estabelecimentos Escolares.

Nesse sentido, o presente decreto-lei procede à extinção da Direção-Geral da Administração Escolar, da Direção-Geral dos Estabelecimentos Escolares e do Instituto de Gestão Financeira da Educação, I. P., e à criação da Agência para a Gestão do Sistema Educativo, I. P. (AGSE, I. P.), que será um organismo da administração indireta do Estado, dotado de autonomia administrativa, financeira e patrimonial, para, no âmbito das atribuições do MECI, gerir o sistema educativo, nas suas diferentes dimensões e vertentes.

A AGSE, I. P., terá por missão construir, gerir e operar sistemas de informação e infraestruturas tecnológicas para a educação; elaborar, implementar e manter o Sistema Integrado de Informação da Educação; coordenar o planeamento e a respetiva racionalização dos estabelecimentos da educação pré-escolar e dos ensinos básico e secundário na dependência do MECI, bem como garantir a gestão e funcionamento dos mesmos e de todas as ofertas educativas e formativas; assegurar a gestão dos recursos humanos daqueles estabelecimentos; prestar o apoio técnico e especializado ao membro do Governo da tutela e aos serviços e organismos da área da educação no âmbito de regimes jurídicos específicos; gerir, operar e manter a Rede Ciência, Tecnologia e Sociedade e a Rede Alargada da Educação; e apoiar as estruturas nacionais que se encontram no estrangeiro.

quarta-feira, 27 de agosto de 2025

Famílias desesperadas com falta de resposta para crianças com necessidades educativas especiais

Mais de uma dezena de crianças e jovens com necessidades educativas especiais, de Azambuja e concelhos limítrofes, estão em risco de não ter uma resposta de ensino público adequada no próximo ano lectivo e as suas famílias estão desesperadas. Desde que a Cerci de Azambuja anunciou que não tem condições para continuar a assegurar a valência socio-educativa por falta de apoio financeiro da administração central adequado às despesas que acarreta, as famílias têm procurado alternativas, mas sem sucesso. “Estas famílias estão desesperadas e isso é um grande motivo de preocupação. E por elas estarem desesperadas, e por nós sabermos da pertinência que existe de assegurar um projecto educativo de uma escola deste cariz, continuamos a disponibilizar aquilo que temos e a pedir aquilo que é da responsabilidade da Educação”, refere a O MIRANTE o presidente da direcção da Cerci de Azambuja, sublinhando que tem insistido junto da tutela a necessidade de revisão da portaria, que data de 1997 e regulamenta as verbas destinadas à valência.José Manuel Franco lamenta que o Ministério da Educação nunca se tenha preocupado “em saber se a instituição precisa de um fraldário, uma cama ou cadeira adaptada” para algum aluno e que se tenha limitado a criar “um mecanismo de financiamento”, insuficiente aos dias de hoje, para uma resposta que é do ensino público obrigatório. E que exige à Cerci que tenha “professores, terapeutas, ajudantes de acção directa e instalações adaptadas, que incluem fraldários, banhos e acessibilidades”.

O dirigente, que tem vindo a alertar para a possibilidade de encerramento da valência caso a tutela não reveja a portaria com 28 anos, revela que a Cerci tem suportado uma parte das despesas com esta resposta que garantia o ensino a 15 utentes com necessidades educativas especiais. “O Ministério da Educação não precisa que a Cerci esteja a financiar um terço daquela escola. De uma escola para crianças que são prioritárias”, vinca, lembrando que a instituição já passou por dificuldades que colocaram em risco a sua continuidade e que quem a dirige tem de “fazer contas” para evitar a queda num novo fosso financeiro. “Nós temos feito tudo o que está ao nosso alcance, tendo em atenção aquelas crianças e aquelas famílias. Já fomos a duas reuniões a Lisboa, com a Direcção-Geral dos Estabelecimentos Escolares e foi combinado haver trabalho das duas partes, mas ainda não chegou nada de novo”, lamenta.

Dos 15 alunos que frequentavam esta resposta quatro vão ser acolhidos na instituição por terem atingido a idade para frequentar o Centro de Actividades e Capacitação para a Inclusão (CACI). No entanto, salienta, há outras famílias a procurar vaga para as suas crianças.

Fonte: O MIrante por indicação de Livresco

terça-feira, 26 de agosto de 2025

Capacitando estudantes com deficiência: solução de IA generativa da University Startups para percursos personalizados dos estudantes

A University Startups, com sede em Bethesda, Maryland, foi fundada em 2020 com o objetivo de capacitar alunos do ensino médio a expandir a sua educação para além do currículo tradicional. A University Startups concentra-se na educação especial e serviços relacionados em distritos escolares em todos os Estados Unidos.

Depois de concluírem o ensino secundário, os alunos muitas vezes não sabem o que querem seguir em termos de educação e carreira. A University Startups e a AWS criaram um programa exclusivo que ajuda os alunos com deficiência a resolver esse desafio. O programa cria um plano de transição personalizado para cada aluno e pode ser usado em escolas de todo o país. O programa pode fornecer orientação específica para cada aluno, ajudando-os a criar o seu próprio caminho para o sucesso após o ensino secundário. Especificamente, a University Startups usa o Amazon Bedrock para criar essa experiência personalizada sem aumentar a carga de trabalho dos educadores. O impacto dessa iniciativa foi demonstrado com sucesso durante um programa de teste piloto, no qual dezenas de alunos e professores usaram a ferramenta da University Startups para explorar diferentes planos de carreira e sugestões sobre como perseguir seus objetivos.

Nesta publicação, explicamos como a University Startups usa a tecnologia de IA generativa na AWS para permitir que os alunos criem um plano específico para o seu futuro, seja na educação ou no mercado de trabalho.

Desafios na educação especial

A educação especial inclui serviços e programas para atender às necessidades individuais de um aluno com deficiência. Existem mais de 7,5 milhões de alunos com deficiência do ensino básico e secundário nos EUA, e esse número está a crescer. Os alunos com deficiência que necessitam de serviços de educação especial têm Programas Educacionais Individualizados (PEI). O PEI é um documento exigido por lei, desenvolvido pelos pais, professores e especialistas do aluno para garantir que as suas necessidades educacionais sejam atendidas. Isso inclui o acesso ao currículo de educação geral junto com os colegas de educação geral e o mais próximo possível de sua casa.

Um componente importante do documento PEI é um plano de transição. Um plano de transição é um documento que articula objetivos e metas de desenvolvimento destinados a preparar os alunos com deficiência para a vida adulta. Isso pode incluir o planeamento da educação pós-secundária e objetivos de carreira, aquisição de experiência profissional, vida independente ou qualquer outra opção apropriada para o aluno. Este plano é altamente individualizado de acordo com os interesses, preferências, competências e necessidades do aluno. De acordo com a lei federal, cada aluno deve ter um plano de transição em vigor aos 16 anos de idade.

No entanto, as escolas em distritos escolares com poucos recursos muitas vezes têm capacidade limitada para oferecer atenção individualizada por parte de professores e orientadores, a fim de criar um plano de transição eficaz para cada aluno. Além disso, como esses planos de transição são auditados pelos governos federal e estadual, esses distritos escolares podem enfrentar consequências legais e financeiras se os planos não estiverem em conformidade. Esses desafios destacam a necessidade de uma solução personalizada e robusta para capacitar os alunos com deficiência e sua equipa de apoio composta por pais, professores e especialistas. Com esse contexto em mente, vamos explorar como a University Startups e a AWS colaboraram para desenvolver uma solução usando o Amazon Bedrock para aprimorar o processo de planeamento da transição.

Visão geral da solução

Para enfrentar esse desafio, a University Startups criou o Trinity, um assistente de IA para planeamento de transição que ajuda estudantes com deficiência a descobrir os seus interesses para criar um plano de transição eficaz e personalizado. O diagrama a seguir mostra como pode usar o Amazon Bedrock Agents em um fluxo de trabalho, juntamente com outras ferramentas, para fornecer contexto ao reunir informações para criar um plano de transição.



