quarta-feira, 22 de julho de 2020

Alunos até ao 6.º ano, com deficiência ou em risco são os que mais precisam de estar na escola

Os alunos mais novos, com mais carências, portadores de deficiência ou em risco de maus-tratos são os que a covid-19 confirmou que mais precisam de uma escola presencial, indicou o secretário de Estado Adjunto e da Educação, nesta quarta-feira, durante a sessão de abertura do 5.º Encontro dos Professores do Ensino Português no Estrangeiro.

João Costa insistiu que para estes “grupos específicos de alunos a escola não pode deixar de ser presencial porque, por vezes, não há família por trás para apoiar”. Esta foi uma das várias lições do confinamento imposto pela luta contra a covid-19, frisou. E que estão agora espelhadas nas orientações para o regresso às aulas divulgadas no início de Julho. 

Nestas orientações define-se que os “alunos até ao final do 2.º ciclo [5.º e 6.º ano de escolaridade] e aqueles a quem não seja possível assegurar o acompanhamento pelos professores quando se encontrem em regime não presencial” terão prioridade na “frequência das aulas presenciais”. Também se precisa que, mesmo nos casos que seja necessário passar a uma regime misto (aulas na escola e à distância) ou não presencial, as actividades no âmbito destas modalidades de ensino serão “efectuadas na própria escola para os alunos: beneficiários da acção social escolar identificados pela escola; em risco ou perigo sinalizados pelas comissões de protecção de crianças e jovens; para os quais a escola considere ineficaz a aplicação dos regimes misto e não presencial.”

“O ensino presencial deve ser a regra para todos, mas ainda mais para estes alunos”, sublinhou também o ministro da Educação durante uma audição na comissão parlamentar da Educação esta terça-feira. Esta presença em ambiente escolar deverá ser garantida “sempre que as condições sanitárias o permitam, mas estes alunos serão os últimos a não estar na escola”, ressalvo Tiago Brandão Rodrigues. 

Nesta quarta-feira, João Costa destacou que além do papel da escola e da educação enquanto factor crucial para levar conhecimento às crianças, jovens e adultos, a pandemia fez sobressair a sua “função social”. E recordou que a escola é, “muitas vezes, um primeiro filtro para detectar situações de solidão, negligência, maus-tratos ou o espaço onde se come a única refeição do dia”.

Distanciamento físico

“Termos uma escola à distância é uma escola que compromete todas estas funções”, referiu. O secretário de Estado admitiu que o próximo ano lectivo será “provavelmente mais difícil do que este”. "É um ano normal num contexto de anormalidade, é um ano em que se aprende, mas também é um ano que se aprende recuperando, é um ano em que estamos a lidar com a escola sede de conhecimento, mas também escola sede de bem-estar”, considerou. E alertou ainda que “uma das facturas desta pandemia é a instabilidade emocional, a factura na saúde mental”.

Durante a audição na comissão parlamentar, Tiago Brandão Rodrigues desvalorizou a questão do distanciamento físico entre alunos e professores, lembrando que as escolas vão funcionar com circuitos separados e “bolhas” de alunos. 

De acordo com as orientações da Direcção-Geral da Saúde enviadas às escolas, deve ser garantido “sempre que possível” um afastamento de um metro. Alguns deputados lembraram o alerta deixado pelos directores escolares segundo os quais há estabelecimentos de ensino onde será impossível cumprir esse metro de distância. O ministro anunciou que serão distribuídas máscaras e outros equipamentos de protecção individual às escolas para o regresso às aulas em Setembro, cujo uso será obrigatório.

“O Ministério da Educação vai providenciar essas máscaras e outros equipamentos de protecção individual para que [as escolas] estejam mais bem preparadas”, assegurou Tiago Brandão Rodrigues.

Fonte: Público

Sem comentários: