sábado, 23 de fevereiro de 2019

Ler em voz alta aos filhos é um evento especial e familiar

Estudo realizado nos Estados Unidos da América revela que a leitura em voz alta para crianças com menos de três meses continua a aumentar. É uma prática que os pediatras recomendam, porque prepara o cérebro dos bebés para a linguagem e porque estimula competências literárias, mas que diminui com a idade.

A leitura em voz alta para crianças com menos de três meses está a aumentar desde 2014 nos Estados Unidos da América. O número de crianças dos seis aos oito anos de idade que ouvem histórias em voz alta entre cinco a sete dias por semana está a crescer desde 2016, de 38% nesse ano para 45% em 2018. Mais de 80% de pais e filhos, de diferentes idades, dizem gostar muito da leitura em voz alta pois acreditam que se trata de um momento único e especial. A escolha do livro para essa leitura está sobretudo do lado dos filhos: 66% no caso de crianças até aos dois anos, 90% para filhos entre os três e os 11 anos. Oitenta e sete por cento dos leem em voz alta para os filhos no horário antes de dormir. Estas são as principais conclusões do mais recente estudo da Scholastic “Kids & Family Reading Report – The Rise of Read-Aloud”, realizado nos Estados Unidos. 

Ler em voz alta é, no fundo, uma intensa experiência interativa. Pais e filhos escolhem os livros, a leitura é uma atividade feita em conjunto, fala-se sobre o livro, fazem-se perguntas, juntam-se outras brincadeiras. Partilha-se a vida num momento alegre de família e é uma oportunidade para estabelecer relações essenciais com as crianças, maneiras de pensar e falar em conjunto. “É uma prescrição para o sucesso durante toda a vida da criança e uma dose profunda de bem-estar para a família”, sublinha Pam Allyin, vice-presidente da Innovation & Development Scholastic Education, num resumo do estudo norte-americano. 

Em 2014, a Academia Americana de Pediatras encorajava os pais a lerem em voz alta para os filhos de forma a preparar os cérebros dos bebés para a linguagem e para as competências literárias. Nesse ano, 30% dos pais referiam que liam em voz alta para os seus filhos com menos de três meses e 73% afirmavam fazê-lo antes do primeiro aniversário. As percentagens subiram entretanto para 40% e para 77% em 2016, nos mesmos itens, e para 43% e mantendo-se nos 77% em 2018. Há mais pais a perceberem a importância dessa leitura em alta voz. 

O estudo indica que 86% dos pais de crianças, com idades até aos 14 anos, que leem em voz alta para os filhos, referem que adoram ou gostam bastante, 92% referiam que tinha sido um momento especial para estarem todos juntos. Na parte das crianças, dos seis aos 14 anos, 83% disseram que adoraram ou gostaram bastante de ouvir histórias em voz alta e 85% contaram que tinha sido um momento especial para estarem uns com os outros, em família. Mais de 80% de pais e filhos apreciam essa experiência e esse momento em conjunto. 

Antes de dormir, no banho, nas brincadeiras

Até aos 11 anos, são sobretudo os mais pequenos que escolhem os livros, são 86% da amostra, enquanto 68% fazem perguntas, 61% mudam as páginas durante essa leitura e 44% fazem efeitos sonoros, sons que acompanham as histórias. Até aos oito anos de idade dos mais pequenos, 94% das famílias contam que ler em voz alta faz parte das suas rotinas e não apenas na hora antes de dormir, mas também nos tempos de brincadeira, no momento do banho ou às refeições. A maioria, 87%, dos pais de crianças até aos oito anos fazem-no na hora de dormir ou da sesta, 70% quando os filhos pedem, 48% quando precisam de calma e tranquilidade, 40% nos tempos de aprendizagem, e 39% em tempos de espera, nomeadamente em consultórios médicos. 

Quantos mais novos, mais gostam dessas leituras em voz alta. Noventa e três por cento dos pais de crianças até aos dois anos admitem que é muito importante, 97% dos pais de crianças dos três aos cinco anos têm a mesma opinião, tal como 95% dos pais de crianças dos seis aos oito. As percentagens descem a partir daqui, mais precisamente para 60% dos nove aos 11 anos e para os 36% dos 12 aos 14 anos. São essencialmente as mães de crianças dos zero aos 11 anos de idade, mais do que os pais, percentagens de 93% e 79% respetivamente, que mais se ocupam da tarefa dessa leitura. 

Ler em voz alta é um evento de família, um momento de partilha. No estudo norte-americano, feito entre 6 de setembro de 2018 e 4 de outubro de 2018, a uma amostra de 2 758 pais e crianças, dos quais 678 são pais de crianças até aos cinco anos, 55% das famílias, a maioria, lê em voz alta cinco a sete dias por semana antes dos filhos entrarem no jardim-de-infância. A percentagem decai consideravelmente a partir daí com o principal argumento de que os filhos já são capazes de ler sozinhos quando entram na escola. Para muitas crianças, o facto de se tornarem leitores independentes corresponde à diminuição da frequência da leitura em voz alta em casa, sobretudo na faixa etária dos seis aos oito anos.

Fonte: Educare por indicação de Livresco

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