Em um nível elevado, a solução usa Amazon Bedrock Agents para orquestrar fluxos de trabalho abrangentes que envolvem os alunos, permitindo experiências interativas e personalizadas com assistentes de IA. Os agentes usam funções AWS Lambda para chamar com segurança APIs externas, como sites de empregos ou bancos de dados de universidades, e recuperar oportunidades atualizadas. Além disso, o Amazon Bedrock Flows pode automatizar a geração de documentos individualizados, recolhendo e sintetizando informações dessas interações num plano de transição personalizado. Ao longo do processo, recursos como Amazon Bedrock Knowledge Bases e Amazon Bedrock Guardrails são projetados para melhorar a precisão e a confiabilidade das informações fornecidas e para alinhá-las com os padrões de segurança e conformidade, criando um sistema de apoio seguro e eficaz para alunos, pais e educadores.

Para iniciar o processo, os alunos interagem com um agente desenvolvido com o Amazon Bedrock Agents para descobrir as suas preferências e interesses, sob a orientação dos seus educadores. O agente então propõe sugestões personalizadas sobre caminhos que os alunos podem explorar para os seus planos de transição. Essas sugestões são baseadas no contexto fornecido ao agente sobre os requisitos para documentos PEI e estruturas comuns de planos de transição. Com base nesse resultado, os pais e professores do aluno podem criar eficientemente um plano de transição com o aluno ou continuar a interagir com o agente para aprofundar o assunto. Na seção a seguir, examinamos mais de perto as ferramentas que esse agente usa.

Ferramentas e recursos utilizados pelos Amazon Bedrock Agents

A eficácia dos Amazon Bedrock Agents reside na sua capacidade de envolver os alunos de forma produtiva e fornecer resultados práticos para pais e educadores. Isto é conseguido através da utilização de recursos do Amazon Bedrock, tais como Amazon Bedrock Knowledge Bases e Amazon Bedrock Guardrails, juntamente com outros serviços da AWS, incluindo Lambda, para criar ferramentas para o agente.

Manutenção da segurança dos alunos

Um componente crítico desta aplicação é o design com a segurança dos alunos em mente, especialmente ao lidar com informações de identificação pessoal (PII) e informações de saúde protegidas (PHI). Sem as proteções adequadas, pode haver risco de violação de dados e violação das normas de conformidade.

Utilizamos o Amazon Bedrock Guardrails para implementar salvaguardas no sistema de IA generativa. Se um utilizador introduzir dados PII ou PHI, o Amazon Bedrock Guardrails irá detetar isso e bloquear automaticamente o pedido, devolvendo uma mensagem pré-configurada, como «Desculpe, a sua consulta viola a nossa política de utilização». Também utilizamos o Amazon Bedrock Guardrails para mascarar PIIs nas respostas do modelo. Se forem detetadas informações confidenciais na resposta do modelo, o guardrail mascara-as com um identificador, como {NAME-1}.

O Amazon Bedrock Guardrails também pode ajudar a garantir que este recurso seja usado apenas para os fins pretendidos. A tecnologia muitas vezes pode ser uma distração para os alunos, mas o Amazon Bedrock Guardrails pode ser configurado com um conjunto de tópicos negados e filtros de conteúdo para que os alunos possam manter o foco.

Usando contexto relevante

Os planos de transição exigem informações específicas sobre o aluno por lei. No entanto, não existe um formato único exigido para o documento PEI nos Estados Unidos. Cada estado pode ter formatos padronizados diferentes e, em alguns estados, os sistemas escolares individuais criam os seus próprios formulários.

Portanto, o recurso precisa de ser capaz de reunir as informações necessárias e apresentá-las no formato apropriado, de acordo com o sistema escolar em que está a ser utilizado. Utilizamos as bases de conhecimento do Amazon Bedrock para fornecer ao agente o contexto necessário para que ele possa fornecer respostas precisas e personalizadas para cada caso de uso.

Caso de uso

Para entender o impacto desta solução e mostrar os agentes Amazon Bedrock em ação, vamos ver um exemplo de Noah, um estudante que usou os recursos da University Startups em um programa piloto.

Noah estava a preparar-se para criar o seu próprio plano de transição para o seu documento PEI. Ele frequenta um distrito escolar que usa os recursos da University Startups, então criou uma conta para obter resultados personalizados para o seu PEI. O agente do sistema começou a reunir os requisitos:
  1. O agente começou por perguntar sobre o desempenho atual de Noah e quaisquer requisitos especiais de que ele pudesse precisar. Em seguida, o agente pediu a Noah que partilhasse os seus interesses e competências, e o que ele poderia estar interessado em seguir após o ensino secundário. Noah partilhou que está interessado em criminologia.
  2. Em seguida, o agente utilizou o Amazon Bedrock Guardrails para ocultar informações confidenciais que pudessem ter sido introduzidas. Depois, utilizou ferramentas para fornecer recomendações sobre como Noah pode seguir uma carreira em criminologia, incluindo educação pós-secundária e estágios. Estas recomendações foram adaptadas a Noah, com base nas suas necessidades e preferências de localização.
  3. Noah então optou por explorar outra opção de caminho e recebeu sugestões para descobrir outros métodos para seguir uma carreira em criminologia.
  4. Por fim, Noah ficou satisfeito com os resultados e recomendações que recebeu, e essas informações foram formatadas em um rascunho de plano de transição. Este é então fornecido à equipa de educadores responsável por desenvolver e finalizar o seu PEI.

Este processo de descoberta ajudou Noah a explorar plenamente os seus interesses e opções, ao mesmo tempo que se sentia confiante de que estas recomendações eram personalizadas para as suas necessidades. Também reduziu o tempo necessário para os educadores se prepararem para as reuniões e entregas do PEI.

Impacto comprovado

Esta solução, desenvolvida pela University Startups, oferece uma forma segura e eficiente para os educadores e estudantes desenvolverem os seus documentos PEI para o planeamento da transição. Ao automatizar a fase de planeamento, os alunos podem explorar os seus interesses e os diferentes percursos disponíveis após o ensino secundário. A ferramenta pode ainda auxiliar no diálogo entre professor e aluno em casos que necessitem de assistência especial. Um professor que participou no programa piloto afirmou: “Acho o Trinity uma ferramenta incrível. Adoraria ver os pais e os alunos a utilizá-lo em conjunto, especialmente antes da reunião do PEI. Também acho que é um ótimo ponto de partida para conversas entre o aluno e o seu assistente social/orientador”. Mesmo em distritos escolares carenciados, os alunos podem receber uma atenção personalizada, adaptada às suas necessidades, que reflete a sua perspetiva no processo de planeamento da transição.

A preparação para o planeamento da transição pode ser demorada para os educadores e requer conhecimentos altamente especializados. No entanto, a utilização do recurso Trinity produziu resultados em aproximadamente 10 minutos e tem o potencial de reduzir o tempo médio despendido pelos educadores no planeamento da transição. Isto permite-lhes ampliar os seus esforços e concentrar o seu tempo em resultados práticos para cada aluno.

Além disso, esta ferramenta permite que os alunos partilhem os seus interesses e competências de forma criteriosa. Noah, participante do programa piloto, afirmou: "Utilizar esta ferramenta foi fácil e útil; rapidamente me mostrou o caminho para chegar ao trabalho que quero fazer no futuro". Mais importante ainda, embora esta solução automatize o processo de descoberta para o desenvolvimento de um plano de transição, garante o apoio prático do educador durante cada etapa e sempre que um aluno solicite assistência. Ao longo do programa piloto, os educadores preferiram prestar apoio individual, orientando os alunos através da ferramenta Trinity. Isto garante que os alunos se sintam reconhecidos durante todo o processo e que os educadores possam ajustar e validar as recomendações do plano de transição fornecidas.

