Ana Benavente falava numa sessão temática sobre políticas educativas no encontro Ciência 2018, que decorre no Centro de Congressos de Lisboa.
Apresentando um retrato "negro" sobre o estado da educação, a antiga secretária de Estado dos governos socialistas de António Guterres defendeu que o ensino em Portugal enfrenta um "brutal retrocesso", fruto de "fogos-de-artifício e políticas fragmentadas".
Políticas que, sustentou, conduzem à "precarização do ensino", a uma "investigação dependente e empobrecida", a professores ocupados em tarefas burocráticas e a que a escola apareça como "ré dos males sociais".
A investigadora do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa apontou como "políticas menores" educativas o atual currículo escolar e o sistema de avaliação, baseado em "exames de `segunda`", os mega-agrupamentos de escolas e a descentralização de competências para os municípios, que, a seu ver, promove a desigualdade entre concelhos face aos recursos de que dispõem.
A ex-deputada do PS lamentou a "desvalorização do debate educativo", reduzido, na sua opinião, à carreira docente, aos exames e aos manuais escolares.
Colocando-se ao lado dos professores, Ana Benavente criticou a "desvalorização da imagem pública" de uma "profissão estruturante para a sociedade", advogando que os docentes, em greve às avaliações pela contabilização de todo o tempo de serviço congelado para efeitos de carreira, estão a viver um "momento extremamente difícil".
No início da sua intervenção, a socióloga lamentou que no Ciência 2018, um "encontro de ciência de três dias", que termina na quarta-feira, não haja tempo suficiente para "cruzar campos disciplinares" e "debater entre investigadores".
O encontro é um evento anual coorganizado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia que reúne investigadores, empresas e políticos em torno da discussão de temas e desafios científicos.
Fonte: RTP por indicação de Livresco
Sem comentários:
Enviar um comentário