Em Portugal, ainda há muitos condicionalismos culturais e sociais para quem sofre de Perturbação de Défice de Atenção e Hiperactividade – PHDA -, e o seu diagnóstico não se baseia em nenhum critério padrão.
A Perturbação de Défice de Atenção e Hiperactividade levanta questões para as quais não existem respostas concretas nem objectivas. Uma delas tem a ver com as dificuldades relacionadas com o diagnóstico: A partir de quando é que aparece a PHDA? Em que idade? A partir de que momento? São questões que continuam sem respostas objectivas.
Segundo a Psicóloga Maria João Ferro, a complexidade deste problema começa quando nos deparamos com a não existência de marcador para o diagnóstico, ou seja, não existe um exame biológico ou teste psicológico que nos permita obter um resultado que nos diga se um indivíduo sofre ou não desta perturbação. Apenas existem dados da história de vida da criança ou do adulto, como comportamentos, sinais, sintomas e atitudes que levam os médicos e os técnicos de saúde mental a realizar esse diagnóstico.
A psicóloga considera que a PHDA pode manifestar-se em qualquer idade, motivada por circunstâncias distintas, como as da personalidade ou pelos factores ambientais. Contudo também pode depender da intensidade dos sintomas. Os mais marcantes, por exemplo, manifestam-se em tenra idade. Não há, portanto, uma idade certa para o diagnóstico da PHDA. "Na Harvard Medical School já houve mesmo casos de pessoas a manifestar esta perturbação aos 75/80 anos", acrescenta.
Em Portugal o inicio da escolaridade marca grande parte dos casos de PHDA. A entrada no 1º e 2º ciclos potencia a procura de ajuda profissional, acabando por ser nesta altura que são detectados. Como os miúdos se sentem mais pressionados pela mudança de vida - a ida para escola -, é nesta fase que os sintomas emergem. "Os sintomas são mais claros, as lacunas surgem de forma mais explícita, a imaturidade evidencia-se e a criança apresenta sérias dificuldades em gerir o tempo, as tarefas e a sua própria aprendizagem", conclui Maria João Ferro.
A primeira consulta consiste num pedido de Avaliação Psicológica para despiste das problemáticas que levam a criança, por exemplo, a não conseguir ler, escrever ou realizar contas de dividir. "Quando os sinais de agitabilidade motora são ténues, ou seja quando a PHDA é caracterizada essencialmente pelos sinais de desatenção, sinto que a procura de ajuda acontece mais tardiamente, do que quando temos uma criança muitíssimo agitada em termos físicos e que exibe algumas dificuldades de autocontrolo comportamental. Neste último caso tenho crianças, na minha consulta, com 2, 3 anos que já exibem problemas de relacionamento familiar e de contexto escolar, em especial pelos confrontos com os pares e pelo incumprimento de regras". esclarece.
Nos adultos a questão é diferente. Maria João Ferro considera que em Portugal esta perturbação está aquém do esperado e que apesar de ser um tema abordado em conferências, seminários e congressos, e de existirem práticas clínicas que a levam em linha de conta, ainda não é considerado na Consulta de Saúde Mental. Desta forma, os adultos acabam por ser intervencionados pelos efeitos colaterais, pelas co-morbilidades, e não pela Desatenção e/ou Hiperactividade. Ou seja, são tratados os efeitos secundários, mas não os de base (pelo menos de forma directa). A psicóloga utiliza a expressão subdiagnóstico para definir o caso português.
"As questões do diagnóstico são complicadas e estão ao dispor das ideias preconcebidas e tabus de pais, professores e técnicos. Sinto uma certa compulsividade para o diagnóstico em Portugal, uma grande ansiedade para catalogar, em dar um nome a comportamentos e atitudes. Acredito, por outro lado, que estamos perante diagnósticos realizados com muita ligeireza, muitas vezes levados a cabo com muita irresponsabilidade e desinformação". Conclusão, nem todos os profissionais de saúde mental estão devidamente equipados e formados para proceder ao diagnóstico do PHDA.
Segundo a Psicóloga Maria João Ferro, a complexidade deste problema começa quando nos deparamos com a não existência de marcador para o diagnóstico, ou seja, não existe um exame biológico ou teste psicológico que nos permita obter um resultado que nos diga se um indivíduo sofre ou não desta perturbação. Apenas existem dados da história de vida da criança ou do adulto, como comportamentos, sinais, sintomas e atitudes que levam os médicos e os técnicos de saúde mental a realizar esse diagnóstico.
A psicóloga considera que a PHDA pode manifestar-se em qualquer idade, motivada por circunstâncias distintas, como as da personalidade ou pelos factores ambientais. Contudo também pode depender da intensidade dos sintomas. Os mais marcantes, por exemplo, manifestam-se em tenra idade. Não há, portanto, uma idade certa para o diagnóstico da PHDA. "Na Harvard Medical School já houve mesmo casos de pessoas a manifestar esta perturbação aos 75/80 anos", acrescenta.
Em Portugal o inicio da escolaridade marca grande parte dos casos de PHDA. A entrada no 1º e 2º ciclos potencia a procura de ajuda profissional, acabando por ser nesta altura que são detectados. Como os miúdos se sentem mais pressionados pela mudança de vida - a ida para escola -, é nesta fase que os sintomas emergem. "Os sintomas são mais claros, as lacunas surgem de forma mais explícita, a imaturidade evidencia-se e a criança apresenta sérias dificuldades em gerir o tempo, as tarefas e a sua própria aprendizagem", conclui Maria João Ferro.
A primeira consulta consiste num pedido de Avaliação Psicológica para despiste das problemáticas que levam a criança, por exemplo, a não conseguir ler, escrever ou realizar contas de dividir. "Quando os sinais de agitabilidade motora são ténues, ou seja quando a PHDA é caracterizada essencialmente pelos sinais de desatenção, sinto que a procura de ajuda acontece mais tardiamente, do que quando temos uma criança muitíssimo agitada em termos físicos e que exibe algumas dificuldades de autocontrolo comportamental. Neste último caso tenho crianças, na minha consulta, com 2, 3 anos que já exibem problemas de relacionamento familiar e de contexto escolar, em especial pelos confrontos com os pares e pelo incumprimento de regras". esclarece.
Nos adultos a questão é diferente. Maria João Ferro considera que em Portugal esta perturbação está aquém do esperado e que apesar de ser um tema abordado em conferências, seminários e congressos, e de existirem práticas clínicas que a levam em linha de conta, ainda não é considerado na Consulta de Saúde Mental. Desta forma, os adultos acabam por ser intervencionados pelos efeitos colaterais, pelas co-morbilidades, e não pela Desatenção e/ou Hiperactividade. Ou seja, são tratados os efeitos secundários, mas não os de base (pelo menos de forma directa). A psicóloga utiliza a expressão subdiagnóstico para definir o caso português.
"As questões do diagnóstico são complicadas e estão ao dispor das ideias preconcebidas e tabus de pais, professores e técnicos. Sinto uma certa compulsividade para o diagnóstico em Portugal, uma grande ansiedade para catalogar, em dar um nome a comportamentos e atitudes. Acredito, por outro lado, que estamos perante diagnósticos realizados com muita ligeireza, muitas vezes levados a cabo com muita irresponsabilidade e desinformação". Conclusão, nem todos os profissionais de saúde mental estão devidamente equipados e formados para proceder ao diagnóstico do PHDA.
Por: Solange Sousa Mendes
In: I online
1 comentário:
Aproveito para felicitar o conteúdo informativo do seu blog e acrescentar uma sugestão de leitura acerca da PHDA e a Terapia da Fala.
Daniela Gonçalves
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