Conclusão

Através desta solução, a University Startups demonstrou como os alunos, incluindo os alunos com deficiência, podem receber serviços personalizados, apesar da falta de recursos em distritos escolares carenciados. Esta solução pode capacitar os alunos para prosseguirem os seus interesses e desenvolverem planos práticos para desenvolverem competências e alcançarem o sucesso. A incorporação da IA ​​generativa nos recursos educativos demonstra a capacidade eficaz da IA ​​em ambientes de aprendizagem. As ferramentas educativas com o Amazon Bedrock podem satisfazer as diversas necessidades dos alunos e fornecer feedback instantâneo, o que agiliza a criação de percursos de aprendizagem personalizados por parte dos educadores. Isto permite um ensino adaptável e de alta qualidade, acessível a todos os alunos.

John Jabara, cofundador da University Startups, partilha:

“A Amazon Bedrock permitiu-nos criar uma ferramenta que pode captar a voz do aluno durante este importante processo de planeamento da transição.”

À data de publicação desta publicação, a University Startups opera em 15 estados. À medida que a University Startups continua a crescer, planeia expandir o seu alcance por todo o país. O potencial de ferramentas como a Amazon Bedrock Agents e a Amazon Bedrock Guardrails na democratização dos recursos educativos e de carreira para os estudantes é significativo, e a Amazon Bedrock está na vanguarda desta iniciativa.

Traduzido com a versão gratuita do tradutor - DeepL.com

Fonte: AWS Amazon por indicação de Livresco

segunda-feira, 25 de agosto de 2025

As crianças precisam de competências sociais na era da IA, mas o que isso significa para as escolas?

Nos últimos cinquenta anos, os empregos que proporcionavam os maiores rendimentos concentraram-se cada vez mais no trabalho intelectual, especialmente nas áreas da ciência e da tecnologia.

Agora, com a disseminação da inteligência artificial generativa, isso pode deixar de ser verdade. Os empregadores estão a começar a manifestar a sua intenção de substituir certos empregos de colarinho branco por IA. Isto levanta questões sobre se a economia precisará de tantos trabalhadores criativos e analíticos, como programadores informáticos, ou se apoiará tantos empregos de nível básico na economia do conhecimento.

Essa mudança é importante não apenas para os trabalhadores, mas também para os professores do ensino fundamental e médio, que estão acostumados a preparar os alunos para o trabalho de colarinho branco. As famílias também estão preocupadas com as habilidades que seus filhos precisarão em uma economia impregnada de IA generativa.

Como professor de política educacional que estudou o efeito da IA nos empregos e ex-professor do ensino básico e secundário, acho que a resposta para professores e famílias está em compreender o que a IA não pode — e talvez não venha a poder — fazer.

As ondas anteriores de automatização substituíram trabalhos rotineiros e manuais, aumentando a vantagem salarial dos trabalhos cognitivamente exigentes. Mas a IA generativa é diferente. Ela se destaca na correspondência de padrões de maneiras que lhe permitem simular a codificação, a escrita, o desenho e a análise de dados humanos, deixando os níveis mais baixos dessas profissões vulneráveis à automatização.

Por outro lado, como a sua produção imita padrões em dados existentes, a IA generativa tem mais dificuldade em lidar com tarefas de raciocínio complicadas, muito menos com problemas complexos cujas respostas dependem de muitas incógnitas. Além disso, ela não compreende como os humanos pensam e sentem.

Isso significa que as «competências sociais» – atributos que permitem às pessoas interagir bem com os outros e estar em sintonia com os seus próprios estados emocionais – tendem a estar em ascensão. Isso porque elas são essenciais para resolver problemas complexos e trabalhar com pessoas. Embora competências sociais como conscienciosidade e simpatia sejam consideradas traços de personalidade, pesquisas sugerem que elas são ferramentas emocionais que podem ser ensinadas.

Ensinar a consciência emocional

A boa notícia é que as competências sociais podem ser ensinadas em conjunto com disciplinas tradicionais, como matemática e leitura – áreas pelas quais os professores são responsáveis –, utilizando técnicas que os professores já conhecem.

Por exemplo, os professores costumam pedir aos alunos que entreguem «bilhetes de saída» ao saírem da sala de aula no final de uma aula. Trata-se de breves reflexões ou perguntas escritas sobre os conceitos que os alunos acabaram de aprender.

Os bilhetes de saída também podem ser usados para ajudar os alunos a aprimorar as suas competências emocionais e sociais, juntamente com a sua aprendizagem académica. Na prática, os professores podem dar sugestões que se concentrem em momentos de coragem intelectual, regulação emocional ou compreensão interpessoal, tais como:
  • Escreva sobre uma ocasião em que ajudou alguém hoje.
  • Conte-me sobre alguém que foi gentil consigo hoje. Como essa pessoa foi gentil?
  • Descreva uma ocasião nesta semana em que aprendeu algo que parecia muito difícil. Como conseguiu?
O objetivo da tarefa não é apenas melhorar o humor ou o envolvimento dos alunos, embora esses sejam ótimos resultados secundários. O objetivo é ajudar os alunos a perceberem que as suas respostas emocionais às circunstâncias externas estão sob o seu controlo. Uma maior consciência das suas próprias emoções prediz a capacidade das crianças de gerir a frustração, perceber e antecipar as emoções dos outros e trabalhar harmoniosamente com outras pessoas. Todas essas são habilidades vitais no local de trabalho que provavelmente se tornarão mais valiosas com o surgimento da IA generativa.

Ensinar a resolução de problemas

Os professores também podem pedir aos alunos que pratiquem a resolução de problemas complexos cujas respostas são desconhecidas. Por exemplo, à medida que os alunos do ensino básico aprendem a calcular perímetros, áreas ou volumes, podem trabalhar em grupos para encontrar as medidas de objetos na escola, incluindo itens grandes ou com formas estranhas. Os professores podem incentivar os alunos a refletir não apenas sobre a correção das suas respostas, mas também sobre como eles enquadraram e abordaram cada problema.

A resolução de problemas do mundo real, também conhecida como avaliação autêntica, pode ser ensinada em qualquer disciplina, com exemplos que incluem:
  • Testar as inclinações do solo e os níveis de humidade no terreno da escola e propor soluções de paisagismo.
  • Criar e testar campanhas de vídeo para causas sociais.
  • Reimaginar como a história poderia ter sido diferente se os líderes tivessem feito escolhas diferentes e considerar as implicações políticas para os dias de hoje.
Ensinar as crianças a desvendar a complexidade ajuda-as a compreender a diferença entre procurar respostas nos livros didáticos e testar possibilidades quando a melhor opção é desconhecida. Resolver problemas novos e complexos continuará a confundir a IA, não só porque há muitas etapas e incógnitas, mas também porque a IA carece da nossa compreensão espacial e emocional do mundo. Mesmo a longo prazo, inúmeras variáveis que os humanos compreendem instintivamente serão difíceis de intuir para os computadores.

Protegendo a aprendizagem lenta

A reclamação tecnológica que mais ouço dos professores é que os alunos estão a usar a IA generativa para fazer o trabalho por eles. Isso acontece não porque os alunos sejam enganadores ou mal-intencionados, mas porque os seres humanos são criaturas autorreguladoras. Tomamos atalhos em tarefas que parecem enfadonhas ou muito difíceis, a fim de priorizar tarefas que parecem mais gratificantes.

Mas quando os alunos estão a desenvolver novas competências, delegar o trabalho à IA é um grande erro. Ao tornar as coisas lentas rápidas, a IA prejudica a aprendizagem, porque é necessário esforço para aprender coisas difíceis.

