terça-feira, 14 de setembro de 2010

MAL-EDUCADOS OU HIPERACTIVOS?

 
Tem um aluno com sete ou mais anos que nunca está quieto e concentrado, responde quando não é a sua vez, não respeita as regras, interrompe constantemente os outros, procura gratificações imediatas e lida mal com a frustração. A acrescentar a tudo isto, concluiu, através de conversas com os pais, que este tipo de comportamento também é frequente noutros contextos. Se assim é, provavelmente a criança não apresenta os comportamentos anteriormente descritos para o desafiar, mas porque apesar de saber o que deveria fazer não é capaz de se controlar, ou seja, poderá apresentar uma Perturbação de Hiperactividade e Défice de Atenção (PHDA). Note-se que esta perturbação é relativamente frequente, uma vez que afecta 3% a 7% das crianças em idade escolar, podendo 50% destas sofrer da doença durante toda a vida. A desatenção, a impulsividade (desinibição comportamental) e a hiperactividade são consideradas os três sintomas centrais deste distúrbio.

Embora se continue a discutir qual a origem da PHDA, considerando os americanos que tem uma origem biológica e os ingleses que está relacionada com factores sociais e familiares, o que é sem dúvida fundamental é a intervenção, que deverá ser o mais precoce possível.
A maior parte das crianças a quem foi detectada hiperactividade têm vantagem em ser medicadas com psicoestimulantes, uma vez que estes ajudam a ter maiores períodos de atenção. Apesar de a medicação ser muito importante, pais e professores têm também um papel fundamental na redução ou eliminação da hiperactividade, mediante a aplicação correcta dos princípios de modificação do comportamento.
Todos os educadores devem sempre ter presente que a desinibição comportamental apresentada por estas crianças não é voluntária, mas sim o resultado de uma desregulação. Este facto obriga por si só a que os gritos, ameaças e punições físicas sejam substituídos por regras explícitas, uma vez que estas são mais eficazes e menos frustrantes. Todos os esforços feitos pela criança no sentido de se autocontrolar devem ser valorizados, ao passo que os comportamentos desajustados, sempre que possível, devem ser ignorados.
Na sala de aula a criança deverá ocupar a primeira fila e os professores deverão supervisionar de forma sistemática o seu trabalho. Estes deverão também autorizar a criança a levantar-se.

Como o hiperactivo tem muita dificuldade em manter a atenção, é muito importante que os professores lhe dêem tarefas curtas, bem definidas e bem sequencializadas. Em relação a estes alunos, os professores deverão também fazer uma gestão adequada de reforços positivos e penalizações. Isto é, devem elogiar a criança quando esta termina a tarefa e penalizá-la quando tal não acontece. Deve também ser organizada uma folha de registo para anotar os progressos do aluno. Programar actividades em que a criança possa expressar-se corporalmente ou relaxar, de, pelo menos, meia em meia hora é também uma estratégia a adoptar.
Para além de tudo o que já foi referido, resta acrescentar que uma dose extra de paciência e de autocontrolo será também fundamental para lidar eficazmente com estes “bichinhos carpinteiros”.
Adriana Campos
Aqui, via http://especialid.blogspot.com/

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