quinta-feira, 10 de junho de 2010

Uma nova luz que dá ânimo e esperança aos pais


A divulgação de estudos científicos "de confiança" que identificam novas causas para o autismo é vista com bons olhos pelos pais de crianças autistas, que são (quase) sempre pessoas "que adoram saber os porquês", admitiu Guiomar Oliveira, médica da consulta de autismo do Hospital Pediátrico de Coimbra e autora do único estudo em Portugal sobre prevalência do autismo em meio escolar, publicado em 2007.
"São estudos importantes porque ajudam a trazer mais luz sobre o assunto. E é bom que envolvam investigadores e doentes portugueses", disse Isabel Cottineli Telmo, presidente da Federação Portuguesa de Autismo, explicando que estes estudos também ajudam a "desmistificar algumas metodologias que às vezes aparecem prometendo milagres, e que não têm resultados".
Luísa André, mãe de dois adolescentes com autismo de 14 e 16 anos, já participou em "quatro ou cinco" estudos deste género e diz que, se for preciso, voltará a participar. "Todos temos o dever de contribuir para a evolução da ciência", diz, acreditando que, aos poucos, a investigação vai conseguir descobrir o que está na génese desta doença. Embora não acredite em cura.
"À vida dos meus filhos este estudo já não vai acrescentar nada. Mas tenho imensa esperança que a ciência evolua na identificação das causas do autismo e permita abrir novas pistas para o tratamento". O desenvolvimento de novas abordagens terapêuticas, designadamente medicamentos que ajudem a regular algumas disfunções metabólicas destes doentes, são algumas das possibilidades apontadas pelos autores deste estudo.
Maria José Sobral, presidente do núcleo de Setúbal da Associação Portuguesa para as Perturbações do Desenvolvimento e Autismo e mãe de um jovem autista de 19 anos, também reconhece a importância destes estudos. "Nós somos dos pais que procuramos mais informação, até porque durante muitos anos fomos apontados como 'culpados' pela doença dos nossos filhos", disse, salientando que identificar as causas será meio caminho andado para "encontrar formas de actuar o mais cedo possível". E, investindo precocemente em terapias, "permitir diminuir os custos sociais" associados ao autismo.

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