Por esta razão, penso que os professores devem proteger a sala de aula como um local onde as competências básicas são aprendidas lentamente, juntamente com outros alunos. Para muitas aulas, isso significará voltar aos dias antes dos computadores, em que os alunos escreviam os trabalhos à mão ou apresentavam os seus trabalhos oralmente, aprendendo a antecipar e a responder a diferentes pontos de vista. Se os alunos forem autorizados a usar ferramentas digitais de automação, eles devem ser incentivados a refletir sobre como as utilizaram, o que aprenderam com elas e quais habilidades não puderam praticar — como ortografia, divisão longa ou formatação de bibliografia — quando delegaram o trabalho à ferramenta.

A competência social que domina todas as outras

A verdade é que ninguém sabe exatamente o que acontecerá aos trabalhadores numa economia baseada na IA. As pessoas discordam sobre as competências que a IA irá complementar ou substituir. Mas as competências que sustentam a tecnologia moderna, como a matemática e a leitura, provavelmente continuarão a ser importantes, assim como as competências intra e interpessoais que nos tornam distintamente humanos.

Talvez a competência mais importante que as escolas podem ensinar às crianças hoje seja a autoconsciência para priorizar a aprendizagem em vez de atalhos e para evitar delegar o trabalho às máquinas até que elas saibam como fazê-lo sozinhas. Também se tornará ainda mais importante ser capaz de trabalhar com outras pessoas para resolver problemas difíceis.

Uma sociedade habilitada pela IA não será uma sociedade em que os problemas complexos simplesmente desaparecem. Mesmo com a reordenação do mercado de trabalho, acredito que haverá muitas oportunidades para aqueles que sabem trabalhar bem com outras pessoas para enfrentar os grandes desafios que estão por vir.

Traduzido com a versão gratuita do tradutor - DeepL.com

Fonte: The Conversation por indicação de Livresco

sábado, 23 de agosto de 2025

Como devemos ensinar matemática? Investigadores da educação geral e especial não concordam

Há cerca de uma década, os líderes do Departamento de Educação do Kentucky decidiram desenvolver diretrizes sobre como deveria ser o ensino de matemática de qualidade no estado, reunindo educadores das equipas de educação geral e educação especial da agência.

Mas esses dois grupos entraram em conflito sobre uma questão fundamental: incentivar o «esforço produtivo».

Os líderes de matemática queriam incluir a abordagem, na qual os professores apresentam aos alunos questões desafiadoras e abertas que os levam a lidar com ideias matemáticas e perseverar para resolver problemas. Mas os educadores especiais estavam hesitantes, disse Amanda Waldroup, diretora assistente da divisão de implementação da Lei de Educação para Indivíduos com Deficiência e pré-escola no gabinete de educação especial e aprendizagem precoce do departamento de educação de Kentucky.

«Eles estavam preocupados que isso criasse frustração nos alunos», disse Waldroup.

Essa discussão em Kentucky pode parecer uma pequena discordância, mas é representativa de uma grande diferença entre como os educadores gerais e os educadores de educação especial entendem o que é um bom ensino de matemática. E é uma tensão que repercute em toda a política de ensino de matemática, já que estados como a Califórnia e grandes grupos de ensino de matemática adotaram o ensino de matemática baseado na investigação.

Um novo artigo que examina essa tensão argumenta que os professores precisam de estratégias comprovadas para atender aos alunos com deficiência e aqueles que têm dificuldades em matemática — e a divisão entre educação geral e educação especial torna menos provável que eles tenham acesso a elas. Além disso, dizem os autores, a raiz do problema está nas diferenças na forma como esses grupos de professores são formados.

«Para nós, ficou muito claro que isso começa nas faculdades e universidades, mas tem implicações generalizadas», disse Nathan Jones, professor associado de educação especial na Universidade de Boston e um dos autores do artigo. (Ele está atualmente de licença como comissário do Centro Nacional de Pesquisa em Educação Especial do Instituto de Ciências da Educação.)

Os investigadores discordam sobre o papel dos professores na aprendizagem dos alunos

Pode parecer razoável que haja uma diferença entre o ensino geral e o ensino especial em termos do que os professores aprendem sobre as melhores práticas. Afinal, os alunos com dificuldades em matemática têm necessidades específicas, muitas vezes necessitando de mais ajuda para desenvolver o sentido numérico e o valor posicional. Mas a maioria dos professores do ensino geral tem alguns alunos com dificuldades nas suas salas de aula e quase todos eles ensinam crianças com dificuldades em matemática.

O estudo, realizado por investigadores da Universidade da Virgínia, da Universidade de Boston e da Universidade de Delaware, cataloga as semelhanças e diferenças entre a forma como os investigadores da educação geral e da educação especial concebem os objetivos da educação matemática e os papéis que os professores devem desempenhar. Jones e as suas colegas Julie Cohen e Lynsey Gibbons basearam-se numa série de entrevistas estruturadas com 22 académicos proeminentes, 11 da educação especial e 11 da educação matemática geral.

Eles perguntaram aos investigadores como achavam que o ensino e a aprendizagem da matemática deveriam ser, abordando grandes temas — como quais conhecimentos e habilidades devem ser o foco, qual é o papel do professor na sala de aula ou o que significa «sucesso» em matemática —, bem como tópicos específicos que se tornaram pontos críticos no campo da matemática, como o papel da luta produtiva ou da prática orientada.

Ambos os grupos concordaram que os alunos precisavam desenvolver uma compreensão conceptual profunda dos tópicos matemáticos e que os professores precisavam diferenciar o ensino para atender a todos os alunos. Mas eles divergiram nas suas perspetivas sobre como os educadores poderiam melhor alcançar esses objetivos e, em certo nível, sobre o próprio propósito da disciplina.

Os educadores especiais tendiam a concentrar-se no que os autores chamaram de objetivos «baseados na escola». O sucesso em matemática poderia ser medido por resultados baseados em dados, como o domínio dos padrões ou a preparação para cursos mais avançados no ensino médio e na faculdade. Os pesquisadores de educação matemática geral, por outro lado, concentraram-se em objetivos mais amplos, como encontrar «alegria» na matemática ou usá-la para se envolver na vida cívica.

«Os educadores especiais enquadraram os seus objetivos com base no mundo tal como ele é, pressionando por mudanças, mas sem necessariamente desafiar a estrutura do status quo das escolas de ensino fundamental e médio», escreveram os pesquisadores. «Os educadores gerais, por outro lado, propuseram com mais frequência mudanças radicais nesse status quo, enfatizando ideias sobre como o mundo deveria ser e propondo objetivos para reimaginar por que aprendemos matemática.»

Os grupos também divergiram quanto ao papel que esperavam que os professores assumissem na aprendizagem dos alunos.

Os investigadores da educação geral em matemática deram prioridade à investigação, argumentando que as salas de aula deveriam dar mais peso ao discurso dos alunos do que à instrução dirigida pelo professor, e que os alunos deveriam tentar resolver os problemas primeiro, antes que os professores mostrassem como resolvê-los.

Os investigadores da educação especial afirmaram que o processo deveria ocorrer na ordem oposta: os professores deveriam usar o ensino explícito para decompor primeiro os processos complicados, orientá-los através de exemplos e, em seguida, dar aos alunos a oportunidade de tentar resolver problemas desafiadores.

Essa tensão entre o ensino explícito e uma abordagem mais baseada na investigação é uma das questões centrais das contínuas «guerras matemáticas», um debate que dura há décadas sobre a melhor maneira de ensinar a matéria, que tem crescido e diminuído ao longo dos anos.

Como as diferenças nos métodos de ensino da matemática se manifestam nas salas de aula?

Existem várias maneiras pelas quais essas diferenças se manifestam na sala de aula.

«Os materiais didáticos de alta qualidade que estão a ser implementados em todo o país, muitos desses programas realmente privilegiam abordagens de investigação e uma pedagogia rica em discurso», disse Julie Cohen, professora associada de educação na Universidade da Virgínia, que estuda a qualidade e a avaliação dos professores, e principal autora do estudo.

