segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

Uma cadeira de rodas made in Portugal que se move com um piscar de olhos

Basta um piscar de olhos para fazer movimentar esta cadeira de rodas. Ou inclinar a cabeça. O dispositivo é inovador e adapta-se à capacidade de comunicação de cada utilizador. O projeto é português, fruto de uma parceria que envolve várias instituições científicas e de ensino superior, coordenada pelo Inesc-Tec (Instituto de Engenharia de Sistemas e Computadores). O protótipo foi apresentado durante o primeiro dia aberto dedicado à saúde no laboratório do Porto, esperando assim cativar empresas interessadas em fazê-lo chegar ao mercado.

Esta cadeira de rodas destina-se a pessoas com paralisia cerebral, ou que tenham sofrido as consequências de um acidente vascular cerebral (AVC), por exemplo. Na prática, adapta-se a utilizadores com diferentes tipos de problemas de saúde. “Cada pessoa poderá ter a sua forma de comunicar com a cadeira”, explica o investigador do Inesc Luís Paulo Reis, que coordenou a investigação que esteve na base deste protótipo.

Os movimentos do dispositivo podem ser regulados por um “joystick”, como nas cada vez mais comuns cadeiras de rodas elétricas, mas também através de um interface multimodal, que se adapta a cada um. É por isso que o sistema é capaz de responder a comandos de voz, movimentos de cabeça ou expressões faciais simples, como um piscar de olhos, que depois se combinam numa linguagem adequada ao seu utilizador.

O dispositivo está pronto e foi apresentado no final de janeiro, fruto de seis anos de trabalho no Inesc e de uma parceria alargada, que envolveu também as universidades de Aveiro e do Minho e a Escola Superior de Tecnologia de Saúde do Instituto Politécnico do Porto, bem como a Associação do Porto de Paralisia Cerebral, que foi o parceiro de testes da cadeira de rodas. (...)

A cadeira de rodas inteligente, como é apresentada, é já um protótipo final, completamente testado, que permite construir o dispositivo à escala industrial. O que falta agora são os investidores. “Não existe mercado em Portugal”, avalia Luís Paulo Reis, pelo que não tem havido empresas interessadas em produzir esta inovação. A solução da equipa do Inesc passa por apontar para fora do país, criando um projecto europeu ou luso-brasileiro que permita fazer chegar o produto ao mercado.
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