Valorizar a profissão dos professores e modernizar o ambiente das escolas, que ainda tem origens no século XIX, são algumas das mudanças que o embaixador de Portugal na UNESCO considera essenciais para o sucesso educativo.
À margem da Cimeira Internacional da Carreira Docente (CICD), que começou nesta quinta-feira em Lisboa, Sampaio da Nóvoa saudou o trabalho que tem sido feito nos últimos anos em Portugal, mas defendeu que ainda há muito por fazer. "Há coisas muito boas em Portugal. Desde logo a formação de professores que se mantém sólida nas últimas décadas e as políticas de formação de professores são muito importantes", disse o embaixador da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO).
"O bem-estar dos professores, a confiança, a eficiência e eficácia" é um dos principais temas da cimeira que reúne em Lisboa decisores políticos, sindicatos e especialistas de 19 países.
Tanto Andreas Schleicher, diretor de Educação e Competências da OCDE, como Susan Hopgood, presidente da Internacional Educação (IE), defenderam a ideia de que o sucesso educativo só é possível com professores profissionalmente valorizados e realizados.
Andreas Schleicher lembrou algumas das conclusões de estudos da OCDE, tais como não existir uma relação direta entre a proporção de dinheiro gasto em educação e o sucesso dos estudantes, mas, pelo contrário, existir uma relação entre os professores que se sentem profissionalmente valorizados e os resultados académicos dos seus alunos.
Nesse sentido, Sampaio da Nóvoa lembrou que ainda há trabalho por fazer em Portugal, tal como melhorar "o acesso à profissão docente, dar apoio nos primeiros anos de exercício profissional, que é um tempo absolutamente decisivo para o bem-estar dos professores" assim como melhorar "as condições de trabalho nas escolas".
Para o ex-reitor da Universidade de Lisboa, "o grande debate da educação no século XXI vai ser a criação de novos ambientes educativos", até porque o ambiente que existe atualmente foi "construído no século XIX" e "não é adaptado às grandes mudanças do futuro".
"A criação de ambientes na escola e a valorização da profissão, que tem a ver com a reputação, o prestígio e a relação com as comunidades, é absolutamente central", disse, considerando que "os portugueses, de um modo geral, confiam na sua escola e nos seus professores, mas ainda há muito caminho pela frente e muito trabalho para fazer".
Temos de ir dando esses passos para a valorização dos professores, das suas carreiras, do ambiente de trabalho", defendeu.
No discurso de abertura da cimeira, o ministro da Educação, Tiago Brandão Rodrigues, sublinhou a importância do papel efectivo e a percepção pública da profissão docente.
Já o secretário-geral da EI, David Edwards, sublinhou a importância do setor público, defendendo que "o futuro da profissão docente só pode ser moldado no setor público".
"Espero que os ministros ignorem aqueles que argumentam que as forças do mercado melhoram as escolas e que de alguma forma a tecnologia pode substituir os professores. Nada poderia estar mais longe da verdade. Em vez disso, esta cimeira tem uma oportunidade única de criar políticas práticas, que melhorem a vida profissional dos professores e, por sua vez, a vida de seus alunos", afirmou David Edwards.
Fonte: Público
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