Esses programas ainda podem ser eficazes para alunos com dificuldades em matemática, mas as técnicas de ensino pesquisadas na educação especial podem ajudar a «apoiar e orientar as crianças», disse ela. Algumas dessas técnicas apresentam um ensino mais explícito e passo a passo para orientar o raciocínio matemático dos alunos — uma técnica que comprovadamente ajuda os alunos que precisam de mais apoio na matéria.

Mas, disse Cohen, «ficou muito claro na pesquisa que fizemos para este artigo que os pesquisadores de educação matemática mais proeminentes deste país estavam a resistir a essa ideia».

Os investigadores da educação geral, em sua maioria, «não demonstraram familiaridade com as deficiências relacionadas à matemática», escreveram os autores do estudo.

Por sua vez, os investigadores da educação especial também não eram fluentes em algumas das questões estudadas pelos investigadores da educação geral em matemática — como o efeito do preconceito no desempenho matemático e na autoperceção dos alunos.

«Os educadores especiais usavam muita linguagem negativa», disse Cohen, por exemplo, ao falar sobre o uso de estratégias «imaturas» pelos alunos. Eles normalmente não discutiam como fatores sociais, como raça e poder, podiam influenciar a dinâmica da sala de aula e moldar a forma como as crianças se viam como pessoas boas em matemática.

«A forma como falamos sobre as crianças e as suas ideias, as suas estratégias e a forma como abordam a matemática, acho que essas coisas realmente importam», disse Cohen.

Uma batalha maior sobre o ensino da matemática «baseado em evidências»

De volta ao Kentucky, os líderes da educação geral e especial acabaram por chegar a um consenso sobre a «luta produtiva», disse Waldroup, do departamento estadual de educação.

Eles mantiveram a recomendação, mas qualificaram-na, observando que os professores devem estimular os alunos com perguntas estratégicas para garantir que eles continuem avançando. «Muito disso girava em torno de como fazer isso, para que não criasse frustração nos alunos», disse Waldroup.

Como as escolas definem, e devem definir, as melhores práticas é um tema especialmente relevante agora. Vários estados aprovaram leis que exigem que as escolas identifiquem alunos com dificuldades em matemática e intervenham precocemente. Alguns, incluindo o Alabama e o Indiana, especificam que essas ferramentas e abordagens devem ser «baseadas em evidências».

Mas, com duas literaturas de investigação concorrentes, o campo ainda está a debater a definição de «baseado em evidências».

Em 2024, o Conselho Nacional de Professores de Matemática e o Conselho para Crianças Excecionais — organizações profissionais para professores de matemática e professores de educação especial, respetivamente — emitiram uma declaração conjunta na tentativa de chegar a um consenso.

O documento afirmava que os alunos com deficiência «têm direito a um ensino de alta qualidade» e devem «receber o apoio adequado». Incluía uma lista de recomendações de alto nível, incluindo que os professores «posicionem os alunos com deficiência como proprietários valiosos e contribuintes para a matemática que está a ser aprendida» e «construam conexões significativas entre conceitos e procedimentos».

Em resposta, mais de 30 investigadores da área da educação especial assinaram uma carta argumentando que muitas das recomendações eram «apenas crenças e filosofias sem investigação significativa e rigorosa para as apoiar».

A declaração conjunta da NCTM e da CEC não enfatizou a instrução sistemática e explícita, uma decisão que os autores da carta chamaram de «negligência educacional», dada a sua forte base de investigação no apoio a alunos com deficiência.

O episódio ressalta os desafios inerentes a esse tipo de colaboração, disse Jones. “É muito mais fácil chegar a um consenso sobre tornar o ensino acessível e [dizer] que todos pertencem”, disse ele. “É muito mais difícil colocar no papel e dizer: concordamos com essas práticas.”

Um grupo de investigadores em educação especial lançou uma bandeira, lançando a «ciência da matemática» em 2021 — um movimento inspirado na «ciência da leitura», argumentando que um foco semelhante no ensino sistemático e explícito e na prática orientada é necessário em ambas as disciplinas para que os alunos desenvolvam conhecimentos básicos. Rejeita os métodos baseados na investigação promovidos por organizações profissionais como a NCTM.

Mas uma estrutura de “ciência da leitura” pode não se aplicar tão facilmente à matemática, em parte porque não há um corpo de pesquisa tão grande, disse Jones.

“Acho que queremos evitar o cenário com outras disciplinas, em que temos vencedores e perdedores de uma forma que nem sempre é útil. Acho que temos essa oportunidade com a matemática”, disse ele.

Se há algo a ser imitado no movimento da ciência da leitura, porém, disse ele, “é o planeamento com o aluno marginalizado em mente. É o ensino com esses alunos no centro”.

Sarah Schwartz

Traduzido com a versão gratuita do tradutor - DeepL.com

Fonte: Education Week por indicação de Livresco

Governo continuará com Plano Nacional de Leitura e Rede de Bibliotecas

O Ministério da Educação garantiu hoje a continuidade dos projetos do Plano Nacional de Leitura e da Rede Nacional de Bibliotecas Escolares após a sua integração num novo organismo.

"As atuais atribuições da Estrutura de Missão do Plano Nacional de Leitura (PNL) e do Gabinete Coordenador da Rede de Bibliotecas Escolares (RBE) serão integradas no novo Instituto de Educação, Qualidade e Avaliação, prosseguindo os respetivos projetos PNL e RBE de promoção da leitura", informou hoje o Ministério da Educação, Ciência e Inovação (MECI), em resposta a dúvidas levantadas pela Associação Portuguesa de Bibliotecários, Arquivistas, Profissionais da Informação e Documentação (Bad). (...)

Fonte: Notícias ao Minuto por indicação de Livresco

sexta-feira, 22 de agosto de 2025

A Flórida vai eliminar gradualmente os certificados de conclusão para estudantes com deficiência

O Conselho de Educação da Flórida votou a favor da extinção dos certificados de conclusão para os alunos com deficiência que frequentam as escolas do ensino básico e secundário do estado. Esses certificados eram concedidos a alunos que não conseguiam concluir os cursos necessários para obter um diploma.

De acordo com a nova lei da Flórida, HB 1105, e a votação do conselho, os alunos com deficiência não poderão mais obter um certificado de conclusão no final de sua carreira escolar, a partir deste ano. Os alunos com deficiências graves que não consigam obter um diploma normal do ensino secundário deixarão a escola sem qualquer reconhecimento formal no final do curso.

Amy Van Bergen dirige a Associação de Síndrome de Down da Florida Central e é também mãe de um filho com deficiência. Ela disse que o seu filho Will não teria conseguido os dois empregos que tem num escritório de advogados sem o seu certificado e está preocupada com outros estudantes como ele.

As pessoas com deficiência já têm uma taxa de desemprego mais elevada e uma taxa mais baixa de colocação no mercado de trabalho depois da escola. Agora, sem um certificado de conclusão, a obtenção de emprego pode ser ainda mais difícil.

“Sem esse certificado, poderão perder a elegibilidade para todo o tipo de oportunidades depois do liceu, quer se trate de fazer um teste de admissão à universidade ou de frequentar programas de desenvolvimento ou vocacionais”, afirmou Van Bergen.

Van Bergen diz recear que os alunos com deficiência que não consigam obter um diploma normal, e que agora não poderão obter um certificado de conclusão, não possam participar nas cerimónias de graduação como as outras crianças. Em última análise, diz ela, isto poderia retirar alguns dos incentivos que estes alunos têm para concluir a escolaridade.

"Toda a dissolução dos certificados de conclusão prejudica de forma absolutamente desproporcionada os estudantes com deficiência. Por isso, em vez de ajudar a colmatar essa disparidade educativa, só a vai aumentar. Porque é que estes alunos devem frequentar a escola?", perguntou Van Bergen.

O Departamento de Educação da Flórida afirma que o foco agora será em caminhos alternativos para completar um diploma do ensino médio e que essa mudança é necessária para “garantir que os alunos recebam apoio e reconhecimento adequados por suas realizações”.

