terça-feira, 22 de novembro de 2011

Robótica como terapia para autistas


Projecto Robótica-Autismo ajuda a comunicar.

Um grupo de investigação da Universidade do Minho, em parceria da Associação Portuguesa de Pais e Amigos do Cidadão Deficiente Mental (APPACDM), está a desenvolver um projeto para a utilização de robôs como meio de comunicação e interação com alunos autistas. As experiências confirmam que estes conseguem realizar novas tarefas, como sentarem-se num local diferente para brincar com o robô ou realizarem uma atividade com outro colega, tal como a tinham feito com o autómato.

projeto Robótica-Autismo tem como objetivo à aplicação de ferramentas robóticas para melhorar a vida social de alunos com autismo, melhorando as suas habilidades de interação e comunicação com pessoas e em contextos diferentes. “Temos trabalhado competências de interação e de vocalização”, onde “o jovem teria de ser incentivado a pedir algo que quisesse – dizendo “dá”, por exemplo – e o robô iria trazer-lhe a bola”, explicou Filomena Soares, investigadora responsável.
As atividades visaram incentivar os jovens a interagir, pedir e participar em jogos e iniciativas em conjunto com outras pessoas. A ideia surgiu a partir de contactos já existentes com a instituição, onde se verificou haver terreno favorável para o desenvolvimento do estudo, inspirado em duas teses de mestrado em Electrónica Industrial.

A iniciativa procura igualmente “generalizar o conceito, levando-os para novos ambientes, fora da sala aula e junto de pessoas que nunca tinham visto e são experiências demoradas, nem sempre positivas, mas que acabam por ter um final positivo”, continuou.

A docente acrescenta ainda que “tendo por base a interação, a comunicação e a vocalização, são definidas atividades muito simples, com competências bem definidas, registando-se a realização de novas tarefas pelos alunos com este tipo de problema, como por exemplo o facto de se sentarem num local diferente na sala de aula para brincar com o robô ou realizarem com outro colega uma atividade previamente realizada com o mesmo robô”, explicou. 
O facto de este projeto trabalhar contextos diferenciados acaba por influenciar um envolvimento das famílias, que, desta forma, participam no desenvolvimento e beneficiam de uma transferência de competências e de rotinas muito importantes para o contexto familiar. Segundo a investigadora, “revelou-se determinante o papel da APPACDM, que acabou por facilitar a interação que proporcionou contactos durante o projeto, assim como uma ação de divulgação e partilha onde todos participaram”.

Através do Ministério da Educação, foram já realizados contactos com outras unidades de ensino estruturado, havendo já reuniões com mais quatro centros que se juntam à APPACDM de Braga no desenvolvimento deste projeto. Desta forma, este grupo de investigação passará a trabalhar com utentes de Arouca, A-Ver-O-Mar, Barcelos e Leça da Palmeira, para além de Braga. Estão igualmente a ser estudadas novas formas de interagir com os alunos com autismo em idade escolar, utilizando plataformas robóticas mais robustas e com maiores capacidades.

“Esperemos que a robótica seja um meio promotor, um interface útil para comunicar com esses jovens”, concluiu Filomena Soares.

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