domingo, 13 de julho de 2008

Primeira agência de viagens para pessoas com mobilidade reduzida


Férias a fazer ski nos Pirinéus, um safari na África do Sul ou um cruzeiro no Nilo serão agora mais acessíveis a turistas com mobilidade reduzida, com a abertura da primeira agência de viagens portuguesa para pessoas com aquele tipo de deficiência.

A agência abre portas esta quinta-feira em Lisboa, apesar de já funcionar há três anos na Internet, principalmente com turistas estrangeiros que querem conhecer Portugal.

«Desde que formámos a empresa, em 2005, temos trazido turistas estrangeiros a Portugal, e também a Espanha. A partir de agora, com a abertura da loja, vamos começar também a vender pacotes de viagens pelo mundo aos clientes portugueses», explicou à agência Lusa Luís Varela, um dos sócios da Accessible Portugal.A empresa nasceu de uma lacuna sentida por uma das suas sócias, Joana Prates.

«A Joana tem um tio que, devido a uma paralisia cerebral, foi perdendo a mobilidade. Ela lembrava-se de passar férias com a família completa quando era mais pequena, mas esses momentos foram sendo cada vez mais raros, até deixarem de existir. O simples acto de jantar num restaurante começou a ser um problema», contou Luís Varela.

No início, os sócios da Accessible Portugal optaram por trazer estrangeiros para Portugal «porque como o conceito já existia noutros países, há uma predisposição das pessoas [desses países] com mobilidade reduzida para viajar».

O site que criaram na Internet, os anúncios que colocaram em revistas especializadas e as parcerias com associações e operadores especializados em vários países trouxeram os primeiros clientes.Uma família de seis paquistaneses - em que o avô se desloca numa cadeira de rodas - passou um dia em Fátima e Óbidos. A viagem foi feita numa das carrinhas de turismo da empresa, que permite a colocação da cadeira de rodas em qualquer local, «em vez de ir na parte de trás, longe da família, como acontece na maioria dos casos».

A primeira «grande viagem» foi organizada para uma família norte-americana com dois filhos que se deslocam em cadeiras de rodas, que passou nove dias a percorrer o Norte de Portugal.

«Uma agência convencional pensa apenas no transporte e nos quartos de hotel. Nós temos de ter em conta uma série de outros detalhes. Fazemos previamente todo um trabalho de campo, de forma a assegurar que há casas de banho adaptadas nos hotéis, restaurantes e ao longo do passeio, para termos a certeza que os locais que vamos visitar são completamente acessíveis, etc. Para além de tudo isto, alugamos material de apoio ortopédico, de forma a garantir ao cliente todas as condições no local de destino, evitando que tragam todo o material no avião».

A Accessible Portugal, explicou Luís Varela, fornece ainda apoio personalizado, «caso alguém queira vir viajar ou precise de acompanhamento diário».Além das viagens ao estrangeiro - como tours culturais na China, Safaris na África do Sul, Ski adaptado nos Pirenéus e cruzeiros no Nilo - a agência oferece ainda passeios «cá dentro».

«Organizamos jantares em casas de fado, passeios em balão de ar quente, actividades aventura, passeios de um dia e alguns pacotes de uma semana um pouco por todo o país», contou Luís Varela.

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