A alteração é um caso isolado numa sessão legislativa que, de resto, defendeu os direitos dos estudantes e das pessoas com deficiência. O Presidente do Senado, Ben Albritton, fez do aumento do apoio e dos serviços disponíveis para as pessoas com deficiência o objetivo principal da última sessão.

Através de leis aprovadas na última sessão, o Governador Ron DeSantis e a legislatura de maioria republicana não só aumentaram a deteção e intervenção precoce para alunos com autismo, como também criaram uma microcredencial para professores que trabalham com alunos do espetro.

A legislatura também criou uma nova credencial que os estudantes com deficiência podem obter depois de concluírem o seu estágio profissional. Estas credenciais ou distintivos podem depois ser utilizados para procurar emprego após a licenciatura.

Traduzido com a versão gratuita do tradutor - DeepL.com

quinta-feira, 21 de agosto de 2025

Inclusão e bem-estar: chaves para o sucesso escolar


Por ocasião da Semana Europeia da Saúde Mental 2025 (19-25 de maio), a Comissão Europeia organizou um webinário para lançar a ferramenta de autoavaliação sobre inclusão e bem-estar e ilustrar o trabalho realizado a nível europeu para apoiar este tema crucial.

Saúde mental e desempenho educativo

No primeiro contributo, Pia Ahrenkilde-Hansen, diretora-geral da Educação, Juventude, Desporto e Cultura da Comissão Europeia, recordou que os desafios em matéria de saúde mental estão a aumentar entre os adolescentes, especialmente as raparigas.

«1 em cada 7 jovens em todo o mundo sofre de problemas de saúde mental,
como depressão, ansiedade e perturbações comportamentais.»

A investigação demonstrou que a saúde mental afeta o desempenho educativo — por exemplo, os dados PISA da OCDE mostram que um sentimento de pertença melhora o desempenho académico em matemática, ao passo que o bullying o reduz.

Para fazer face a estes desafios, os sistemas educativos estão a colocar maior ênfase no desenvolvimento conjunto de competências cognitivas, sociais e emocionais.

A promoção do bem-estar na escola ocupa um lugar de destaque na agenda política da UE: o recém-lançado Plano de Ação para as Competências Básicas e a anterior iniciativa «Percursos para o Sucesso Escolar» são instrumentos importantes a este respeito. O programa Erasmus+ da Comissão Europeia continua a apoiar projetos centrados na saúde mental e no bem-estar nas escolas.

Orientações para uma abordagem de todo o sistema e de toda a escola

Anna van Duijvenvoorde, psicóloga do desenvolvimento na Universidade de Leiden, apresentou as orientações sobre bem-estar e saúde mental na escola elaboradas por um grupo de peritos da UE.

As orientações ilustram um modelo escolar completo baseado em nove pilares que são necessários para fomentar o bem-estar e a saúde mental numa abordagem escolar integrada e que estão altamente interligados e sobrelotados.

Imagem: Abordagem escolar integrada do bem-estar e da saúde mental pela Comissão Europeia



O modelo funciona a três níveis:
  • Apoio universal a todos os alunos e pessoal
  • Apoio específico a alunos em risco
  • Apoio individualizado às pessoas com necessidades significativas, com a participação dos profissionais de saúde
Os mesmos níveis são seguidos nas recomendações das orientações:

O perito também destacou o bem-estar dos professores como um elemento crucial com impacto no bem-estar dos alunos. O bem-estar dos professores está a diminuir devido a diferentes fatores, como a falta de recursos, apoio e formação adequados. Tal pode enfraquecer a atratividade da profissão docente, conduzindo à escassez de professores. O desenvolvimento profissional e a mudança sistémica – apoiados pela colaboração, pela cocriação e pela reflexão – são fundamentais para o impacto a longo prazo.

Quão inclusiva é a sua escola?

Cosmin Nada, consultor sénior e perito em educação sobre educação inclusiva, apresentou a ferramenta de autoavaliação sobre inclusão e bem-estar. Organizada na Plataforma de Educação Escolar Europeia, a ferramenta foi concebida para ajudar as escolas a avaliar e melhorar as políticas e práticas escolares.

A autoavaliação consiste num questionário em linha que abrange seis indicadores, com respostas de escolha múltipla:
  1. Organização escolar e prática pedagógica (sistemas de alerta precoce, monitorização de dados)
  2. Promoção da inclusão e do bem-estar (clima escolar positivo, educação social/emocional)
  3. Liderança docente e escolar (desenvolvimento profissional contínuo, bem-estar dos professores)
  4. Foco multidisciplinar (colaboração intersetorial, serviços de saúde mental)
  5. Grupos e indivíduos vulneráveis (apoio a aprendentes oriundos de meios desfavorecidos)
  6. Participação dos pais e apoio familiar (programas de educação dos pais).
Depois de responder às perguntas, a ferramenta gera um relatório personalizado que destaca pontos fortes e áreas de desenvolvimento, juntamente com os recursos recomendados.

A ferramenta baseia-se numa abordagem abrangente e integral que abrange todos os setores, destacando a ação colaborativa entre professores, dirigentes escolares, famílias e prestadores de serviços comunitários. Promove boas práticas de toda a Europa que podem ser adaptadas aos contextos locais.



terça-feira, 19 de agosto de 2025

5 coisas que nunca se deve dizer a uma criança introvertida

As situações desconfortáveis são assustadoras para todos, mas são especialmente assustadoras para as crianças, que não têm muito controlo sobre as situações em que são colocadas.

Os pais ou encarregados de educação que querem que o seu filho aja de uma determinada forma em situações sociais, muitas vezes tornam estas situações ainda piores. Isto é particularmente difícil para as crianças introvertidas, que são conhecidas por precisarem mais de tempo sozinhas do que as extrovertidas.

Nem todos os introvertidos são calados e nem todos os extrovertidos são gregários, dizem os terapeutas, o que pode dificultar a identificação do seu filho. Mas há alguns sinais a que pode estar atento.

“A distinção clássica entre extroversão e introversão é que um introvertido se sentiria mais preenchido se passasse tempo sozinho a recarregar energias do que com pessoas”, afirma Kate Roberts, terapeuta da Self Space Therapy em Washington.

As crianças introvertidas podem ficar muito cansadas e esgotadas depois de eventos sociais, podem optar por passar tempo sozinhas ou com um amigo íntimo em vez de um grupo, provavelmente não gostam de ser o centro das atenções e podem demorar mais tempo a aquecer-se com as pessoas, disse a terapeuta Rachel Wolff, proprietária da Flow Wellness em Filadélfia.

Embora a sociedade não celebre normalmente a introversão, é importante que os pais e as pessoas que cuidam das crianças façam o seu melhor para a celebrar e não para a tentar mudar.

Os terapeutas disseram ao HuffPost que há frases prejudiciais que não se devem dizer a crianças introvertidas por muitas razões. Eis o que deve saber:

1. 'Falar mais alto' e ‘ser mais amigável’.

Qualquer introvertido, seja ele jovem ou velho, provavelmente já ouviu a frase “fale mais alto” ou “seja mais amigável”, mas esses são dois comentários prejudiciais, disse Wolff.

“Isto pode fazer com que a criança pense que o que está a fazer é errado e pode sugerir que o seu filho deve ignorar o seu próprio nível de conforto para deixar outra pessoa mais confortável”, quer seja o pai ou a mãe ou em determinadas situações sociais, disse Wolff.

2. 'Estás a ficar calado, isso é tão rude'.

“Por favor, não diga ao seu filho que ele está a ser mal-educado por estar calado”, disse Wolff. “Mais uma vez, isto sugere que o seu filho está a fazer mal aos outros ao ouvir o seu próprio corpo.”

Também retrata a sua timidez ou introversão como algo que é mau ou vergonhoso, disse Roberts da Self Space Therapy.

“Numa sociedade que privilegia a extroversão e a considera como um ideal, a timidez pode parecer uma fraqueza ou desinteresse ou algum tipo de defeito que na realidade não é”, acrescentou.

3. Frases que usam ‘tímido’ como rótulo.

“Eu manter-me-ia afastado de quaisquer afirmações que pudessem criar rótulos de timidez ou causar vergonha”, disse Wolff.

“Porque é que estás a ser tão tímido?” é um exemplo disso, tal como “deixa de ser tão tímido”.

“Ambas estão a apontar a timidez ou o silêncio da criança como uma coisa má”. disse Wolff. “E ser quieto não é um defeito, é um traço de personalidade”.

“Gostaria que [a timidez] pudesse ser vista mais como uma forma diferente e realmente valiosa de experimentar o mundo”, acrescentou Roberts. “Penso que, muitas vezes, as crianças tímidas ou introvertidas têm superpoderes de observação, ou estão a absorver muita informação sobre as pessoas e os lugares à sua volta.”

4. Comentários que insinuam que a sua introversão os vai atrasar.

Como já foi referido, a sociedade adora os extrovertidos. São os miúdos populares da escola, as personagens principais dos filmes e a vida da festa, mas isso não significa que seja melhor ser extrovertido na sociedade. Os introvertidos vivem vidas igualmente amorosas e gratificantes - mesmo que a cultura popular não o faça parecer assim.

Por isso, Wolff diz que os cuidadores não devem dizer nada que insinue que a introversão os limita.

Portanto, frases como “não vais a lado nenhum se fores assim tão calado” não devem ser ditas ao teu filho introvertido, disse Wolff.

5. Quaisquer afirmações que questionem o facto de a criança ser como é.

Sempre que se questiona o comportamento natural de uma criança, perguntando: "Porque é que és tão tímido? “Por que não vais falar com eles?” ou “Por que não vais jogar naquela equipa?” é problemático, diz KaiLi McGrath, assistente social licenciada da Thriveworks em Royal Oak, Michigan.

Perguntas como essa geralmente criam um senso imediato de julgamento, disse McGrath.

“E depois criam, especialmente nas crianças, vergonha e culpa pela forma como se estão a sentir”, acrescentou.

“É realmente olhar para como meu filho está se sentindo neste momento, e o que posso fazer para apoiar esse sentimento, em vez de colocar essa vergonha imediata sobre o que eles estão experimentando”, disse McGrath.

As crianças são apenas pequenos seres humanos, explicou McGrath, e isso é muitas vezes esquecido.

"Os adultos podem ficar calados quando estão cansados... e nós não questionamos isso. Podemos explicar, mas eles não têm as mesmas palavras para dizer: ‘Hoje estou muito cansado’ ou ‘Hoje não me apetece ir correr para o campo de futebol’", disse McGrath.

Quando um adulto está cansado, pode tomar a decisão de não ir ao ginásio - o mesmo não acontece com uma criança.

O mesmo não se passa com uma criança. Por isso, a nossa perspetiva humana é: “Por vezes, sinto-me assim, porque é que eles não se sentiriam?”" disse McGrath, referindo que as crianças olham para os adultos para desenvolverem o seu sentido de identidade.

Por isso, se eu estiver constantemente a dizer: “Porque é que és tão tímido?” “Porque é que não interages?”... Estou a dizer-lhes imediatamente que é errado não seguirem essa norma social", acrescentou McGrath.

Em vez disso, experimente estas frases de afirmação.

Em vez de questionar a timidez do seu filho ou de o fazer sentir-se inferior apenas por ser ele próprio, trabalhe na utilização de uma linguagem afirmativa.

De acordo com McGrath, afirmações como “podes sentir-te assim” e “não tenhas pressa” são formas importantes de ensinar uma criança a ouvir-se a si própria, ao mesmo tempo que lhe dá permissão para estar calada num jantar de família ou para demorar mais algum tempo antes de se aproximar de um novo amigo no recreio.

“Estamos a mostrar-lhes que confiamos nelas, nos seus sentimentos e nas suas necessidades, e elas também conseguem confiar em si próprias”, afirma McGrath. E esta é uma competência valiosa para se ter em qualquer altura da vida, acrescentou.

Ao permitir que uma criança sinta o que precisa ou faça o que precisa, ela também aprende a validar suas emoções - algo com que muitas pessoas, mesmo adultos, lutam.
Em vez de questionar o seu carácter, pergunte ao seu filho como se sente para o compreender melhor.

Se estiver preocupado com o facto de a timidez ou a introversão do seu filho estar a atrapalhar a sua vida quotidiana, mostre curiosidade em vez de julgamento, disse Roberts.

Tente estabelecer uma ligação com a criança, talvez perguntando sobre a sua experiência, por exemplo, "Como é para ti quando estás perto de pessoas novas? Porque, muitas vezes, as crianças podem sentir-se muito sobre-estimuladas quando há muitas pessoas novas por perto e os pais podem não reconhecer isso", disse Roberts.

A sua relação com o seu filho só será melhor se o compreender mais profundamente e se estiver em sintonia sobre as coisas que são difíceis para ele, acrescentou Roberts.

Se o seu filho precisar de ajuda para compreender como se sente, fale com ele durante um período de tempo individual, disse Wolff.

“Mais especificamente, pode verificar se o seu filho se sente feliz, satisfeito e mais à vontade durante o tempo a sós, o que pode indicar que é mais introvertido, ou se se sente mais triste, solitário e deseja uma ligação social, o que pode ser um sinal de que é mais extrovertido”, observou Wolff.

Também se pode verificar se os filhos estão a participar em reuniões sociais para ver como está a correr a sua bateria social, acrescentou.

“De um modo geral, saber a diferença entre elas pode ser útil para garantir que os pais estão a reconhecer e a respeitar uma parte realmente importante das experiências internas dos seus filhos”, afirmou Wolff.

Se o seu filho quiser ficar sozinho de vez em quando ou brincar sozinho, tente não tirar conclusões precipitadas sobre as suas futuras situações sociais, disse Wolff.

“Se isto estiver a acontecer, é provável que o seu filho esteja a ouvir o seu corpo, o que deve ser encorajado e elogiado”, acrescentou.

Fonte: Huff Post por indicação de Livresco

sábado, 16 de agosto de 2025

Por que os adolescentes estão tão estressados, segundo um especialista

Com o regresso das aulas neste outono, muitos pais estão preocupados com a saúde mental dos seus filhos adolescentes. E por um bom motivo: os adolescentes de hoje — especialmente as raparigas — são muito mais propensos a dizer que se sentem persistentemente tristes ou desesperados e pensam em suicídio do que há uma década.

Quarenta por cento dos estudantes do ensino secundário relataram sentir tristeza ou desesperança persistentes em 2023, de acordo com a Pesquisa sobre Comportamentos de Risco entre Jovens, realizada pelos Centros de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos. Esse número é inferior aos 42% registados dois anos antes, durante a pandemia da Covid-19, mas é cerca de 10 pontos percentuais superior ao registado há uma década.

O jornalista Matt Richtel aborda a crise de saúde mental dos adolescentes e o que pode ser feito a respeito no seu novo livro, “How We Grow Up: Understanding Adolescence” (Como crescemos: compreendendo a adolescência). Richtel, repórter científico do The New York Times em Boulder, Colorado, passou quatro anos a pesquisar adolescentes para o livro.

Na nossa conversa, Richtel ofereceu uma visão importante sobre por que os adolescentes estão tão estressados e o que podemos fazer a respeito.

CNN: O que explica a atual crise de saúde mental entre os adolescentes?

Matt Richtel: A melhor forma de compreender a saúde mental dos adolescentes é entender o que eles estão a passar, e há novas descobertas científicas que ajudam a explicar isso. Eles têm um cérebro altamente sensibilizado num período em que o mundo está a mudar muito rapidamente e recebem uma grande quantidade de informações. Às vezes, o que eles experimentam é uma espécie de sobrecarga de informações que se assemelha a ruminação intensa, ansiedade e outros distúrbios de saúde mental.

