sexta-feira, 8 de março de 2013

Birra infantil é doença mental?

De acordo com um estudo recente publicado na BBC News health, a nova edição do manual psiquiátrico americano (DSM-V), vai aumentar o número de pessoas na população geral diagnosticada com uma doença mental (ou transtorno, como é de preferência). Uma birra infantil, por exemplo, poderá passar a ser considerada sintoma do chamado “Transtorno de humor desregulado e perturbador”. Imagine se todas as crianças que fizerem birra forem levadas pelos pais aos psiquiatras? Serão medicadas desde a infância com reguladores serotoninérgicos, por exemplo, para se evitar uma possível piora do quadro? Sim, porque uma criança faz birra geralmente desde os dois anos de idade…(...)

E o luto passa a ser considerado sintoma do chamado “Transtorno Depressivo Maior”.

Pois então, assim que a edição do DSM-V for publicada (prevista para 05/2013), quem sofrer a perda de um ente querido não ficará somente de luto. Mas poderá ser portador de transtorno depressivo maior.

Pensemos agora na quantidade de medicamentos que poderão ser utilizados sem necessidade? Para não generalizar, talvez realmente aquela pessoa que não suportar a sua tristeza, no caso do luto, necessite de um antidepressivo “momentaneamente” para alívio do peso que fica no coração. Mas são casos específicos. Geralmente, quem se julga na necessidade de um tratamento, procura-o junto de um médico especialista.

Não é justo acharem que o luto e a birra devam ser tratados como sintomas de transtornos mentais sem antes realizarem estudos que confirmem a necessidade de tratamento medicamentoso e a inclusão no DSM destes tipos de reações humanas em certas ocasiões. Vícios como o de internet e o de sexo, concordo que devam ser analisados como transtornos, visto que tornam a vida do paciente desconfortável e desequilibrada. Mas o luto faz parte da seleção natural da vida e a birra parte do desenvolvimento infantil… Agora seremos obrigados a ver problemas educacionais e de dores emocionais como sintomas de transtornos mentais?

O DSM-V ainda não foi publicado. Portanto, este artigo vem tratar da hipótese de algo do tipo descrito acima acontecer, ainda não temos factos consumados.

Mas, caso continuemos assim, vai chegar um dia em que ouvir um “não” em determinada situação vai ser motivo para tratamento psiquiátrico decorrente da incapacidade da pessoa de reagir com a própria vitalidade aos problemas.

Por Fernanda Marinho


(Texto adpatado)

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