quinta-feira, 14 de fevereiro de 2019

Museu Grão Vasco aposta em projetos inclusivos

O Museu Nacional Grão Vasco, em Viseu, arranca em março com dois novos projetos inclusivos, um destinado a pessoas com incapacidade intelectual e outro para quem tem incapacidade auditiva, mas domina a Língua Gestual Portuguesa.

“O principal objetivo destes projetos é promover a melhoria das condições de acesso aos espaços e às coleções”, disse esta terça-feira (12 de fevereiro) a diretora do museu, Odete Paiva, em conferência de imprensa.

Segundo Odete Paiva, “para a operacionalização destes projetos constroem-se e disponibilizam-se instrumentos e técnicas com as quais se espera que, progressivamente, a arte e os espaços culturais sejam acessíveis a todos”.

O Museu Nacional Grão Vasco desenvolve, desde maio, o projeto “Eu no museu em Viseu”, em parceria com o Museu Nacional Machado Castro, de Coimbra, que envolve sete pessoas com Alzheimer e respetivos cuidadores.

A parceria tem agora continuidade num novo projeto, intitulado “Imagens que guiam”, que entrará em fase experimental no museu de Viseu em março, envolvendo utentes da Associação Portuguesa de Pais e Amigos do Cidadão Deficiente Mental (APPACDM) de Viseu.

“A metodologia será exatamente a mesma (da usada no Museu Nacional Machado Castro) e estamos a preparar guiões para o nosso museu”, frisou Odete Paiva.

No âmbito deste projeto, serão criados guiões que exploram obras de arte, descodificando a informação através de símbolos pictográficos e permitindo que o visitante as reinterprete por si.

“Temos nove peças a serem tratadas. A ideia é que os tesouros nacionais sejam todos envolvidos neste projeto e, posteriormente, possamos fazer uma edição destes guiões, para que qualquer pessoa que venha ao museu possa usá-los”, acrescentou. Futuramente, este projeto poderá ser aberto a outras instituições e até ao público em geral.

Outra novidade do mês de março será o projeto “Mãos no Ar”, desenvolvido em parceria com a Surdisol. Segundo Odete Paiva, trata-se de uma visita geral ao museu, para conhecer “a história do edifício, as peças mais importantes e as coleções, mas para pessoas com incapacidade auditiva”, que dominem a Língua Gestual Portuguesa. “Sabemos que na região não há nenhum museu a disponibilizar este tipo de visita”, frisou.

A diretora do Museu Nacional Grão Vasco explicou que a programação hoje apresentada teve por base “a convicção de que não existe um público único e que os museus existem para a diversidade dos públicos”. Neste âmbito, foram pensadas visitas guiadas que diferenciam os conteúdos e os tipos de público.

“Quando nos ligam querem fazer uma visita. Nós entendemos que isso hoje já é muito pouco”, frisou, acrescentando que o museu propõe também “a exploração de cada coleção, de cada núcleo”.

“Cheira a cravo e a canela – viagem ao Oriente no século XVI”, sobre a diáspora, e “Com sentidos – a natureza na pintura”, relacionada com o naturalismo, são disso exemplo

Já na visita guiada “Minúcia poética”, destinada a crianças e jovens com mais de 10 anos, a poesia será relacionada com a pintura do século XIX e XX. “Por exemplo, é juntar um poema da Florbela Espanca com o ‘Retrato de Menina’, de Madrazo”, referiu. “Tintas e pincéis para Marias e Maneis” é outro projeto destinado à mesma faixa etária.

Para os mais pequenos, dos 3 aos 10 anos, o museu disponibiliza a oficina “Páscoa no Grão Vasco”, entre os dias 16 e 18 de abril.

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