sexta-feira, 8 de agosto de 2008

Um olho artificial que vê como nós


Investigadores dos Estados Unidos inspiraram-se nos olhos criados pela biologia para os seres vivos mais complexos na Terra - o ser humano - e desenvolveram o primeiro sistema artificial de captação de imagem que vê como nós, sem distorções, o que é um avanço sem precedentes.

O novo "olho biónico" utiliza uma superfície curva, o que elimina a distorção causada pelos sistemas de "visão" que usam superfícies planas na captação da luz, como acontece com as actuais máquinas fotográficas e de vídeo. Os cientistas das universidades de Illinois e Northwestern produziram, assim, o primeiro "olho" artificial que vê como nós.

O protótipo, descrito na revista Nature, é o passo que faltava para mudar a concepção das actuais máquinas fotográficas e de vídeo. Utilizando superfícies planas para a captação da luz, estas máquinas distorcem em consequência disso as margens da imagem, sendo necessário incorporar-lhes um complexo jogo de lentes para reverter essa distorção. A estratégia é inteligente, mas essa é também uma das razões porque as máquinas são mais caras e, em muitos casos, pesadas.

O olho biónico agora criado permitirá dar um salto tecnológico gigantesco neste campo. Mas a melhoria das máquinas fotográficas será apenas uma pequena parte das possibilidades que este novo desenvolvimento oferece.

A produção de retinas e olhos artificiais para aplicação médica pode ser outra possibilidade. E, uma vez aperfeiçoado e miniaturizado o novo dispositivo optoelectrónico, é possível conceber também a sua utilização em equipamentos de diagnóstico médico, capazes, por exemplo, de navegar na corrente sanguínea, ou ainda em aplicações industrias ainda não imaginadas neste momento.

O protótipo desenhado pela equipa liderada por John Rogers, da universidade de Illininois, tem aproximadamente o tamanho e a forma de um olho humano e inclui uma "retina" artificial, curva na forma, e sensível à luz. A chave deste novo dispositivo residiu justamente na possibilidade de adaptar o material foto-sensível à superfície curva, algo que não era possível até agora.

A equipa conseguiu desenvolver fotodetectores suficientemente maleáveis para se adaptarem à superfície curva que imita o globo ocular. Para já, a definição da imagem conta apenas com 256 píxeis, o que é pouco. O passo seguinte é acrescentar definição à imagem produzida por este mecanismo.

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