terça-feira, 7 de agosto de 2012

3.610 alunos sinalizados aos gabinetes de apoio ao aluno

Mais de 3.600 alunos de trinta agrupamentos foram sinalizados aos gabinetes de apoio ao aluno e à família no ano lectivo 2011/2012 por apresentarem diversos problemas escolares e de comportamento, revela um relatório do Instituto de Apoio à Criança.

Segundo o relatório de actividades 2011/2012 da Rede de Gabinetes de Apoio ao Aluno e à Família (GAAF), a que a Lusa teve hoje acesso, foram sinalizados 3.610 alunos, que representam oito por cento do total dos 40.062 alunos que integram os 30 agrupamentos de escolas analisados.

A maioria dos alunos (31%) pertence ao primeiro ciclo, seguindo-se o terceiro ciclo (28%) e o segundo ciclo (27%).

Esta situação poderá estar relacionada com a «forte aposta na prevenção primária» e com uma maior exposição das crianças a factores de risco nesta fase de transição de ciclo, encontrando-se «mais desprotegidas e sujeitas a consideráveis níveis de stress escolar», refere o documento.

Os autores do relatório referem que esta situação desencadeia uma «diminuição significativa do seu desempenho e do seu auto-conceito escolar», uma condição que pode ser agravada pelo facto de muitas famílias «não estarem suficientemente atentas para as reais dificuldades dos seus filhos».

A maioria (55%) dos alunos encaminhados são rapazes, o que poderá estar relacionado com «algum determinismo biológico e alguma modelação social e cultural», que os leva a exteriorizar mais facilmente a sua agressividade do que as raparigas.

Os dados indicam que foram identificadas 5.742 situações - uma média de 1,6 por aluno sinalizado -, das quais 3.304 relacionadas com problemáticas escolares e 2.438 com problemas de comportamento.

Mais de metade das situações (58%) relaciona-se com problemas escolares: desmotivação (14%), fraco aproveitamento escolar (14%), absentismo escolar (11%), dificuldades de aprendizagem (11%), retenções recorrentes (5%) e abandono escolar (3%).

Os problemas de comportamento abrangem 42% dos casos, dos quais 11% na sala de aula, 8% no pátio, 8% participações disciplinares, 6% agressividade, 5% violência verbal e 4% violência física.

«O abandono escolar apresenta-se como a problemática com menor incidência, o que poderá ser explicado pela constante intervenção junto das famílias e posterior articulação com os parceiros, nomeadamente com as comissões de protecção de crianças e jovens em perigo», explica o documento.

O relatório analisou a «problemática individual», a nível de «comportamentos desviantes», «exposições a situações de risco», «problemas de saúde» e ainda 21 casos de gravidez na adolescência e 32 problemas de legalização.

As situações de risco são as mais prevalentes (1.993 num total de 3.448 problemáticas assinaladas), sendo as mais relevantes a negligência escolar e a negligência afectivas (ambas com 12%).

Os «comportamentos desviantes» representaram 734 situações, num total de 3.448, destacando-se o consumo de tabaco (5%), seguido do consumo de álcool (3%) e do bullying agressor (3%).

Os problemas de saúde representam 20% das situações (728), com as perturbações do foro psicológico a terem maior peso (10%).

Mais de metade destas situações (51%) teve «acompanhamento sistemático» e 49% «acompanhamento pontual».

O relatório analisou também a situação das famílias, tendo verificado que «uma percentagem significativa», sobretudo a mãe, está em situação de carência socioeconómica e desemprego.

«A ausência da figura paterna é manifestamente evidente e transversal a quase todas as famílias».

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