quarta-feira, 12 de maio de 2010

Pais mais afastados das escolas


Sala de pais nas escolas apontada como uma das soluções para combater ausência de acompanhamento.
Os pais estão cada vez mais afastados da vida escolar dos filhos. Os directores de escolas e associações de pais são unânimes em considerar que, se por um lado existe pouca motivação dos pais no acompanhamento dos resultados escolares, a verdade é que as leis laborais também não dão as condições para que isso possa acontecer.
"A experiência que tenho da minha escola é que se tem notado um afastamento dos pais em relação à vida escolar dos filhos", defende Pedro Araújo, da Associação Nacional de Dirigentes de Escolas. "Tenho um caso na minha escola em que o aluno vive com o avô de 80 anos, que para vir à escola tem de apanhar o autocarro e táxi e por isso só vem aqui depois de muita insistência", conta Pedro Araújo. Segundo o também director da Escola Secundária de Felgueiras, "há ainda pais que raramente vêm à escola, como o caso dos que vivem sozinhos e que não podem faltar ao trabalho".
Para combater essa situação, o professor Ramiro Marques, autor do profblog, defende a criação de uma sala de pais nas escolas como "uma forma de promover o envolvimento parental na educação dos filhos e de estimular uma boa relação da escola com as famílias". Assim, segundo o professor, o objectivo seria "criar um espaço na escola que seja gerido por pais e onde eles se possam reunir e guardar material da escola".
Uma ideia bem recebida pelas confederações de pais, que reconhecem que os pais gostariam de ir à escola mais vezes. "É preciso levar os pais às escolas, e a promoção do trabalho entre pais e professores para debater estratégias é cada vez mais necessária", explica Albino Almeida, da Confederação Nacional de Associações de Pais (Confap).
Mas a "culpa" da ausência nas escolas, defendem os responsáveis ouvidos, não é exclusivamente dos pais. "São as condições socioeconómicas do País", sublinha Eleonora Bettencourt, do Sindicato dos Professores do Ensino Pré-Escolar e Básico. O dedo é apontado às leis do trabalho, que não garantem "flexibilidade" na ausência dos encarregados de educação do trabalho, para estarem mais presentes nas escolas.
"A maior dificuldade para os pais é não poderem ir às escolas por causa da limitação de faltas do Código do Trabalho", concorda Joaquim Ribeiro, da Confederação Nacional Independente de Pais e Encarregados de Educação. "É preciso mudar o Código do Trabalho para os pais poderem ir mais à escola", concluiu.
Os parceiros concordam que há que treinar a motivação não só dos alunos, mas também dos pais. Uma tarefa difícil, mesmo com uma sala de pais nas escolas. "A sala de pais é uma iniciativa de louvar, mas não acredito em soluções universais e sim em cada escola ter a sua solução", sublinha Pedro Araújo. "É uma boa ideia", segundo Eleonora Bettencourt, "mas difícil de concretizar, até porque os pais teriam de faltar umas horas por mês ao trabalho".
Segundo o presidente do Conselho de Escolas, Álvaro dos Santos, "há uma outra prática de louvar que começa a emergir nas escolas, que é a participação dos pais em reuniões informais de apresentações de trabalhos dos filhos com os professores".
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