domingo, 2 de dezembro de 2012

Só 10% das pessoas com deficiência arranjam colocação nos centros de emprego

Quase 3.700 pessoas com deficiência estavam abrangidas por medidas de apoio à empregabilidade no final de Outubro, segundo dados oficiais, que indicam que apenas 10 por cento (%) dos que vão aos centros de emprego conseguem colocação.
Os dados do Ministério da Solidariedade e Segurança Social mostram que no final do mês de outubro havia 3.614 pessoas com deficiência a usufruírem dos diversos programas de apoio à empregabilidade, estando 1.044 em programas de emprego e as outras 2.570 em programas de formação profissional.
Comparativamente com o mês de setembro, estes números representam um aumento de 11,7%, estando na altura contabilizadas 3.235 pessoas, com 919 em programas de emprego e 2.032 a ter formação profissional.
Os números de outubro representam também um aumento de cerca de 1% face a dezembro de 2011, ano que terminou com 3.576 pessoas com deficiência inscritas nestas medidas.
Para o presidente da Associação Portuguesa de Deficientes (APD), estes são números “manifestamente insuficientes”, contrapondo que, com base nos dados do Instituto de Emprego e Formação Profissional (IEFP), há, em média, 600 a 700 pedidos de emprego por mês e, destes, apenas 10% obtém colocação.
“Há 90% daqueles que vão aos centros de emprego que não conseguem encontrar solução e, portanto, em relação àquele valor [do Ministério da Solidariedade e Segurança Social] estamos a falar de um valor baixíssimo, quase que residual, não obstante a boa intenção que possa estar por detrás das medidas que ali estão”, considerou Humberto Santos.
De acordo com o presidente da APD, “o país apenas consegue colocar em mercado de emprego 60 a 70 pessoas [com deficiência] por mês”, algo que considera “manifestamente insuficiente” porque a maior parte dos programas do Governo são programas de formação que não significam empregabilidade efetiva.
Os dados do IEFP mostram que em Agosto havia seis pessoas com deficiência colocadas em primeiro emprego, 49 desempregados colocados em novo emprego, cinco pessoas empregadas e uma empregada a tempo parcial.
Por outro lado, havia registo de 11.503 pedidos de emprego feitos até ao fim daquele mês e outros 707 feitos só em agosto, o que significa que as 61 pessoas colocadas representam 8,6% dos pedidos de Agosto.
Humberto Santos admite que o período de crise tanto afeta pessoas com deficiência como as pessoas sem deficiência, mas lembra que “é muito mais difícil para as pessoas com deficiência retornar ao mercado de trabalho”.
Sublinha, por outro lado, que há muitas pessoas que já não acreditam no processo e deixaram de recorrer aos centros de emprego, o que significa que “são muito mais aqueles que se encontram em situação de desemprego neste momento” e que não é possível contabilizar.
Humberto Santos apontou também que há estudos que mostram que o desemprego entre as pessoas com deficiência é duas a três vezes superior à registada entre as pessoas sem qualquer deficiência e que as pessoas com deficiência desempregadas estão numa situação de “fragilidade económica”, subsistindo muitas vezes com recurso a pensões “muito baixas” ou dependendo de familiares.
No dia em que foi ouvido na Comissão da Segurança Social e Trabalho, conjunta com a Comissão do Orçamento e Finanças, em outubro, o secretário de Estado da Solidariedade e Segurança Social anunciou que tinha sido celebrado um acordo com a rede social solidária com vista a dar prioridade à empregabilidade das pessoas com deficiência.

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