CNN: Grande parte dessa sobrecarga de informação vem das redes sociais?

Richtel: Mais ou menos. Existe um equívoco de que o telemóvel é a única ou a principal fonte do problemas. Na verdade, a ciência é mais complexa.

Na década de 1980, os adolescentes enfrentavam enormes desafios com o consumo excessivo de álcool, condução sob o efeito do álcool, experiências sexuais precoces, lesões e morte. Esses riscos diminuíram drasticamente. O que é importante nesse contexto é que isso nos diz que há uma questão maior acontecendo durante esse período crucial da vida e que simplesmente tirar os telemóveis não vai resolver o problema.

Há motivos para limitar o acesso aos telemóveis, porque o tempo de ecrã substitui o sono, os exercícios e as interações pessoais. Ao mesmo tempo, os desafios que os adolescentes enfrentam vêm de um fenómeno maior.

CNN: Qual é o fenómeno mais amplo que explica por que a adolescência é uma fase tão difícil?

Richtel: A adolescência é um processo com um objetivo muito importante: a integração do conhecido e do desconhecido num mundo em rápida mudança. O conhecido é o que os seus pais lhe dizem que é verdade, como que deve ler livros. O desconhecido é o que realmente funciona neste mundo em mudança. Por exemplo, talvez os livros já não sejam a resposta.

Essa integração entre o conhecido e o desconhecido cria um enorme sentimento de conflito interno para um adolescente. Os meus pais, que me amam e me alimentam, dizem-me uma coisa, mas estou a descobrir outra.

Isto está a acontecer num contexto de redução da idade da puberdade. Como a puberdade ocorre mais cedo, sensibiliza o cérebro adolescente mais cedo na vida para toda esta informação, numa altura em que o resto do seu cérebro não está particularmente equipado para lidar com ela. Isto cria uma espécie de incompatibilidade neurológica entre o que um adolescente pode absorver e o que pode processar.

CNN: Isso também ajuda a explicar por que os adolescentes muitas vezes não ouvem os pais?

Richtel: Sim. Eles não ouvem os pais porque estão a fazer uma transição de serem cuidados pelos pais para precisarem aprender a cuidar de si mesmos e dos seus filhos. Algumas das pesquisas sobre como os adolescentes deixam de ouvir os pais e começam a ouvir estranhos são quase engraçadas.

Às vezes, quando os seus filhos olham para si com aquela cara de tacho, não está a olhar para um idiota, mas para a biologia evolutiva.

Eu diria aos pais: por favor, não levem isso para o lado pessoal. Pode dizer ao seu filho: «Ei, por favor, pare com isso! Está a parecer um idiota. Não gosto disso.» Mas isso é muito diferente de levar para o lado pessoal.

CNN: Você chama esta geração de adolescentes de «Geração Ruminação». Porquê?

Richtel: Os adolescentes são programados para explorar o mundo à sua volta. Antigamente, essa exploração acontecia no exterior. «Vou atravessar este rio. Vou escalar esta montanha. Vou saltar deste telhado.» Especialmente desde a década de 1960, mas ainda mais agora, grande parte da exploração acontece no interior.

Quando acontecia no exterior, havia muitos ossos partidos. Nas últimas décadas, temos visto mais pessoas com questões de saúde mental.

Nos últimos 20 anos, surgiram questões que ninguém se preocupava em discutir anteriormente. Como o que é um rapaz e o que é uma rapariga? Por mais desconfortável que seja para as pessoas, faz parte do mecanismo de sobrevivência da espécie humana que os adolescentes explorem por si próprios e pelos outros.

CNN: O senhor diz que muitos adolescentes não sabem por que se sentem mal quando têm famílias amorosas e todas as suas necessidades físicas são atendidas. Por quê?

Richtel: Aqui está um exemplo de como é se sentir adolescente. Digamos que, como pai, o senhor brigue com a sua esposa no mesmo dia em que o seu chefe se demite. Então, você tem uma noite mal dormida e, no dia seguinte, está a conduzir e vê um motorista que lhe lança um olhar. Você sente raiva no trânsito. Não se trata apenas daquele motorista. E talvez aquele motorista estivesse, na verdade, a sorrir. Trata-se da combinação de fatores que o levaram a sentir-se tão intensamente. Nós, pais, sentimos isso ocasionalmente. Os adolescentes sentem isso o tempo todo.

Portanto, quando dizem que não entendem por que se sentem assim, acho que podemos compreender, ou pelo menos simpatizar como pais, que quando se está altamente sensibilizado ao ambiente, com um pouco menos de sono e muitas mudanças, é opressivo.

CNN: Algumas pessoas acham que a razão pela qual mais adolescentes têm problemas de saúde mental hoje em dia é porque os diagnosticamos e falamos sobre eles mais do que no passado. Ou será que mais adolescentes realmente têm problemas de saúde mental agora?

Richtel: Acho que ambas as coisas são verdadeiras. Há mais adolescentes com desafios de saúde mental, e estamos a analisá-los com muito cuidado.

CNN: O senhor diz que as redes sociais afetam crianças diferentes de maneiras muito diferentes. Por que isso acontece?

Richtel: Curiosamente, algumas crianças ficam de melhor humor depois de usar as redes sociais. Outras ficam de pior humor. Depende muito da predisposição genética e da frequência com que as usam.

Se as usam o tempo todo, estão a substituir coisas que sabemos ser realmente saudáveis (como dormir, fazer exercício e interagir pessoalmente). Isso é muito importante. Mas usá-las no momento certo pode afetar crianças diferentes de maneiras diferentes. Algumas crianças ficam mais felizes.

Se está a sentir-se solitário e quer conectar-se com alguém, isso é diferente de estar predisposto a comparar-se com outra pessoa e, sempre que vê alguém aparentemente saudável, rico e bonito online, dizer: «Sou péssimo em comparação». Ou quando vê alguém em forma online e diz: «Preciso de parar de comer». Mas nem toda a gente tem essa predisposição.

CNN: Com o regresso das crianças às aulas, que conselho daria aos pais quando os seus filhos adolescentes se sentem sobrecarregados?

Richtel: Precisamos de ensinar aos nossos filhos habilidades de enfrentamento.

Parte do que eles precisam é de libertar as emoções, não tentar ter uma conversa racional. Se o seu filho disser: «Todos na nona série me odeiam», isso não é muito racional. Provavelmente é resultado de uma série de fatores, como insónia, uma experiência ruim ou a tentativa de lidar com muitas informações.

As habilidades de enfrentamento de que estamos a falar aqui incluem coisas como colocar o rosto na neve, tomar um banho frio ou fazer exercícios, tudo isso permite que os neurotransmissores e neuroquímicos se acalmem.

Se tiver condições financeiras, a terapia cognitivo-comportamental e a terapia comportamental dialética são ferramentas que permitem às pessoas compreender que essas sensações que estão a sentir no corpo podem ser tratadas e superadas, para que no dia seguinte possam se perguntar: «Será que todos na nona série realmente me odeiam? Ah, sim, o Doug gosta de mim, eu tinha esquecido. A Sarah também. Vai ficar tudo bem».

Mas, no momento, se você tentar ter essa conversa com seu filho, estará adicionando mais informações a um cérebro que já está paralisado. Uma criança sobrecarregada é como um computador com uma tela azul. Quando adicionamos mais informações, é como apertar a tecla Enter repetidamente. Não vai adiantar nada.

Deixe-os expressar as suas emoções sem tentar argumentar. É difícil para eles serem racionais no meio de uma sobrecarga, então espere até que estejam prontos para ouvir você. Os pais são realmente as maiores influências na vida dos seus filhos.

Traduzido com a versão gratuita do tradutor - DeepL.com

Fonte: CNN por indicação de Livresco